Na última semana, o Brooklyn Museum inaugurou a “Giants: Art from the Dean Collection of Swizz Beatz and Alicia Keys” [Gigantes: Arte da Coleção Dean de Swizz Beatz e Alicia Keys], a primeira grande mostra da coleção da cantora e de seu marido, o produtor Swizz Beatz (Kasseem Dean). Organizada pela curadora de arte moderna e contemporânea do museu, Kimberli Gant, e pela assistente curatorial Indira A. Abiskaroon, a mostra reúne cerca de 100 obras de 37 artistas negros, e seguirá em cartaz até o dia 7 de julho no museu de Nova Iorque.
Anne Pasternak, diretora do museu, destaca que o casal está entre os defensores mais veementes no apoio à artistas visuais negros e, ao longo dessa trajetória, eles ainda “criaram uma das mais importantes coleções de arte contemporânea”. Dean fez parte do conselho do Brooklyn Museum desde pelo menos 2019 até o ano passado. O casal coleciona vários dos artistas que o museu exibiu e apoiou, incluindo KAWS, Swoon, Kehinde Wiley e FAILE.
Dean e Keys possuem uma relação íntima e de longa data com o circuito de artes visuais, tendo criado uma série de estratégias ousadas de valorização real de artistas. Para citar apenas alguns exemplos, o casal de patronos já criaram a “Dean’s Choice”, um projeto para colecionadores que vendem obras no mercado secundário (seja por uma casa de leilões ou galeria) direcionarem uma porcentagem dos lucros para o artista – vale lembrar que, atualmente, não há nenhuma garantia de que os artistas sejam remunerados pelas revendas (e consequentes valorizações) de seus trabalhos. Em 2015, lançaram a “No Commission”, uma feira de arte onde os artistas expositores, sem intermediação de galerias, receberam integralmente os lucros de suas vendas. Três anos depois, eles anunciaram uma iniciativa sob o nome “St(art)ups”, que deu a vinte artistas de diferentes países, selecionados por uma inscrição pública e online, cinco mil dólares para organizarem suas próprias exposições.
Parte da importância da “Dean Collection” em particular está relacionada ao poder de influência que Keys e Beatz têm sobre o público, sendo capazes de “furar a bolha” e visibilizar artistas visuais, bem como suas discussões poéticas, que talvez nunca fossem conhecidos pela grande massa. O fator de representatividade racial também é outro ponto de grande valor da prática do casal. Em 2018, Beatz contou, em entrevista à Cultured, que começou a colecionar trabalhos de artistas negros porque não haviam muitos colecionadores negros coletando estes trabalhos. “Não possuímos o suficiente da nossa cultura. Então, queremos liderar o grupo no sentido de possuirmos a nossa própria cultura e possuirmos a nossa própria narrativa, em vez de esperarmos que alguém, que não faz parte da cultura, conte a nossa história por nós.”