Depois de algumas semanas intensas em São Paulo com a abertura da 34ª Bienal de São Paulo e muitas exposições paralelas tem-que-ver, é a vez da cena artsy do Rio de Janeiro ferver – apesar do preocupante aumento de aumento de casos de Covid-19 no Estado. Quem lidera os eventos da semana é a Art Rio, que abre hoje dia 8 de setembro na Marina da Glória.
Entre as novidades da feira, aberta apenas para quem mostrar o passaporte da vacina, está o lançamento da 8ª edição do Clube de Colecionadores do MAM Rio, composta por quatro gravuras de artistas de peso: Dalton Paula, Gê Viana, Paulo Nazareth e Rivane Neuenschwander. Além disso, o museu também vai lançar uma edição especial de Thiago Martins de Melo – a escultura A cauda, vendida separadamente por 7 mil reais,apresenta uma figura que pode ser lida como uma mulher, sob um animal com feições de felino e cauda de réptil. Trata-se de uma busca para discutir a relação mística e espiritual entre humanos e animais, tendo referências à cultura tradicional do Brasil, com seus mitos, lendas e ocorrências reais.
Criado em 2004, o Clube de Colecionadores é uma oportunidade de aquisição de obras exclusivas de artistas visuais brasileiros, com tiragem limitada, e de ajudar a manter a programação do museu – o conjunto custa 8 mil reais e os trabalhos não são vendidos separadamente. Confira abaixo mais detalhes sobre cada trabalho e artistas.
Dalton Paula
Enfia a faca na bananeira, 2017-2021
serigrafia sobre papel Hahnemühle 300 g/m2
43,6 x 100 cm
tiragem 100 + 7 PA
Os trabalhos de Dalton Paula partem da problematização das estruturas sociais no país, articulada à herança deixada por africanos escravizados. Sua atuação no campo artístico vem ganhando grande visibilidade nos últimos anos, contribuindo para o aprofundamento dos estudos afro diaspóricos e a maior conscientização estrutural do racismo em nossa sociedade. Enfia a faca na bananeira é parte de uma série de pinturas (2017-2021) que, para o Clube de Colecionadores, foi impressa como serigrafia. A obra reúne cenas do cotidiano de trabalho protagonizadas por ferramentas e símbolos de poder, cura e resiliência.
Gê Viana
Sentem para jantar, 2021
série Atualizações traumáticas de Debret impressão em jato de tinta com pigmento natural
de colagem digital sobre papel Hahnemühle
Photo Rag 308 g/m2
29,7 x 42 cm
tiragem 100 + 7 PA
Inspirada pelos acontecimentos da vida familiar maranhense, especialmente no que se refere aos costumes e códigos de heranças afro indígenas, Gê produz colagens a partir de imagens de arquivo e experimentos urbanos em formato lambe-lambe. Sentem para jantar, da série Atualizações traumáticas de Debret, é uma colagem digital que dá continuidade ao processo já em curso de revisões históricas e iconográficas, tendo como base as obras do artista francês Jean-Baptiste Debret para a célebre publicação “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839), obra que pautou imageticamente o período colonial.
Paulo Nazareth
Leônidas da Silva, 2021
serigrafia sobre papel Pólen 90 g/m2
96 x 66 cm
tiragem 100 + 7 PA
A obra Leônidas da Silva compõe a nova série de serigrafias do artista, que visa difundir imagens de personalidades negras, indígenas e racializadas, fundamentais para a constituição política e cultural brasileira. A composição desses retratos e sua inserção como obra de arte faz referência aos processos de apagamentos históricos tão correntes quando pensamos nas presenças e ausências na narrativa histórica do país.
Rivane Neuenschwander
Trópicos malditos, gozosos e devotos (gravura), 2021
linoleogravura sobre papel Canson Edition 250 g/m2
28 x 38 cm
tiragem 100 + 7 PA Trópicos malditos, gozosos e devotos (gravura) se trata de uma desdobramento da série de pinturas de mesmo título, realizadas a partir de conversas sobre o medo, a violência sexual e a guerra. Nesta série, Rivane constrói relações sutis e explícitas com as angústias da atualidade e a afirmação de tempo cíclico. A obra é resultado dos primeiros experimentos em xilogravura realizados pela artista.