Artista brasileira cobre monumento em Bruxelas no Dia Internacional da Mulher

A artista brasileira Elen Braga, que vive e trabalha atualmente em Bruxelas, vem há quase dois anos desenvolvendo um grande projeto para ocupar o Arco do Triunfo com um tapete…

por Julia
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A artista brasileira Elen Braga, que vive e trabalha atualmente em Bruxelas, vem há quase dois anos desenvolvendo um grande projeto para ocupar o Arco do Triunfo com um tapete tufado, feito à mão, de 120 m2. A tapeçaria apresenta a longilínea imagem de uma mulher de 24 metros de altura, em pé sobre um pedestal, segurando no alto uma anilha de peso.

A obra é um autorretrato de Braga, pensado para cobrir o monumento erguido para celebrar o rei Leopoldo II, localizado no Parque Cinquentenário. O projeto, desde seu início previa que a instalação da peça seria realizada no dia 8 de março, para marcar as comemorações do Dia da Mulher no ano de 2020. A intervenção chamou a atenção da população local e dos turistas que visitam a praça, mesmo se dando em um dia de muita chuva e frio na cidade.

A escolha do local, aliás, integra a narrativa do trabalho. A construção do Arco do Triunfo era parte de um ambicioso projeto de planejamento urbano realizado pelo monarca Leopoldo II, que queria adornar a cidade de Bruxelas com pontos de referência. O arquiteto Charles Girault propôs o projeto de três arcos como um símbolo de uma cidade aberta e como um gesto de boas-vindas. Após longas negociações entre o rei e o governo, o arco foi inaugurado em 27 de setembro de 1905, menos de nove meses após o início de sua construção.

Diante de grandes monumentos, muitas vezes nos esquecemos de suas histórias, motivações, simbolismos e significados, e Braga propôs ressignificar aquele lugar: ocupou-o com uma imagem de si mesma 60 vezes maior que a escala real, assim como fez Nabucodonosor mais de 500 anos antes de Cristo. Discutido sobre monumentalidade, orgulho, imagens auto-projetadas e futuros previstos, a figura de uma mulher gigante se impôs no centro de uma cidade, substituindo a bandeira belga pela sua própria flâmula. E mais, precisou de 5 a 7 horas de trabalho diário nesses quase dois anos para poder fazê-lo – o trabalho também questiona o labor, a identidade, os heróis que adoramos e celebramos.

“Foram oito horas de evento muito intensas e emocionantes”, disse a artista em uma rede social. A tapeçaria, que pesa mais de 200 kg, já foi retirada, e agora permanece apenas a lembrança de sua ocupação, tão ousada quanto breve.

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