“Charles Gaines: 1992–2023” no ICA Miami

Reconhecido como um pioneiro da arte conceitual, Gaines esteve na vanguarda da introdução de linguagem e sistemas na produção artística por décadas. Ele é amplamente conhecido por seu uso de mecanismos de tradução para converter imagens e documentos em estruturas numéricas, notação musical e outros sistemas de sinalização. A exposição do ICA Miami destaca uma mudança fundamental na prática de Gaines durante a segunda metade de sua carreira, na qual seu trabalho adquire uma dimensão política e social ainda maior, incorporando materiais ricos em significado cultural preexistente. Entre esses materiais estão o manifesto dos Panteras Negras, bem como textos de Franz Kafka e Frantz Fanon, que foram canalizados pelo artista em obras formais e conceituais complexas. Essa abordagem radical permitiu a Gaines abordar as questões de raça e política de identidade de maneiras inovadoras que vão além da representação. Simultaneamente, Gaines começou a combinar diferentes mídias, incluindo vídeo e som, em suas obras.

A exposição do ICA Miami reúne, pela primeira vez, diversas obras monumentais e séries que demonstram a evolução da abordagem de Gaines ao combinar uma variedade de materiais – eletrônicos, madeira, acrílico, fotografias – e transformá-los em uma linguagem visual distinta. Entre elas está uma peça monumental que está sendo recriada por Gaines pela primeira vez em vinte anos: Greenhouse (2003–2023) é uma enorme estrutura escultural de aproximadamente 3,6 por 4,8 metros em que condições atmosféricas simuladas associadas às mudanças climáticas são conflacionadas com visualizações de dados de mudanças de temperatura registradas em todo o mundo desde o século XV até o presente. Outra obra em grande escala, Falling Rock (2000–2023), é uma escultura em que um pedaço de granito de 65 libras cai de maneira aleatória e súbita, criando resultados inesperados para o espectador a cada vez. O artista está recriando essas obras importantes especificamente para a exposição do ICA Miami.