Está chegando, no dia 14 de fevereiro, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, uma exposição imersiva. Mas, calma, não é o que você está pensando. Esta, intitulada Arcangelo Ianelli 100 anos – o artista essencial, traz 98 obras originais, maquetes e objetos do artista, trazidos dos maiores museus da cidade, como Pinacoteca, MAC USP, FAAP, além dos acervos da família e do próprio MAM.
A curadoria de Denise Mattar propõe um mergulho poético por meio das pinturas colossais de Ianelli, como na série Vibrações, onde algumas de suas peças atingem cerca de cinco metros de comprimento. “Vale observar como um artista que defendia a pintura conseguiu, apenas com ela, oferecer ao público uma experiência imersiva, bem antes de isso se tornar uma mania e sem o uso de qualquer tecnologia digital”, analisa Mattar no texto curatorial da exposição. O poema de Ferreira Gullar, estampado na entrada do espaço, confirma a análise da curadora ao dizer “e os grandes quadros parecem feitos para que neles o pintor, você e eu, nos apaguemos fundidos em azul, em violeta, em rosa, em cinza, em luz”.
A mostra ainda reproduz uma parte do ateliê do artista, apresentando suas tintas, pincéis e livros, na intenção de aproximar os visitantes dos bastidores criativos das obras expostas. “Isso faz parte da minha proposta como curadora, sempre fazer exposições sedutoras para que a gente possa trazer o público comum”, explica Mattar. Frases como “A ordem é o prazer da razão; a desordem é a delícia da imaginação”, de André Malraux, e “Não há morte para os que delegam ao objeto da criação o poder da vida”, cujo autor é desconhecido, também estão reproduzidas em plaquinhas na exposição, exatamente como foram encontradas no ateliê de Ianelli.
O pintor, que fez parte do lendário grupo Guanabara nos anos 1950, deixou um grande legado por sua busca pela síntese da forma e estudo das cores. Ao longo de mais de sessenta anos de trajetória artística, ele recebeu, por exemplo, o Prêmio no Panorama da Arte Atual Brasileira do MAM São Paulo, em 1973, que era uma das exposições mais importantes do Brasil.
Apesar de fazerem poucos anos desde a sua morte, em 2009, formou-se um grande hiato sem grandes exposições dedicadas ao seu trabalho e, consequentemente, a maior parte das novas gerações nunca ouviu falar dele. Suas duas últimas grandes individuais aconteceram em 2002, na Pinacoteca, e em 2004, na FAAP. A primeira, que era uma edição comemorativa dos 80 anos do artista, recebeu dois importantes prêmios: o da Associação Paulista de Críticos de Arte, referente à retrospectiva em si, e da Associação Brasileira de Críticos de Arte, que contemplou a trajetória do artista a partir da exposição.
“Os artistas que não eram alinhados nem com os concretistas e nem com os neoconcretistas, ultimamente ficaram um pouco de escanteio, e eu acho que o MAM de São Paulo está preenchendo essa lacuna”, comentou Mattar, se referindo as exposições de Jacques Douchez e Norberto Nicola, Samson Flexor e de Ianelli.
Em março, o Museu também apresenta Diálogos com cor e luz, uma exposição coletiva de artistas que dialogam direta ou indiretamente com a produção de Ianelli como Manabu Mabe, Tomie Ohtake, Mira Schendel e Takashi Fukushima.
Serviço
Arcangelo Ianelli 100 anos – o artista essencial
Local: MAM
Endereço: Parque Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3
Data: De 14 de fevereiro a 14 de maio de 2023
Funcionamento: De terça a domingo, das 10h às 18h
Ingresso: R$12,50 – R$25 | Grátis aos domingos