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Christie’s cria mostra para vender obras de jovens artistas negros

A casa de leilão e a curadora Destinee Ross-Sutton criam contrato especial para evitar especulação

por Beta Germano
Negroes in the Trees, de Amani Lewis

Semana passada a Christie’s abriu espaço em sua plataforma para uma nova exposição online dedicada exclusivamente a artistas negros. Liderada pela curadora e art adviser, Destinee Ross-Sutton a mostra, com vendas privadas privadas, intitulada SAY IT LOUD (I’m Black and I’m Proud) acontece até o dia 17 de agosto e conta com mais de 40 obras de 22 artistas emergentes ou em meio de carreira – tudo a venda por preços fixos que totalizam 400 mil dólares. O conjunto de obras foi produzido nos últimos três anos e chega ao mercado como novos exemplos de práticas contemporâneas da arte negra em contextos internacionais.

Nice meeting you too, do Eniwaye Oluwaseyi


Um dos artistas apresentados é o pintor nigeriano autodidata Eniwaye Oluwaseyi cujo trabalho The Breakfast, que retrata dois personagens sentados frente a frente em uma sala de jantar, é um dos com maior valor – $ 13.000. Entre os destaques, também está Unarmed, do
artista multimídia Azikiwe Mohammed. A obra apresenta placas de identificação metálicas com nomes de pessoas negras mortas pela polícia em 2016 – todas sobre um fundo vermelho, como são apresentadas peças numa joalheria. “Este trabalho definitivamente se destacou para mim”, disse Ross-Sutton, acrescentando que o que oferece ao visualizador é “uma visão, de uma forma simples, mas impactante, de como o sistema nos falhou”.

Ubuntu buyakha, Wonder Buhle Mbambo


No entanto, a especulação sobre os artistas negros ficou tão intensa que, para a venda da Christie’s, a curadora está pedindo aos compradores que assinem um contrato especial. Em fevereiro, uma pintura do artista ganense Amoako Boafo foi vendida na Phillips em Londres por US $ 881.432 – mais de 10 vezes a estimativa e mais de 3.000% do que o vendedor pagou por ela menos de um ano antes. Como de costume, o artista não viu um centavo na transação. E esse tipo valorização relâmpago no mercado secundário pode ser prejudicial para um talento emergente que não teve tempo de amadurecer ou experimentar. Em outras palavras, o mercado secundário geralmente não são locais amigáveis ​​para os jovens criadores – especialmente os emergentes que são muito procurados, como tem acontecido com os artistas negros.

Unarmed, de Azikiwe Mohammed


Pensando nisso, Ross-Sutton e a casa de leilões incluíram cláusulas no contrato de venda para impedir que os compradores vendessem as obras posteriormente para obter lucro. Cada artista receberá 100 por cento da receita da venda de seu trabalho e os compradores devem aceitar condições específicas: eles devem concordar em não revender a obra em leilão por pelo menos cinco anos; se quiserem vender, devem dar ao artista o direito de preferência; e, se venderem para outra pessoa, terão que devolver 15% do lucro aos artistas. Justo.

Untitled from “Blue Series”, de Nelson Makamo
The Breakfast, de Eniwaye Oluwaseyi
Destinee Ross-Sutton

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