Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro apresenta 10 filmes feitos por artistas que serão incorporados ao acervo do museu

A mostra foi idealizada por Renato Ranquine, criador da Gota Preta Filmes – distribuidora que busca apresentar filmes ligados ao universo das artes visuais e ao cinema experimental brasileiro

por Beta Germano
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A proximidade entre artes plásticas e cinema sempre foi uma constante, um namoro que muitas vezes dá casamento! Pensando nisso, Renato Ranquine criou a  Gota Preta Filmes, uma distribuidora que busca apresentar filmes que unem  o universo das artes visuais e o do cinema experimental brasileiro. A partir de amanhã, sexta-feira dia 12 de fevereiro, a Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro passará a exibir alguns dos trabalhos produzidos nos últimos anos por artistas plásticos e distribuídos por Ranquine. 

O maior destaque são as obras criadas por Thiago Martins de Melo que marcam uma busca do artista em propor embates contra as rígidas estruturas familiares, heranças, tradições morais tidas como “civilizadas”, religiões eurocêntricas, fundamentos do Estado e códigos de comportamento. Bárbara Balaclava, animação em stop motion criada a partir de 4 mil pinturas, traz a história de uma heroína que vive três vidas de forma simultânea: como homem, escravo negro, arremessado ao mar de um navio negreiro; como mulher recém-morta por capangas responsáveis pela desapropriação de terras; e, como entidade encantada que funde as experiências anteriores num corpo imaterial andrógeno – as duas existências passadas coexistem carregando todas as cicatrizes, histórias e poderes. Rasga Mortalha é outra animação inspirada na lenda da coruja “Suindara”, muito presente no folclore das regiões Norte e Nordeste do país, e que já soma quatro prêmios no circuito internacional e 30 seleções oficiais em festivais, com destaque para a 42ª edição do Festival del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana.

Entre as obras selecionadas, está também o filme Estudos superficiais, criado em  2016 por Gustavo Speridião. Contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, o trabalho audiovisual de Speridião foi produzido a partir de imagens captadas entre 2006 e 2013 em viagens por 18 países e editadas em um processo inspirado no kino-glaz ( ou cine-olho) das vanguardas russas.

Outro destaque é o filme Adeus às Coisas, criado em 2019 por Ian Schuler: o artista busca gerar um olhar de estranhamento em relação a objetos encontrados no “shopping chão” da Glória, e na feira de antiguidades da Praça XV, no Rio de Janeiro. Premiado por sua pesquisa de linguagem pelo 21º Festival Brasileiro de Cinema Universitário, foi exibido na Rússia, Suíça, Croácia, Malásia e Trinidad & Tobago. Ainda de Schuler, o museu apresenta, em parceria com a distribuidora, A Noite dos lanches, de 2020, filme que tem a mesma linha de investigação estética e começa a circular nos festivais de cinema no Brasil e no exterior.

Vale conferir, ainda, o média-metragem Satan Satie, ou Memórias de um Amnésico , co-dirigido por Lucas Parente e Juruna Mallon; e Calypso, um longa-metragem de Lucas Parente e Rodrigo Lima. Calypso propõe uma recriação livre e experimental do Quinto Canto da Odisseia de Homero, a canção de despedida entre Ulysses e a ninfa Calypso. 

Confira abaixo a programação completa:

SEX 12 fev – QUI 18 fev

Adeus às coisas de Ian Schuler. Brasil, 2019. Videoarte/Experimental. 16’. Classificação Livre; Bárbara Balaclava de Thiago Martins de Melo. Brasil, 2016. Animação. 14’. Classificação 18 anos; Rasga mortalha de Thiago Martins de Melo. Brasil, 2019. Animação. 14’. Classificação 16 anos; A Noite dos lanches de Ian Schuler. Brasil/Portugal, 2020. Videoarte/Experimental. 9’. Classificação Livre

SEX 19 fev – QUI 25 fev

Estudos superficiais de Gustavo Speridião. Brasil, 2016. Experimental. 36’. Classificação Livre; Time Color de Gustavo Speridião. Brasil/França, 2020. Experimental. 24’ Classificação Livre

SEX 26 fev – QUI 4 marTupinambá lambido de Lucas Parente. Brasil, 2018. Documentário Experimental. 12’. Classificação 14 anos; A cristalização de Brasília de Guerreiro do Divino Amor. Brasil, 2019. Experimental/Animação. 7’. Classificação 14 anos; O mundo mineral de Guerreiro do Divino Amor. Brasil, 2020. Experimental/Animação. 9’. Classificação 14 anos; Calypso de Lucas Parente e Rodrigo Lima. Brasil, 2018. Experimental. 61’. Classificação 14 anos.

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