As maiores polêmicas de 2019

Começando a retrospectiva do ano de 2019, o ARTEQUEACONTECE preparou uma série de artigos sobre os destaques do mundo da arte nos últimos 12 meses! A primeira dessa série é…

por Julia
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Começando a retrospectiva do ano de 2019, o ARTEQUEACONTECE preparou uma série de artigos sobre os destaques do mundo da arte nos últimos 12 meses!

A primeira dessa série é a lista com as maiores polêmicas que marcaram o mercado, o sistema institucional e o universo dos artistas contemporâneos.

 

Janeiro

2019 começou com más notícias para os amantes da arte: Inhotim ficou vários dias fechado devido à tragédia do rompimento da barragem da Mina do córrego do Feijão, em Brumadinho. O acidente, causado pela má manutenção da instalação e negligência da Vale, matou 252 pessoas e colocou o instituto em risco. A lama tóxica não atingiu Inhotim, mas impactou profundamente o turismo da região, prejudicando os números de visitação do parque.

 

Fevereiro

A galerista Mary Boone foi condenada à prisão depois de um caso de fraude tributária – Boone foi sentenciada a 30 meses de encarceramento, que teve início em maio deste ano. Depois do escândalo jurídico, Boone decidiu fechar sua galeria, pondo fim a mais de 40 anos de atuação no mercado de arte.

 

Março

Em uma decisão inédita – e que inspirou outras instituições a tomar rumos similares – a National Portrait Gallery, em Londres, decidiu recusar uma doação milionária da família Sackler, dona da Purdue Pharma. A empresa é a fabricante da droga OxyContin, altamente viciante e prescrita irrestritamente nos Estados Unidos como analgésico, o que gerou uma extensa crise de saúde pública no país. A NPG recusou um aporte de mais de 1 milhão de dólares, sendo a primeira de uma série de negativas de outros museus – A Tate, uma das instituições mais importantes do mundo, seguiu o exemplo e anunciou no final de março que não receberia mais nenhuma doação da família.

 

Abril

Em abril, outra tragédia abalou os amantes de arte e arquitetura: a Catedral de Notre Dame, um cartão postal icônico de Paris, pegou fogo e teve grande parte de suas estruturas abaladas ou destruídas. Dentre as obras de arte que estavam dentro da igreja destacava-se a Pietà dans le Choeur. Depois do incêndio, que demorou horas para ser controlado, a reação pública imediata foi de mobilização para a reconstrução da igreja, tendo sido levantados mais de 500 milhões de euros.

 

Maio

Os leilões de arte tem sido terreno fértil para polêmicas e casos bizarros. Em maio, uma venda inusitada marcou o mercado de arte: um laptop infestado com alguns dos vírus mais devastadores do mundo foi arrematado por US$1.345 milhões de dólares. A obra, intitulada “The Persistence of Chaos” (A Persistência do Caos) foi criada pelo artista chinês Guo O Dong, que faz uso da internet e das tecnologias atuais em suas pesquisas e produções. O computador infectado foi criado como uma obra de arte, rodando seis tipos diferentes de programas nocivos que, juntos, causaram prejuízos bilionários pelo mundo nos últimos 20 anos.

 

Junho

Uma exposição insólita foi fonte de muitos debates em junho: um robô com inteligência artificial, Ai-Da, produziu obras de arte e ganhou uma exposição individual. Intitulada “Unsecured Futures”, a mostra foi organizada em um espaço da Universidade de Oxford.  Ai-Da foi considerada o primeiro robô do mundo a desenhar obras ultra-realistas. A máquina foi produzida pelo inventor Aidan Meller (que também é galerista), junto com cientistas de Oxford.

 

Julho

Já em Julho, em meio ao verão do hemisfério norte, uma obra pública de Anish Kapoor foi vandalizada. A imensa “Cloud Gate”, localizada no Millennium Park, em Chicago, foi pixada e sete pessoas foram presas. A pixação foi removida no dia seguinte pela equipe de limpeza da cidade, e a superfície danificada foi polida.

Também em julho, outra batalha legal foi destaque entre o público artsy: o Egito decidiu tomar medidas jurídicas para impedir a venda de um artefato histórico que era do país mas iria à venda em Londres. A estátua de pedra do deus Amen com os traços do faraó Tutankhamen, foi leiloada pela Christie’s de Londres por £4.75 milhões de libras. O governo egípcio decidiu tentar a repatriação do item, que provavelmente foi saqueado ilegalmente do templo Karnak na década de 1970.

No final do mês, outra polêmica envolvendo o patrocínio de instituições artísticas e culturais tomou as manchetes. Oito artistas que participavam da Bienal do Whitney Museum of American Art, de Nova York, decidiram boicotar publicamente a exposição e pedir que as curadoras retirassem suas obras da mostra por causa de um dos diretores do museu. Warren Kander – que tem laços com a empresa Safariland, produtora de gás lacrimogênio usado contra imigrantes que pedem asilo nas fronteiras dos Estados Unidos – era vice-diretor da instituição, e acabou renunciando ao cargo devido à pressão dos artistas no dia 30/07.

 

Agosto

Nan Goldin foi, mais uma vez, notícia quente. A artista foi presa no final do mês durante um protesto em Nova York. A manifestação ocorreu em frente à sede do governo do estado, demandando mudanças nas políticas de prevenção e cuidado com usuários de drogas. 13 pessoas foram presas pela polícia de NY, incluindo a artista, que fundou e lidera a P.A.I.N. – a organização tem como objetivo combater a crise de opiáceos que assola os Estados Unidos.

 

Setembro

Paris já havia sofrido profundamente com o incêndio da Notre Dame. Em setembro, contudo, a capital francesa estava em polvorosa devido à instalação de uma obra pública do controverso artista americano Jeff Koons. Depois de anos debatendo a localização da instalação da obra – “Bouquet of Tulips”, ou buquê de tulipas – ficou decidido que ela seria finalmente instalada, sendo um memorial para as vítimas dos ataques terroristas de 2015. Mas houve muita rejeição à escultura, e diversos grupos se manifestaram publicamente contra sua instalação.

E ainda em setembro, Maurizio Cattelan protagonizou um dos casos mais chamativos do ano: uma de suas obras mais conhecidas, a privada de ouro maciço, foi roubada em Oxford. A polícia foi acionada depois que um grupo de criminosos invadiu o Blenheim Palace e levou a peça, com valor estimado em 5 milhões de dólares.

 

Outubro

Depois, foi a vez de Banksy chacoalhar o mercado de leilões. Depois do truque com a pintura que se auto-destruiu em um leilão da Sotheby’s, a pintura de chimpanzés brigando no parlamento britânico, criada anos antes do Reino Unido votar a favor do Brexit, foi a leilão na Sotheby’s no dia 03/10/19. Mas fãs de Banksy vinham alegando na internet que o artista tinha alterado o trabalho desde que ele fora exposto em 2009 na mostra “Banksy vs. Bristol Museum”. Quando perguntada sobre as diferenças, a casa de leilão confirmou que a pintura era, sem dúvidas, o mesmo trabalho, e que as mudanças foram feitas pelo próprio artista. Ao final do episódio, a obra foi arrematada por nada menos do que 12 milhões de dólares, batendo recorde do artista (e surpreendendo em relação à estimativa inicial de US$2.5 milhões).

 

Novembro

O governo brasileiro anunciou no início do mês de novembro que a Secretaria Especial de Cultura, que representa hoje o extinto Ministério da Cultura, seria transferida para a tutela do Ministério do Turismo. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União em 7/11, estabelecendo a transferência da secretaria, do Conselho Nacional de Política Cultural, da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e da Comissão do Fundo Nacional de Cultur, além de outras seis pastas. A decisão causou revolta entre profissionais da área, que defendem a volta do Ministério da Cultura à sua atuação plena.

No Rio de Janeiro, a crise financeira da cidade, do estado e da cultura em geral gerou problemas para o Museu de Arte do Rio. Uma funcionária postou em uma rede social uma mensagem de alerta sobre os riscos de fechamento do museu, uma vez que todos os funcionários da instituição haviam sido colocados em aviso prévio. A a prefeitura da cidade não repassava verbas ao Instituto Odeon – que administra o MAR – desde setembro.

 

Dezembro

Com o frenesi em torno das feiras e eventos de arte em Miami, a primeira semana de dezembro não viu nenhum assunto ter tanto destaque quanto a banana de Maurizio Cattelan, que protagonizava seu segundo escândalo do ano. No primeiro dia da Art Basel Miami Beach uma banana colada na parede por um pedaço de silvertape foi vendida por US$120.000, causando estardalhaço na mídia e filas imensas para ver a escultura. O trabalho, intitulado “Comedian”, estava no último número, sendo negociado por US$150.000 com um museu, quando um artista da performance chegou à galeria, retirou a banana da parede e a comeu. A performance causou ainda mais confusão e, no domingo, a Perrotin removeu a obra para evitar a aglomeração de visitantes que estava colocando em risco a integridade de suas obras e de outras em outros estandes.

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