A nomeação de Michelangelo Pistoletto para o mais importante prêmio mundial é um reconhecimento não só do seu trabalho artístico mas também do esforço de sensibilização e do empenho que o artista dedicou e continua a dedicar à construção de um mundo mais justo, inclusivo e pacífico.
Nascido em Biella, Itália, Pistoletto é um dos nomes centrais da Arte Povera, movimento dos anos 1960 que subverteu a lógica do mercado ao transformar materiais comuns e transitórios em arte, questionando tanto a cultura de consumo quanto as instituições tradicionais. Além das suas famosas pinturas espelhadas, Pistoletto criou esculturas e instalações que utilizam materiais simples e cotidianos, ampliando as possibilidades da arte para além dos suportes tradicionais, além de sempre trazer uma crítica irônica e bem humorada à aspectos da sociedade.
Uma das peças mais conhecidas nesse contexto é “Venere degli stracci” (Vênus dos Trapos), de 1967. A escultura traz uma réplica clássica de Vênus diante de uma pilha de roupas usadas, criando um choque entre a idealização do corpo na antiguidade e os excessos descartáveis da modernidade. A justaposição sugere um embate entre permanência e decadência, beleza e consumo desenfreado. Em 2023, uma versão da obra em Nápoles foi incendiada e reacendeu debates sobre os limites da arte pública e os ataques a símbolos culturais.
Em 1998, Pistoletto fundou a Cittadellarte – Fondazione Pistoletto, um centro dedicado ao desenvolvimento social baseado na criatividade artística, que desde então fomenta a cultura local.
O Prêmio Nobel da Paz é concedido anualmente pelo Comitê Norueguês do Nobel a pessoas ou organizações que tenham contribuído para a promoção da paz mundial. Criado por Alfred Nobel, químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo sueco, o prêmio tem sido concedido desde 1901 a líderes, ativistas e instituições que lutam contra conflitos, promovem os direitos humanos e incentivam a cooperação internacional. O anúncio do vencedor se dará entre outubro e o evento da premiação, previsto para acontecer em dezembro.
A escolha de Michelangelo Pistoletto para o Nobel da Paz coloca a arte no centro das transformações globais, alinhando-se ao legado do prêmio de reconhecer indivíduos e instituições que trabalham ativamente para um futuro pacífico para a humanidade.