Cristina Iglesias na Marian Goodman Paris

A exposição Monotypes on Copper and Paper de Cristina Iglesias, apresenta monotipias da artista que revelam as complexidades de sua prática por meio do estudo de suas obras escultóricas. A apresentação inclui uma seleção de trabalhos em cobre e papel das séries Cave Study (2022) e Hondalea Study (2021), resultantes de seu projeto Hondalea de 2021. Hondalea é uma intervenção escultural única, localizada dentro de um farol abandonado, em uma pequena ilha espanhola na baía de Donostia, San Sebastián. As obras mostram visões reais e imaginadas de Hondalea, que evocam a natureza misteriosa e cavernosa do mundo marítimo. Hondalea é uma obra permanente criada exclusivamente para a ilha de Santa Clara, cidade natal da artista. Para Iglesias, a experiência da obra é inseparável da jornada: “Desde minha infância, a ilha sempre fez parte do meu mundo imaginário, significando a distância da cidade”. A escultura, fechada dentro das paredes do prédio do farol, é imperceptível do exterior.

A obra, concebida como uma “tempestade fictícia” buscando “confronto com a natureza”, oferece uma experiência sensorial à medida que a água sobe das profundezas e corre para as cavidades da escultura. O movimento alternado da água, por sua vez violento e calmo, age como um participante ativo e sedicioso, como se a obra em si estivesse sendo atingida pelas ondas. Aqui, Iglesias conjura uma simbiose entre formas naturais e imaginação pura, entre escultura e arquitetura, entre espaço interior e ambiente exterior, que é característica de sua linguagem escultural. A água é um elemento constitutivo da obra de Iglesias, integrado em muitas de suas esculturas. Através de seu fluxo, circulação, infiltrações ou tumultos – no caso de Hondalea – a água traz uma dramaturgia única e uma medida de tempo para seu trabalho. As monotipias apresentadas na galeria são explorações oníricas de cavernas e profundezas do mar, onde a água é representada em ácido ou tinta.