A Superfície apresenta Película, individual da artista Vera Chaves Barcellos. Através de uma seleção de doze trabalhos, a mostra traça um panorama de sua carreira artística, reunindo obras conhecidas e outras menos vistas pelo público. Com texto de Veronica Stigger, o título Película faz referência a uma série homônima da artista, que discute metonimicamente fotografia e cinema, em conversa franca com a arte conceitual.
Película também diz respeito à pele: película é uma camada de pele muito fina, mas também é uma pele pequena, apontando para o corpo, tão central na obra de Vera Chaves Barcellos. Película é ainda a camada por meio da qual a artista faz com o que o corpo (a pele) não seja percebida em sua totalidade. Há sempre um véu que encobre a imagem, como em L’Intervallo Perduto Homenagem a Gillo Dorfles; ou esta é desfocada, como em A filha de Godiva (1994); ou se confunde com seu reflexo no vidro, como em Manequins de Dusseldorf (1978). Quando não há esse véu, há outro expediente que faz com que o corpo não seja visto por completo: o retrato tirado das costas (e não do rosto), como em Retratos (1992-93); ou, outro exemplo, o corpo visto em fragmentos, como na série Epidermic Scapes (1977).
A exposição ocupa os dois andares da galeria e traz, principalmente, a produção fotográfica da artista, seja na forma de engajamento politico ou com o desenvolvimento de uma ideia experimental. Flertando constantemente com a arte conceitual, Película é um recorte curatorial da produção da artista, em que obras importantes de sua carreira se reunem às que não foram devidamente apreciadas pelo público.
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