Por Laura Rago
Não é de hoje que São Paulo é referência mundial em arte de rua. Expressão artística que incorpora diferentes linguagens estéticas como grafite, instalações, murais, stencil, lambe-lambe e projeções, a arte urbana reúne um conjunto de intervenções momentâneas, transitórias e efêmeras que ocupam o espaço público e imprimem na arquitetura das metrópoles a interferência humana.
A paisagem urbana serve como suporte para essas criações e tem sido constantemente modificada com a expansão dos grandes murais nas laterais dos edifícios da cidade. Pensando nisso, o ARTEQUEACONTECE preparou um roteiro artístico com 15 obras espalhadas na região central de São Paulo para você conferir de perto essas produções. Confira abaixo a seleção completa:
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Apolo Torres
“Nina” é o nome carinhoso que o mural de 52 metros de altura recebeu em
homenagem à filha do autor. Ocupando o número 593 da Rua Amaral Gurgel, a obra dialoga com questões da educação e liberdade. O artista paulistano busca, em suas produções, provocar reflexões sobre a maneira como nos relacionamos com as cidades e com os indivíduos.
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Bueno Caos
Se você passou pelo bairro de Pinheiros ou Vila Madalena já se deparou com a série de lambe-lambe Pelé Beijoqueiro, na qual o ex-jogador aparece dando um beijo na bochecha de personagens famosos como Salvador Dalí, Marilyn Monroe e David Bowie. O artista Luis Bueno também é o autor do trabalho com a imagem de Marielle Franco –– vandalizado durante as últimas eleições presidenciais. Destaque para a recém-terminada empena entre a Rua Augusta e a Peixoto Gomide.
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Flip
Nome conhecido da arte urbana, Felipe Yung, o Flip, é responsável, junto ao produtor cultural Kleber Pagú, pela iniciativa Aquário Urbano. O projeto consiste na criação de 13 murais em empenas na região central de São Paulo. Parte da pintura se encontra no cruzamento da rua Major Sertório com a rua Bento Freitas.
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Hanna Lucatelli
As mulheres são as protagonistas nos trabalhos de Hanna Lucatelli, que é formada em Design de Moda. A paulistana participou do projeto Tarsila Inspira, que produziu grandes murais em homenagem à pintora paulista Tarsila do Amaral. A obra de Lucatelli retrata a matriarca da família brasileira, que, segundo a artista, “nosso ventre é indígena”. A pintura está instalada na Rua 15 de Novembro, 33.
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Lau Guimarães e Siss
O mural é uma colaboração entre Lau Guimarães e Simone Siss, que integraram o projeto Tarsila Inspira, espalhando cinco grafites pela cidade de São Paulo em homenagem à Tarsila do Amaral. O resultado é uma mistura de técnicas e narrativas das artistas que trabalham com poesia visual e stencil. A partir de uma conversa com a Tarsilinha, sobrinha neta da artista modernista, as artistas puderam se inspirar para criar esse grande mural cheio de representações que contam histórias.
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Mundano
Temas cotidianos conquistam no universo do grafiteiro Mundano um lugar próprio entre os seus procedimentos artísticos. O paulistano, conhecido por investigar questões contemporâneas ligadas ao meio ambiente, fez uma releitura da obra “Operários” de Tarsila do Amaral. Restos da lama tóxica do desastre de Brumadinho, em Minas Gerais, foram usados como tinta. O mural ocupa a lateral do Edifício Minerasil, em frente ao Mercado Municipal de São Paulo.
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Speto
Um dos pioneiros do grafite paulistano, o artista plástico Speto é velho conhecido por quem transita pela cidade. Sua arte carrega consigo a potencialidade de produzir sentidos em um diálogo constante entre espaço e tempo. Seus trabalhos mais recentes podem ser vistos na Rua da Consolação e no Minhocão (Foto). Autodidata, o artista se inspira na tradição folclórica da literatura de cordel nordestina e na xilogravura para compor seus desenhos.
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Tec
Quem vem da Radial Leste no sentido centro tem uma visão privilegiada da pintura de 64 metros de altura realizada pelo muralista Tec, que, depois de procurar patrocinadores por 4 anos, resolveu custear o mural com a venda de seu carro. O resultado é uma obra autoral que reflete a dinâmica da capital paulista e faz dela um instrumento revelador das contradições postas pelo cotidiano da cidade. O artista argentino, também autor de grafites gigantes no asfalto, tem murais espalhados pela Alemanha, Argentina e Brasil.
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Noite Ilustrada
Sobrevivente corredor de grafites da cidade de São Paulo, o Noite Ilustrada, túnel que liga a pista da avenida Rebouças, sentido centro, à avenida Doutor Arnaldo e à rua Major Natanael, é um símbolo da arte urbana por reunir nomes de peso do movimento artístico. Murais de 70 artistas de rua como Paulo Ito, Highraff, Ac Stencil, Presto, Nove, Onesto, Minhau, Cranio, Tito, entres outros, preenchem as paredes do espaço trazendo uma nova perspectiva para aqueles que passam pelo lugar. O projeto contou com a curadoria de sete artistas: Binho Ribeiro, Mauro Neri, Tinho, Chivitz, Rui Amaral, Barbara Goy e Tikka Meszaros.
Mag Magrela
Certamente você já deve ter se deparado com as pinturas delicadas da paulistana Mag Magrela. As figuras femininas da artista sempre têm algo a dizer e trazem consigo uma expressão enigmática, com certa melancolia. Seus trabalhos estão em todas as regiões da cidade. O painel “Eu Resisto” pode ser visto na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 52, e fez parte do projeto Tarsila Inspira.
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Celso Gitahy
Um dos expoentes da Geração 80 de artistas de rua, época que revelou nomes como Hudinilson Jr., Carlos Matuk e Ozi, o artista paulistano Celso Gitahy assina o novo mural TVnauta no Deserto, que pode ser conferido na avenida Brigadeiro Luís Antônio, 1622. Considerado especialista em “stencil”, Gitahy é autor do livro O que é Graffiti.
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Pomb
Thales Fernando, o Pomb, é o autor dessa grande empena vibrante na Rua da Consolação, 927. Seu trabalho tem como eixo a mobilidade urbana retratada pelo personagem flutuando em forma de um dirigível e pelas faixas verticais que remetem às vias urbanas.
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Rafael Hayashi
Esse é o primeiro grande mural do artista paulistano na cidade de São Paulo. Pintado com tinta acrílica, o mural intitulado “Maria” dialoga com sua nova série de pinturas cujo tema principal é o poder, seja o da fé, seja o das instituições, seja o poder da força em si. A obra pode ser contemplada na praça Carlos Gomes, 46, no bairro da Liberdade.
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Nunca
Seus personagens e suas figuras coloridas são inspiradas na cultura indígena brasileira. As obras dialogam com as problemáticas e práticas contemporâneas trazendo para a cena principal o índio e seu universo. O mural, um dos cartões-postais da cidade, fica ao lado dos Arcos do Bixiga, à beira da Avenida 23 de Maio.
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Daniel Melim
O mural é um ícone urbano da cidade de São Paulo e pode ser visto na Avenida Prestes Maia, em frente à Pinacoteca –– boa opção para quem for conferir os trabalhos dos OSGEMEOS, que ganharão individual nesta instituição. Daniel Melim desvela os diferentes elementos que constituem suas experiências vividas traduzindo-as em obras repletas de clichês sociais e personagens estereotipados.