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Do Silêncio à Memória

MIS, São Paulo

por Julia

O Paço das Artes apresenta “Do Silêncio à Memória”, última exposição da Temporada de
Projetos 2018. A mostra, com curadoria de Juliana Caffé, tem o objetivo de estimular a reflexão sobre construções narrativas e a capacidade da arte de trazer para a memória coletiva social, outras perspectivas e possibilidades de mundo. Caffé parte dos conceitos do antropólogo haitiano Michel-RolphTrouillot sobre a dimensão reflexiva da história e do filósofo martinicano Frantz Fanon sobre descolonização, para debater o processo narrativo como ferramenta para reelaborar passados, presentes e futuros e criar novas formas de vínculo social e conhecimento.

Diante do atual momento global de instabilidades e crises no panorama econômico e de
representatividade política, padrões são postos à prova, e outras vozes ganham espaço na
procura de dar sentido à história e criar novas formas de subjetivação, outras condições
para o saber e o poder. “Do Silêncio à Memória” é esse percurso de conflito e resistência na
busca pela afirmação política. A exposição é composta por videoinstalações, fotografias, quadros e outras peças de sete artistas e coletivos que têm trabalhado com processos narrativos e com a dimensão reflexiva da história relacionada, principalmente, com questões raciais, de classe, de sexualidade e de gênero.

E.D.E.L.O, Explode!, Grada Kilomba e Jaider Esbell, são coletivos e artistas que, nos
últimos anos, focaram seus trabalhos na idéia de realçar narrativas silenciadas ou abafadas
no transcorrer da história. A obra Zapantera Negra de E.D.E.L.O. – projeto artístico liderado por Caleb Duarte e Mia EveRollow – por exemplo, reúne o resultado visual de encontros entre Panteras Negras e Zapatistas realizados entre 2012 e 2016 no México, e reflete dois movimentos revolucionários poderosos articulados em torno da luta anticolonial de negros e índios.

Já Clara Ianni, Iván Argote e Victor Leguy, são artistas que direcionam suas pesquisas nas
construções narrativas e na relação do homem com a história. Em 111, Clara Ianni questiona a narrativa oficial disseminada pelos livros de história e literatura brasileira ao
realizar uma ação na Biblioteca de São Paulo, localizada no antigo endereço do presídio
Carandiru. A obra ativa a memória de uma tragédia nacional e questiona as relações entre
história, arquitetura e poder.

Artistas/Coletivos: Clara Ianni, E.D.E.L.O., Explode!, Grada Kilomba, Iván Argote, Jaider
Esbell e Victor Leguy

 

Do Silêncio à Memória
Curadoria: Juliana Caffé
Visitação: até 13/01/19; terça a sábado, 12h-20h; domingo, 11h-19h.
Paço das Artes no MIS: Av. Europa, 158, São Paulo. Entrada gratuita.

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