Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974) é um dos nomes mais importantes da arte contemporânea nacional, trabalhando sobretudo com instalação, fotografia e vídeo, mas também com pintura, colagem e desenho. Cinthia Marcelle: por via das dúvidas é a primeira exposição panorâmica dedicada à artista no Brasil e inclui 49 trabalhos que abrangem as duas décadas de sua produção, assim como uma vitrine com desenhos, colagens e registros que acompanham seu processo. A mostra reúne dez novas obras, parte delas concebida em diálogo com a arquitetura do museu, assim como trabalhos produzidos em parceria com Tiago Mata Machado e com Jean Meeran. A maneira como os objetos, as ideias e os conceitos são ordenados no mundo, bem como as estruturas de poder e as hierarquias que sustentam esses sistemas de organização – sejam eles políticos, sociais ou culturais –, são temas centrais na produção da artista. Seja por meio de instalações de grande escala ou ações orquestradas que envolvem diversos colaboradores (como telhadistas, performers, trabalhadores da limpeza ou malabaristas), Marcelle cria situações e intervenções que questionam as hierarquias de poder e nos convidam a reimaginar outras formas de organização coletiva. Eventos como confrontos, revoltas e levantes aparecem no trabalho da artista por sua capacidade de desestabilizar e reorganizar as estruturas nas quais se inserem. Materiais provenientes de ambientes escolares ou da construção civil também aparecem em seus trabalhos, aludindo à força de transformação social que existe nesses contextos. O subtítulo da exposição, Por via das dúvidas, parte de um trabalho de Marcelle que consiste em desenhar, com fita-crepe sobre uma folha de papel, um muro de tijolos. A fita e o papel são da mesma cor, o que torna essa barreira opaca, mas não invisível. Com o tempo, a fita envelhece e ganha tons amarelados, destacando sobre o papel branco a imagem de um muro em ruínas. Esse trabalho reúne procedimentos e ideias que se desdobram e se repetem em diversas obras da artista, como o uso de materiais cotidianos, a cor e o tempo como agentes capazes de tornar visíveis ou invisíveis as barreiras que nos separam, organizam ou limitam. Por fim, “por via das dúvidas” também é uma expressão que designa uma precaução diante de determinada situação. Com este trabalho, Marcelle evoca a ruptura e a quebra, simbolizadas pelo muro em ruínas, como ações possíveis diante das estruturas que limitam, cercam e retiram os horizontes de diversos corpos, sujeitos e subjetividades. A mostra é curada por Isabella Rjeille, curadora do MASP.
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