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“A realidade máxima das coisas” na Galeria Frente
16 março - 11:00 - 29 junho - 20:00
Dedicada à importante presença de artistas nipo-brasileiros e a mostrar suas diferentes criações frente às individuais percepções de cada um em contato com a nova cultura dos trópicos, a Galeria Frente apresenta a exposição A realidade máxima das coisas, de 16 de março a 1 de junho. Com cerca de 70 obras, a mostra tem curadoria de Jacob Klintowitz e celebra a arte de onze artistas que deixaram o país do Sol Nascente e dedicaram suas vidas e suas criações nas artes no Brasil.
As diferentes nuances, traços, formas e tons impregnados nas obras de Jorge Mori, Flávio Shiró, Kazuo Wakabayashi, Manabu Mabe, Megumi Yuasa, Takashi Fukushima, Tikashi Fukushima, Tomie Ohtake, Tomoshige Kusuno, Yutaka Toyota e Tsugouharu Foujita que compõem o elenco da exposição, retratam a forma como esses artistas dialogaram com o Novo Mundo. “De que maneira os artistas oriundos do Japão responderam ao desafio de um país solar como o Brasil?” questiona o curador ao pontuar que “a proposta foi a de uma arte de realidade máxima das coisas. Cada um na sua linguagem, nos seus símbolos, nas suas vivências, tornaram presente a presença da luz e da possível percepção. Vindos de uma tradição na qual a arte e a linguagem foram sensíveis, mas matizadas, eles produziram uma arte notável que pode ser definida como a realidade máxima das coisas onde realizaram uma arte que contribuiu muito para o amadurecimento da arte brasileira”, explica Jacob.
Um dos destaques, e em celebração ao seu centésimo aniversário – o artista faria 100 anos esse ano – Manabu Mabe (1924-1997) tem forte presença nessa mostra. Entre o total das 14 obras que serão exibidas na exposição, está um óleo sobre tela de 1994 que retrata uma aventura no espaço, uma intervenção no imaginário espacial, e uma referência à sensibilidade humana. “Por vezes, quase sentimos o artista respirar. O seu delicado pincel, percorre a tela como uma anotação do sentimento. Os elementos dialogam entre si, mas o diálogo maior se dá entre a respiração e o gesto, entre a criação e o sentimento”, detalha Klintowitz.
Assim como Mabe, Yutaka Toyota (1931) reflete sobre a energia e o espaço em seus trabalhos. Dele, o curador destaca a obra Espaço Negativo. “Nesta escultura, ele assinala vetores de energia, uma conversa com o invisível.” É um artista cuja sensível pesquisa do invisível, do espaço sideral e do que se sente dele, produziu uma obra de grande percepção manifestada numa geometria sagrada. É um mestre silencioso, um visionário, e um dos escultores mais importantes do país. Da peça de pequeno formato, às peças de grande formato, nas palavras do curador, Toyota produziu um universo de formas totêmicas cuja essência é a relação sutil com o universo e a percepção humana. É um mestre do silêncio.
Única artista mulher da mostra e uma das artistas mais emblemáticas, Tomie Ohtake (1913-2015) é tida como uma das grandes damas da arte brasileira, tem seis trabalhos selecionados para essa mostra, todos pinturas sobre tela. Destaque para uma tela de 1968 na qual nota-se a relação da forma e gestos em formas rigorosamente elaboradas empregadas pela artista que explora suas espacialidades de modo preciso. Sua pintura sempre dignifica a sua linguagem já que a pintura, nesse contexto, é o único discurso possível.
E, não há como não citar a presença de T. Foujita, um artista japonês que esteve ‘temporariamente’ entre nós na década de 1930 e que se relacionou com fortes presenças da nossa cultura como Manuel Bandeira, Candido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti. Foujita, que produziu ‘entre nós’, foi um viajante, um transgressor e, de tanta expressividade na Escola de Paris, é considerado um precursor ao representar para sua época, uma possibilidade de prazer e sonho. Um artista antológico, de grande domínio expressivo e senhor de uma técnica soberba, a obra Nú deitado é um precioso desenho e cuja figura feminina, é representativa do seu percurso. “A presença feminina percorreu todas as fases do artista. E ela é sempre significativa, pois sinaliza a sua capacidade de amar e a suavidade de sua concepção da realidade”, pontua Jacob.
Acacio Lisboa, à frente da galeria, enfatiza que é uma exposição que estimula a refletir sobre a cultura nipo-brasileira. “Essa mostra nos faz trazer à tona e homenagear legados estéticos de relevância, que tenham consistência histórica e um valor inestimável para a cultura artística Nacional e Internacional. Acreditamos que a difusão dessa exposição promove a atualização do debate, cria uma atmosfera de encontros e favorece novas discussões sobre a criação dos artistas, tão relevantes para nossa história”, finaliza.