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Artistas brasileiros em destaque pelo mundo – outubro de 2024

Entre 11 artistas, nomes como Lygia Clark, Tunga, Janaina Tschäpe e Gustavo Nazareno ganham destaque em mostras internacionais por diversas cidades

Entre 11 artistas, nomes como Lygia Clark, Tunga, Janaina Tschäpe e Gustavo Nazareno ganham destaque em mostras internacionais por diversas cidades

por Diretor

O reconhecimento internacional dos artistas brasileiros reflete o amadurecimento e a consolidação da arte contemporânea do Brasil no cenário global. A visibilidade que esses artistas alcançam em importantes mostras, bienais e feiras internacionais está associada tanto ao legado de nomes icônicos, como Lygia Clark, Tunga e Tarsila do Amaral, quanto ao trabalho de uma nova geração que traz novas perspectivas e temáticas. Essas agendas, tanto em grandes centros artísticos quanto em espaços culturais menores, permitem debates mais abrangentes sobre o Brasil contemporâneo, abordando temas como identidade, raça, memória e questões sociais em uma escala global.

Confira uma lista com 11 artistas, acompanhada de detalhes sobre seus trabalhos e as exposições das quais participam.

Tarsila do Amaral, Cartão-postal, 1929 © Tarsila do Amaral Licenciamento e Empreendimentos S.A

“Tarsila do Amaral: Pintar o Brasil Moderno” | Musée du Luxembourg, Paris, França
10.10 – 02.02.25

Esta retrospectiva de Tarsila do Amaral revela a complexidade e a inovação de uma das artistas mais importantes do modernismo brasileiro. Sua obra, que funde referências locais e estrangeiras, vai além das paisagens tropicais e das figuras surrealistas pelas quais é conhecida. Em Paris, nos anos 1920, Tarsila absorveu as vanguardas europeias, como o cubismo, e incorporou essas influências à sua visão, mas foi em São Paulo que ajudou a criar o movimento antropofágico, propondo a “deglutição” das culturas colonizadoras. Suas telas, que transitam entre o lúdico e o político, refletem o Brasil em transformação: da exuberância onírica de “Abaporu” às críticas sociais explícitas de obras como “Operários”, dos anos 1930. A mostra busca evidenciar sua contribuição ao modernismo e à cultura brasileira, e destaca as tensões entre o popular e o erudito, o nacional e o estrangeiro, consolidando-a como uma das grandes vozes da arte do século XX.

Lygia Clark, Diálogo de Óculos, 1966. Foto: Eduardo Clark. Cortesia Associação Cultural O Mundo de Lygia Clark

“Lygia Clark: The I and the You” | Whitechapel Gallery, Londres, Reino Unido
02.10 – 12.01.25

A exposição The I and the You marca a primeira grande retrospectiva em uma galeria pública do Reino Unido da artista mineira Lygia Clark. Focando em seu percurso artístico entre meados dos anos 1950 e início dos anos 1970, período marcado por grande instabilidade no Brasil e pelo surgimento de práticas artísticas radicais, a mostra destaca a participação de Clark no movimento Neoconcreto. Junto a artistas como Amilcar de Castro, Hélio Oiticica e Lygia Pape, Clark buscou superar os limites da arte concreta, introduzindo mais experimentação e interação nas obras. A exposição reúne pinturas, desenhos e suas famosas obras interativas, como os “Bichos”, refletindo o interesse crescente da artista pela experiência do espectador e pelo potencial terapêutico da arte. Um programa de eventos públicos complementa a exposição, promovendo uma maior contextualização de sua prática.

Tunga, Sem título, 2015. Divulgação Château La Coste

“Tunga” | Château La Coste, Le Puy-Sainte-Réparade, França
28.09 – 05.01.25

Em colaboração com a Lisson Gallery, Instituto Tunga, Luhring Augustine e Millan, esta é a primeira exibição solo do artista brasileiro na Europa desde 2005, quando expôs no Louvre, em Paris. Realizada em uma galeria projetada por Oscar Niemeyer e ao lado de sua obra permanente “Psicopompos”, a exposição homenageia a pesquisa escultórica de Tunga sobre as relações energéticas entre materiais. Com cerca de 20 obras criadas entre 2010 e 2016, a mostra procura reaver sua evolução para novos materiais, como sinos, garrafas, joias e espadas, retratando influências de alquimia, filosofia e psicanálise. A instalação Sem título (2015), que utiliza espadas de São Jorge e ferramentas de forja, traz à tona a devoção de Tunga a São Jorge e sua conexão com rituais ancestrais. A exposição destaca a relevância contemporânea do artista, com exibições também previstas em outubro no Malba, Argentina, e em novembro no Instituto Ling, Brasil.

Janaina Tschäpe, Lion colored hills, 2024. Cortesia Sean Kelly Gallery

“a sky filled with clouds and the smell of blood oranges” de Janaina Tschäpe | Sean Kelly Gallery, Nova York, Estados Unidos
06.09 – 19.10

A quarta individual de Janaina Tschäpe na Sean Kelly Gallery representa uma importante evolução em sua trajetória artística, acompanhada pelo lançamento de uma nova monografia sobre seu trabalho. Ao enfatizar o potencial emocional e poético da arte, Tschäpe utiliza óleo e bastão de óleo sobre tela, além de obras em papel, em composições abstratas que fluem com vigor e espontaneidade. Inspirada por paisagens alemãs, pela cultura brasileira e por pensadores como Friedrich Schiller e Octavio Paz, suas pinturas mesclam o sublime da natureza com a complexidade das emoções humanas. Fragmentos de memórias e paisagens internas surgem em suas obras, compondo uma narrativa contínua e em diálogo constante entre si.

Gustavo Nazareno, Eshu guiding a path (detalhe), 2024

“Orixás: Personal Tales on Portraiture” de Gustavo Nazareno | Opera Gallery, Londres, Reino Unido
08.10 – 09.11

A Opera Gallery apresenta a primeira exposição solo do artista paulistano com a galeria, marcando o início de sua representação exclusiva. Com curadoria de Samuele Visentin, a mostra, que ocorre durante a Frieze London, exibe 16 pinturas e 25 desenhos em carvão. Nazareno cria um universo visual inspirado nas religiões afro-latinas, especialmente o Candomblé, retratando os Orixás com uma estética que mescla a espiritualidade e a iconografia religiosa com influências da fotografia de moda e técnicas de mestres renascentistas como Caravaggio. Suas figuras enigmáticas, representadas em poses evocativas e com olhares penetrantes, confrontam categorias tradicionais de gênero e identidade, revelando a complexidade do ser humano e o equilíbrio entre bem e mal no Candomblé – onde essas forças são compreendidas como aspectos complementares de uma mesma realidade, em vez de opostos absolutos.

Vista da exposição “ZWIELICHT” de Marina Perez Simão na G2 Kunsthalle. Foto: Dotgain

“ZWIELICHT” de Marina Perez Simão | G2 Kunsthalle, Leipzig, Alemanha
26.09 – 02.03.25

“ZWIELICHT” é a primeira exposição institucional de Marina Perez Simão na Alemanha, apresentando suas pinturas abstratas caracterizadas pelo uso de cores marcantes e gestualidade nas pinceladas. Suas composições criam paisagens em constante transformação, onde movimento e luz se entrelaçam em ritmos quase musicais. Embora muitas de suas obras sugiram cenários naturais clássicos, como montanhas e lagos, elas também operam como metáforas para estados emocionais e introspectivos, refletindo tanto o mundo exterior quanto experiências internas. Por meio desse universo visual, Marina constrói uma narrativa em que o tangível e o emocional coexistem.

Eduardo Berliner, Owl, 2024. Cortesia Bureau Gallery

“Quina Viva” de Eduardo Berliner | Bureau Gallery, Nova York, Estados Unidos
06.09 – 19.10

A exposição Quina Viva marca a primeira individual de Eduardo Berliner nos Estados Unidos, após várias mostras no Brasil. O artista carioca apresenta uma série de pinturas e desenhos que variam em escala e técnica, ocupando os dois andares da galeria Bureau. Berliner é conhecido pela abordagem obsessiva e diarística em sua produção, onde cria imagens que mesclam suas observações do cotidiano no Rio de Janeiro com elementos de sua vida interior. Suas obras apontam para uma heterogeneidade efusiva, em que cenas realistas e fragmentadas se encontram com elementos fantásticos e perturbadores, e corpos humanos e animais se misturam a objetos inanimados, formando composições tensas e, por vezes, surreais. Berliner transforma materiais cotidianos em abstrações que sugerem um realismo poético e macabro, com influências de Goya e Beckmann, mas com um toque humanista. A mostra aborda a fronteira entre realidade, memória e imaginação, acolhendo o inesperado no processo criativo.

Vista da exposição “OSGEMEOS: Endless Story”. Divulgação Hirshhor Museum and Sculpture Garden

“OSGEMEOS: Endless Story” | The Hirshhorn Museum, Washington DC, Estados Unidos
29.09 – 03.08.25

OSGEMEOS: Endless Story” é a primeira e maior retrospectiva dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo nos Estados Unidos, reunindo cerca de 1.000 trabalhos. A exposição apresenta pinturas, esculturas monumentais, instalações imersivas, desenhos e arquivos, enfatizando as raízes do estilo dos artistas em São Paulo e sua relação com a cultura urbana brasileira enfatizada por elementos do hip-hop e do grafite. O universo fantástico de Tritrez, criado na infância dos irmãos e habitado por suas figuras coloridas de cabeças grandes, permeia a mostra, visível em obras como “The Moon Room” e “Tritrez Altar”. Além disso, a exposição também inclui 30 pinturas emprestadas de colecionadores americanos, revelando a abrangência internacional do trabalho da dupla.

Hal Wildson, RE-UTOPYA Flag, 2021

“RE-UTOPYA” de Hal Wildson | Embaixada do Brasil em Londres, Reino Unido
08.10 – 31.10

Organizada pela Galeria Lume e com curadoria de Lucas Albuquerque, a exposição RE-UTOPYA será exibida na Sala Brasil, em Londres, como parte da iniciativa BREEZE – um prêmio de arte contemporânea concedido pela Embaixada do Brasil, que Hal Wildson conquistou em 2024. A mostra, inspirada na ideia de reflorestamento, propõe um pensamento crítico sobre o passado e o futuro do Brasil, sugerindo alternativas mais equitativas e humanas para enfrentar a degradação social e os sistemas opressivos. Nascido na região do Vale do Araguaia, Wildson percorre por temas de memória, identidade e esquecimento, abordando questões como o coronelismo e a exclusão social. Sua prática multidisciplinar, que envolve instalações, vídeo e arte tipográfica, confronta narrativas oficiais e reimagina uma utopia brasileira centrada em justiça social e valores humanistas.

Zéh Palito, The Inez “Pat” Patterson Water Lily Pond, 2024. Cortesia Perrotin

“Cars, Pools & Melanin” de Zéh Palito | Perrotin, Nova York, Estados Unidos
06.09 – 19.10

Na sua estreia na Perrotin, Zéh Palito traz à tona questões de segregação racial, luta por dignidade e exclusão, jogando luz sobre um aspecto específico: o direito ao lazer. Suas obras misturam corpos negros e pardos ocupando piscinas e automóveis, símbolos que ele usa para criticar os mecanismos de exclusão dos anos 1940 e 1950 nos Estados Unidos. Neste contexto, ele reinterpreta ícones da arte ocidental, como “A Bigger Splash” de David Hockney, e incorpora referências a artistas como Andy Warhol e Kerry James Marshall. As figuras de Palito, fragmentadas em diferentes tons de preto e marrom, ocupam o centro das telas, ligando questões raciais e de memória tanto nos EUA quanto em questões históricas e contemporâneas do Brasil, por meio de uma abordagem crítica que une suas raízes no muralismo e na arte de rua.

Amadeo Luciano Lorenzato, Sem título, 1991. Cortesia Mendes Wood DM

“Amadeo Luciano Lorenzato En Conversation” | Mendes Wood DM, Paris, França
31.08 – 05.10

Em exibição na sede da galeria brasileira Mendes Wood DM em Paris, “Amadeo Luciano Lorenzato En Conversation” reúne obras de Lorenzato ao lado de artistas contemporâneos como Lucas Arruda, Patricia Leite, Erika Verzutti e Castiel Vitorino Brasileiro. A mostra busca refletir sobre a relação entre a prática singular de Lorenzato, que transformava seu entorno em Belo Horizonte em paisagens abstratas, e os experimentos de artistas atuais com forma e cor. Lorenzato, um autodidata que rejeitava rótulos, pintava com uma perspectiva artesanal, utilizando pigmentos naturais e criando suas próprias superfícies. Sua obra, que transita entre figuração e abstração, ganha novas leituras ao lado de artistas que, assim como ele, navegam entre o popular e o erudito, o local e o global, ampliando os limites da pintura.

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