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7 obras que refletem sobre o trabalho e os trabalhadores

Para celebrar este 1º de maio, Dia do Trabalhador – ou do Trabalho -, separamos algumas obras nas quais questões sobre universos laborais foram levantadas por seus criadores

por Jamyle Rkain

O Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho foi criado após uma greve que aconteceu em Chicago no dia 1º de maio de 1886, na qual trabalhadores reivindicavam melhores condições de trabalho, como a redução da jornada diária, que em alguns lugares podia alcançar 17 horas. Alguns trabalhadores que participavam dos protestos deste dia foram presos e outros mortos em confrontos com a polícia. Por isso, anualmente, este dia é comemorado internacionalmente no dia 1º de maio, em homenagem aos que lutaram naquele momento — e aos que lutam diariamente.

Ao longo da História da Arte, o tema “trabalho” e o “trabalhador” foi discutido de várias maneiras. No Brasil, é muito comum pensarmos nesses temas associados à clássica obra Operários, de Tarsila do Amaral, e às fotografias que Oscar Niemeyer tirou no momento da construção de Brasília, especialmente as quais os candangos são retratados. As pinturas de Portinari trazendo um olhar sobre o trabalho nas lavouras de café e de cana-de-açúcar são também bastante enfatizados.

Para comemorar este dia, preparamos uma lista com outras 7 obras que falam sobre o trabalho ou sobre o trabalhador! Confira abaixo:

Jacob Lawrence, The Builders (Family), 1974

Ainda há pouco você leu sobre Jacob Lawrence por aqui! Num perfil sobre o artista publicado aqui no ARTEQUEACONTECE, falamos sobre a relação que ele teve com as questões que envolviam o trabalho. Isso porque ele trouxe em um conjunto de obras reflexões sobre política, economia e sociedade. Em sua série Migrações (Migration Series), o trabalho foi um tema bastante presente nas pinturas. Isso porque nela o artista tratou do êxodo de afro-americanos do sul para o norte dos EUA durante e após a Primeira Guerra Mundial, pois naquele momento houve intensa demanda da indústria por trabalhadores.


Judy Chicago e Miriam Schapiro, Womanhouse, 1974

Já dizia Silvia Federici: “O que eles chamam de amor, nós chamamos de trabalho não pago”. Nesta instalação icônica das artistas Judy Chicago e Miriam Schapiro, a crítica feminista ao papel social da mulher, relegado majoritariamente ao ambiente privado, o doméstico, pelo patriarcado, chocou. Em uma construção performática, 21 mulheres se reuniram para realizar trabalhos manuais na formulação de uma casa, tipo de serviço atribuído aos homens. Desta forma, elas buscavam problematizar ideias do trabalho feminino, geralmente vinculado ao doméstico, que é romantizado pela falácia de “amor ao lar” que tenta justificar muitas vezes a exclusão das mulheres de postos de trabalho… Então, o ponto crucial aqui é a reivindicação por equidade de gênero em ambientes de trabalho.

Edgar Degas, A Woman Ironing, 1873

E por falar em trabalhos domésticos… Degas pintou lavadeiras e passadeiras em diversos quadros! Isso porque ele ficava fascinado pelos movimentos, os gestos, que elas faziam durante seus trabalhos, movimentos que eram especializados e repetitivos. De acordo com um texto do Musée d’Orsay sobre esse interesse do artista, ele era um “observador atento do mundo do trabalho em oficinas de chapelaria ou lavanderias”. Ele buscava retratar essas trabalhadoras de forma que mostrasse o cansaço delas pelas atividades árduas que exerciam.

Maria Auxiliadora, Colheita de flores, 1972

Muitos trabalhos de Maria Auxiliadora abordaram a labuta rural, no campo, a maioria deles dando ênfase à colheita. Na importante exposição individual da artista que o MASP realizou em 2018 havia, inclusive, uma seção dedicada às suas pinturas que tinham como pano de fundo o ambiente rural, grande parte delas relativas ao trabalho. Essas peças de Auxiliadora são, inclusive, bastante admiradas tanto no Brasil quanto no exterior. Colheita de Flores, por exemplo, faz parte do acervo do MALBA, em Buenos Aires.

Thiago Honório, Trabalho, 2013-2016

As relações criadas por Thiago Honório um grupo de trabalhadores da construção civil foi o ponto de partida para a instalação Trabalho. Na imagem acima, a obra foi montada no MASP em 2017. Ela reúne instrumentos ou ferramentas que eram desses trabalhadores, que as doaram ou as trocaram por algo com o artista. São picaretas, escadas, picaretas, enxadas, marretas, foices, pincéis, dentre outras coisas, que são colocadas de forma vertical contra a parede e que, de acordo com texto que acompanhou esta exposição no MASP remonta a uma “fileira de retratos de trabalhadores”.

Antonio S. Victor, Trabalho, 1951

Um fotógrafo notável que documentou diversas cenas de construção por São Paulo, Antonio S. Victor era originalmente um operário que tinha um olhar muito sensível para as cenas cotidianas que vivenciava enquanto exercia seu ofício. Com interesse pela fotografia, ela entrou para o Foto Clube Bandeirante em 1945. No grupo, ele era minoria porque era operário e negro. Com imagens cinematográficas de ambientes de trabalho, ele despontou com o um dos frequentadores do Clube com maior participação em mostras internacionais.

Kerry James Marshall, Untitled (Studio), 2014

O trabalho do artista está refletido aqui nesta tela de Kerry James Marshall, na qual ele traz um ateliê. No caso, essa é uma representação da ideia inicial que Marshall teve como um “espaço de trabalho de um artista negro”, quando visitou o estúdio Charles White (1918–1979), seu ídolo, em Los Angeles durante um curso. A obra é também homenagem ao trabalho do artista, à história da pintura e às múltiplas possibilidades de fazeres.

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