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“Abstrações Utópicas” na Danielian Galeria São Paulo
29 junho - 10:00 - 19:00
A arte do pós-guerra buscou construir novas utopias a partir do fracasso dos projetos iniciais modernistas. As pesquisas abstratas se desenvolveram em diferentes lugares como resposta a essas necessidades. A migração de artistas e pensadores do velho mundo para às Américas pulverizou uma hegemonia europeia de séculos e transformou ambientes e trajetórias. Além disso, as inovações industriais mudaram definitivamente as relações de criação, produção e consumo.
No Brasil, a década de 1950 consolida princípios modernos e uma promessa de nação que teve como símbolo a construção de Brasília. A interação com vanguardas internacionais extinguiu o regionalismo e ampliou as possibilidades no campo da criação abstrata. As experiências mais formalistas se organizaram em grupos, movimentos, manifestos e propostas teorizadas. Outros artistas se aventuraram em expressões mais gestuais, líricas, ou composicionais, com um destaque para a contribuição nipônica que incorporou tanto o grafismo dos ideogramas como a consciência do vazio própria da tradição japonesa.
No ocaso das utopias modernas, o século XX se desenvolveu entre grandes conquistas sociais e democracias fragilizadas. As duas únicas telas pintadas por Oscar Niemeyer, presentes nesta exposição, retratam a capital federal em ruínas numa impactante imagem premonitória. Realizadas no trágico ano de 1964, elas ilustram o paradoxo entre o projeto e a realidade.
Esta mostra, realizada em 2023 no Rio de Janeiro e em itinerância agora em São Paulo, reúne produções de diferentes naturezas, matrizes e inquietações. Como provocação curatorial e objeto de estudo, são trajetórias fundamentais para a compreensão das bases que sustentam nossa produção artística contemporânea e que fazem parte das nossas tantas histórias da arte.
Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto