Vista da instalação. Divulgação Lisson Gallery
A Lisson Gallery apresenta sua primeira exposição com Carolee Schneemann (1939–2019), uma das artistas mais ousadas e influentes do século XX e início do XXI, cujo espólio é representado pela galeria desde outubro de 2024. Esta mostra inaugural marca também a primeira individual da artista em Los Angeles. Conhecida por sua prática radical e multidisciplinar, que se estendeu por seis décadas, Schneemann desafiou convenções sociais e artísticas ao utilizar o próprio corpo e uma ampla variedade de mídias para abordar questões de sexualidade, gênero, política e guerra.
A exposição concentra-se em uma fase específica da carreira de Schneemann, cerca de vinte anos após seu início, e tem como eixo central uma instalação multimídia única originada de um sonho que a artista teve durante uma visita a Los Angeles no verão de 1985. No sonho, Schneemann viu formas arredondadas, semelhantes a rochas, flutuando ao longe e que lhe lembravam as Ninfeias de Monet. A obra resultante, Video Rocks (1987), apresentada pela primeira vez em sua totalidade na Lisson, é composta por 180 discos — cada um com tamanho e formato semelhantes a uma placa de esterco de vaca — dispostos no chão formando uma elevação rasa. Na extremidade dessa formação, cinco monitores de vídeo alinhados exibem cenas filmadas em sequência que aludem à paisagem escultórica anterior, com imagens de pessoas e animais atravessando os “blocos”. Desenvolvida a partir das investigações autorreferenciais sobre corpo e narrativa pessoal que Schneemann já realizava em filmes como Fuses (1965), Plumb Line (1968–71) e Kitch’s Last Meal (1973–76), Video Rocks marca um ponto de inflexão em sua prática. A obra, imersiva e multifacetada, foi exibida pela última vez nos EUA há quase trinta anos, na mostra Carolee Schneemann: Up to and Including Her Limits, no New Museum, em Nova York.
A instalação é acompanhada por uma série de desenhos que Schneemann criou paralelamente para registrar as imagens e possíveis configurações de Video Rocks — esboços expressivos feitos com tinta, giz de cera e marcador, que revelam os processos da artista. Entre essas obras está uma pintura de 9,6 metros de largura, com formas florais em tons de rosa e amarelo, instalada horizontalmente em uma das paredes laterais — uma referência direta às Ninfeias que apareceram em seu sonho. Todo o conjunto exposto é emoldurado por cinco hastes acrílicas de luz suspensas do teto, que iluminam as “rochas” abaixo e acrescentam uma camada de lirismo a esse espaço de “sonho/visão”, como a própria artista o descreveu.
A mostra também inclui obras da Lebanon Series (1981–1999), como Souvenir of…Tyre…Sidon…Damour (for Bruce McP.) (1982), uma pintura tátil e colada que mistura imagens pessoais e políticas para abordar a violência da Guerra Civil Libanesa e suas consequências. Já The Dust Paintings (1983–86), também parte dessa série, são composições abstratas que incorporam placas de circuito, imagens serigrafadas, pregos, partículas de vidro, cinzas e outros materiais. Essas obras refletem o longo envolvimento de Schneemann com temas políticos e atrocidades históricas, como em seu filme de protesto Viet-Flakes (1965), estabelecendo conexões com seus primeiros experimentos com pintura e colagem nas décadas de 1950 e 1960. As superfícies de papel artesanal de The Dust Paintings são densamente trabalhadas com tinta, cordão, pigmentos vegetais e vidro.
Se Video Rocks representou uma tentativa inicial de Schneemann de fundir vídeo e escultura, The Dust Paintings mostram outro momento em que ela buscou integrar e subverter os meios artísticos tradicionais. Assim como seus primeiros trabalhos visavam romper com formas estáticas, essas obras mais recentes revelam sua persistente dedicação a uma prática artística dinâmica e em constante transformação.
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