
A data da próxima exposição no Arsenale ainda não foi confirmada, mas sua Diretora Artística, Koyo Kouoh, já está trabalhando a todo vapor. Além de ser a primeira mulher africana a chefiar a Bienal de Veneza, ela promete descentralizar o foco desse evento histórico, a partir da sua pesquisa com geografias negras.
“A Exposição Internacional de Arte da Bienal de Veneza tem sido o centro de gravidade da arte há mais de um século. Artistas, profissionais de arte e museus, colecionadores, negociantes, filantropos e um público cada vez maior convergem para este local mítico a cada dois anos para sentir o pulso do Zeitgeist. É uma honra e um privilégio único na vida seguir os passos de antecessores luminares no papel de Diretor Artístico e compor uma exposição que espero que tenha significado para o mundo em que vivemos atualmente – e mais importante, para o mundo que queremos fazer”, disse ela em pronunciamento oficial.
Enquanto aguardamos a divulgação da seleção de Kouoh, olhamos para as representações nacionais que ocuparão o Giardini para tentar mapear o clima para essa bienal histórica. Cada comissão nacional está encarregada de apontar um curador – ou um time de curadoria – responsável por desenhar o projeto artístico comissionado de cada um dos pavilhões internacionais.
Embora não seja um requisito, vários países frequentemente alinham as suas escolhas de acordo com o tema da exposição principal, que espera-se ser anunciada ainda neste meio de ano.
Abaixo, acompanhe nosso guia dos principais pavilhões nacionais para a Bienal de Veneza de 2026 anunciados até agora. Esta lista será atualizada à medida que outros países anunciarem suas representações.
Grã Bretanha
Lubaina Himid representará a Grã-Bretanha na Bienal de Veneza em 2026. A artista e curadora britânica nascida em 1954, em Zanzibar, foi a primeira mulher negra a receber o Turner Prize, em 2017. Pioneira do Movimento de Arte Negra Britânica nos anos 1980, Himid dedicou sua carreira de mais de quatro décadas a destacar histórias marginalizadas. Seu trabalho abrange pinturas, esculturas e instalações que abordam as consequências do colonialismo.
Austrália
O artista Khaled Sabsabi, nascido no Líbano, foi afastado do cargo para o qual já havia sido apontado, como representante da Austrália na Bienal de Veneza, uma medida que deflagrou múltiplas renúncias de cargos ocupados por artistas e criativos dentro da Creative Australia, a organização federal responsável pelo Pavilhão Australiano. Sabsabi foi desligado, bem como o curador Michael Dagostino, depois que o jornal Australian destacou um trabalho anterior do artista com a imagem de um líder do Hezbollah. O país, então, segue sem representação definida, mas a dupla já manifestou publicamente seu desejo de participar da exposição, ainda que não seja representando a Austrália.
Mais recentemente, a Creative Australia, que é uma entidade pública do país, afirmou que o Pavilhão Australiano da Bienal de Veneza de 2026 poderá permanecer vazio após a revogação dos contratos do artista e curador selecionados anteriormente para o evento, consequência da falta de fundos para mobilizar uma recontratação.
Áustria
Continuando a ênfase na dança vista no pavilhão deste país em 2024, por Anna Jermolaewa, em 2026 a Áustria será representada pela disruptiva e ora polêmica coreógrafa Florentina Holzinger, que mostrará seu projeto “Seaworld Venice”. A curadoria ficou por conta de
Bélgica
A Bélgica selecionou Miet Warlop, conhecida pelas performances que combinam artes visuais e teatro. Patrocinado pela MORPHO em Antuérpia e pelo Kanal – Centre Pompidou em Bruxelas, o seu pavilhão terá o título “IT NEVER SSST” e conta com curadoria de Caroline Dumalin.
Canadá
O artista em ascensão Abbas Akhavan é o escolhido pelo curador Kim Nguyen. Nascido em Teerã e trabalhando entre Montreal e Berlim, ele também terá uma grande retrospectiva do seu trabalho no Walker Art Center de Minneapolis em 2026.
Dinamarca
A Dinamarca traz a artista mais jovem até agora a representar um país da Bienal de Veneza, a Maja Malou Lyse, cujas fotografias, instalações e esculturas tratam de como o consumo de mídia molda os desejos. "Estou pronta para dar à bienal algum apelo sexual", disse a artista, que nasceu em 1993, em uma declaração. Um curador ainda não foi revelado para seu pavilhão.
Estônia
A artista selecionada Merike Estna é reconhecida no país por sua prática expandida da pintura.
Finlândia
Jenna Sutela, artista conhecida por esculturas que desafiam os limites da matéria e que utilizam matéria biológica, IA e tecnologias digitais, foi escolhida para fazer o pavilhão da Finlândia para a Bienal de 2026. Stefanie Hessler, diretora do Instituto Suíço de Nova York, será a curadora do pavilhão.
França
Yto Barrada representará seu país natal em 2026. Descendente de marroquinos, sua prática envolve esculturas, instalações e obras de arte conceituais que questionam meios pelos quais os movimentos políticos são historicizados. O trabalho dela apareceu no Arsenale durante duas Bienais de Veneza, mas esta é a primeira vez que ela ocupa um pavilhão nacional.
Hungria
O artista de Budapeste Endre Koronczi representará a Hungria com um projeto intitulado Pneuma Cosmic, com curadoria de Luca Cserhalmi.
Islândia
Ásta Fanney Sigurðardóttir foi a multiartista escolhida para representar o país.
Irlanda
Equipe do Pavilhão Irlandês 2026, da esquerda para a direita na imagem abaixo: Emma Moore, a curadora Georgina Jackson, a artista selecionada Isabel Nolan, o produtor Cian O’Brien, Niamh Darling e Rachel McIntyre na Douglas Hyde Gallery of Contemporary Art, Dublin, 2024.
Lituânia
Encomendado pelo Museu Nacional de Arte da Lituânia e com curadoria da curadora independente Louise O'Kelly, o pavilhão da Lituânia será feito por Eglė Budvytytė.
Luxemburgo
Nascida em Bruxelas, a artista escolhida Aline Bouvy agora vive entre Luxemburgo e a Bélgica. A curadoria será assinada por Stilbé Schroeder, curador e chefe de departamento de exposições e programação do Casino Luxembourg – Forum d’art Contemporain.
Desde já podemos observar uma tendência de pessoas nascidas fora do país de representação para ocupar o Giardini. Será essa uma influência da última edição, ou um padrão perene?
Não deixe de salvar a matéria para acompanhar divulgações futuras.