Com exposições individuais de Antonio Obá, Dalton Paula, Luana Vitra e Tunga, além de uma mostra coletiva sobre o modernismo brasileiro, com nomes como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Candido Portinari, Djanira da Motta e Silva e Rubem Valentim, a cena artística brasileira fortalece seu reconhecimento internacional. Impulsionados por novas perspectivas, esses artistas ampliam debates sobre identidade, memória e questões sociais em importantes mostras, bienais e feiras pelo mundo.
De Argentina a Suíça e de Bélgica a Holanda, confira abaixo cinco mostras importantes de arte brasileira:
Antonio Obá, “Rituals of Care”
Centre d’Art Contemporain Genève | Genebra, Suíça
16.11 – 02.03.2025
“Rituals of Care” marca a primeira grande retrospectiva de Antonio Obá na Europa, artista cuja prática abrange pintura, escultura, fotografia, instalação, vídeo e performance. Na exposição, Obá interroga e subverte representações históricas, propondo uma nova leitura para práticas espirituais e estigmas ligados ao racismo. Sua obra busca reapropriar o patrimônio africano, em resposta a uma estrutura social que historicamente procurou diluir a cultura negra. Suas criações enfrentam de forma incisiva a violência que marcou as tradições e comunidades afro-brasileiras, sugerindo novas narrativas e perspectivas. O corpo do próprio artista é central em seu trabalho, como forma de questionar a erotização do corpo negro masculino e a construção de sua identidade.
Dalton Paula, “Undying Gardens”
Martins&Montero | Bruxelas, Bélgica | 07.11 – 21.12
A primeira exposição individual de Dalton Paula na Europa, “Undying Gardens” apresenta onze aquarelas da série “Retratos de corpo inteiro”, criadas para a 60ª Bienal de Veneza, que colocam em evidência figuras negras influentes do passado colonial brasileiro. Dalton reimagina esses indivíduos com dignidade e subjetividade, utilizando composições que remetem a estúdios fotográficos históricos, criando uma ponte entre passado e presente. Sua obra constrói um arquivo visual que expande as narrativas históricas e que promove uma reinterpretação poética e política dessas identidades para as gerações futuras.
Luana Vitra, “As contas do meu rosário são balas de artilharia”
Kunstinstituut Melly | Roterdã, Holanda
20.09 – 27.04.25
A exposição marca sua entrada no circuito europeu com uma instalação que conecta sua espiritualidade e raízes mineiras com técnicas tradicionais de miçangas e tecelagem da cultura Zulu, aprendidas durante uma residência na África do Sul. A mostra faz referência aos conflitos internos e coletivos que atravessam gerações, ligados tanto à espiritualidade quanto à história marcada por violência e opressão. Sua instalação traz essas dualidades ao unir símbolos de proteção e resistência com o uso de contas e tecidos, que podem sugerir tanto armas quanto amuletos. Simultaneamente, Luana trabalha em um curta-documentário sobre seu processo criativo, enquanto se prepara para representar o Brasil na 16ª Bienal de Sharjah em 2025, onde expandirá sua investigação sobre afetividade e o desejo da matéria.
“Brasil! Brasil! The Birth of Modernism”
Zentrum Paul Klee | Berna, Suíça
07.09 – 05.01.2025
A exposição traz à tona o interesse crescente e o reconhecimento internacional que o movimento modernista brasileiro tem conquistado nas últimas décadas. Embora houvesse paralelismos com os movimentos modernistas europeus. No início do século XX, artistas brasileiros buscaram um estilo próprio que pudesse expressar as complexidades culturais e sociopolíticas do país. Essa busca se deu em diálogo com as vanguardas europeias, ao mesmo tempo que se inspiravam nas raízes culturais locais, incluindo tradições indígenas e afro-brasileiras.
Candido Portinari, por exemplo, abordava temas ligados à vida dos trabalhadores rurais e à desigualdade social, enquanto Rubem Valentim elaborava um vocabulário visual com referências simbólicas às religiões afro-brasileiras.
Além das obras de nomes fundamentais, a mostra apresenta ao público europeu um panorama da literatura, música, design e arquitetura no Brasil. A presença de alguns desses artistas na Bienal de Veneza deste ano, como Djanira da Motta e Silva e Anita Malfatti, também reforça o papel do modernismo brasileiro na história da arte global.
Tunga, “Yo, Vos y la Luna”
MALBA | Buenos Aires, Argentina
25/10 até 17/02/25
Tunga, um dos protagonistas da cena artística brasileira do final do século XX, explorou uma poética própria influenciada por Lygia Clark e Hélio Oiticica. Sua produção engloba esculturas, instalações, vídeos, performances e desenhos, impregnados de referências literárias, filosóficas e científicas. Em “Yo, Vos y la Luna”, instalação pertencente à Coleção Sarina Tang e anteriormente exibida na Sala de Vidro do MAM-SP, o artista mescla elementos como pedras, espelhos e botellas de cristal sugerindo eras antigas e conceitos arqueológicos, enquanto o tronco fossilizado simboliza a passagem do tempo e a existência pré-humana. Fragmentos de corpos, como esculturas de dedos em bronze, reforçam sua visão de um corpo etéreo, moldado pelo desejo e pela transformação contínua. A mostra inclui ainda um documentário de 2015 e 36 desenhos do Instituto Tunga, que refletem visualmente temas de permanência e continuidade essenciais à estética do artista.