Em dezembro passado, quando a indústria da moda estava totalmente ativa e criativos do mundo todo reuniram-se em Miami para visitar a Art Basel, o diretor criativo da Dior Men, Kim Jones, apresentou sua coleção masculina de outono em frente ao novo Rubell Museum: um gigantesco labirinto de armazéns industriais transformados em um templo para a arte contemporânea. A locação não foi ao acaso e o desfile já anunciava a paixão do estilista pelo mundo da arte – o artista que nasceu e cresceu em Miami, Daniel Arsham assinou a cenografia daquele desfile onde mostrou suas fascinantes esculturas que propõem uma espécie de arqueologia do futuro questionando o nosso presente. O artista também participou da elaboração da coleção e suas esculturas foram forte inspiração para a criação dos acessórios da marca.
No dia 4 de dezembro de 2019, alguns dias antes do desfile o pintor ganês Amoako Boafo (a gente já tinha falado para você seguir o Insta dele, lembra?) ocupou uma sala do novo museu com hipnotizantes retratos em grande escala de personagens negros. O trabalho do artista impressiona quando vista ao vivo pelas texturas e pela luminosidade “Eu conhecia o trabalho de Amoako, mas nunca o havia visto na vida real. Naquele momento eu pude ver tudo aquilo se transformando em peças na frente dos meus olhos.”, explica Kim Jones à Vogue inglesa. Após uma introdução da colecionadora Mera Rubell, Jones viajou até Gana para visitar o estúdio de Boafo. “Quando você conhece ele e seus amigos, tudo faz sentido: ele está pintando sua vida”, recorda. O resultado da amizade e parceria foi apresentado essa semana na forma da coleção Primavera/Verão de 2021 da Dior Men chamada Portrait Of An Artist, uma homenagem tanto ao trabalho de Boafo quanto à infância de Jones que viajou pelo continente africano com seu pai que era hidrogeólogo.
A arte de Amoako, nas palavras de Tremaine Emory, criativo da turma do hip-hop que fez um texto para apresentar a coleção, “afoga o espectador na luz cintilante do olhar negro, que raramente vemos na moda ou no mundo da arte”. As peças e as imagens da campanha publicadas online confiram uma continuação da elegância pioneira de Jones, que defende uma masculinidade romântica ao lado de alfaiataria impecável. Técnicas de alta costura são usadas de forma moderna, com camadas de néons e malhas estilizadas em diálogo com a estética proposta pelos personagens de Boafo. O diretor criativo reflete: “O Gana era um dos países favoritos de meu pai no mundo e ele morreu há um mês e meio”. Uma sequência de eventos coordenada pelo destino para o bem da moda e da arte!