A estação primavera-verão começa a ficar mais verão que primavera e a primeira coisa que você precisa fazer é agendar sua visita a um museu a céu aberto. Afinal, esses espaços são considerados verdadeiras iguarias pelo mundo porque possuem a capacidade de unir arte e natureza da forma mais orgânica possível. Depois de fazer uma seleção final dos melhores museus a céu aberto pelo mundo, separamos seis espaços do norte ao sul do Brasil que vale a pena conhecer já!
1. Usina de Arte Em Pernambuco
Em 1998, na cidade de Água Preta, Zona da Mata Sul do estado de Pernambuco, uma das maiores usinas canavieiras da região, encerrou suas atividades de moagem. O que antes era um centro de produção de cana, açúcar e álcool, hoje se transformou num verdadeiro parque artístico-botânico que fomenta a região com uma nova forma de ocupação ambiental, econômica e cultural.
O projeto teve início quando o designer Hugo França contatou o bisneto do fundador da usina e criaram a Usina de Arte ao lado de Bárbara Maranhão. A partir de então, o espaço industrial se transformou em ateliês, salas de aula e galerias, além de incentivar o trabalho de artistas como Lais Myrrha e José Rufino.
A instalação “A parte da terra” é, na verdade, uma Land Art – ou seja, uma obra que não só se relaciona com a natureza, mas também faz parte dela. De autoria da artista mineira Lais Myrrha, a obra se encontra no centro da paisagem e faz com que o morro em que ela ocupa se transforme em um elemento arquitetônico.
José Rufino, um dos idealizadores da Usina de Arte, participou ao longo de 33 anos de quase 250 exposições, incluindo as Bienais de São Paulo, Mercosul e Havana. Na foto, Rufino realiza a obra “Opera Hominum” (2016) que consistia em gravuras das mãos de operários sobre folhas de pagamento da própria Usina. Além de “Opera Hominum”, a instalação “Ligas” é exibida no antigo hangar da usina e está atualmente disponível para o público.
2. Oficina Brennand
Um dos ceramistas mais notáveis do Brasil, Francisco Brennand aprendeu a trabalhar com a matéria que o consagrou ainda na adolescência, na Cerâmica São João – antiga fábrica de tijolos e telhas herdadas de seu pai. Foi lá que ele entendeu qual seria seu objetivo de vida: ser artista. A partir de 1971, transformou o espaço na Oficina Brennand com o objetivo de preservar o legado da arte na região de Recife, mas pouco tempo depois a Oficina se tornou um Instituto e Brennand doou um acervo com mais de 2500 obras para o Estado.
Hoje, a Oficina Brennand conta com a doação das obras, da área da reserva ambiental e da Capela Imaculada Conceição, construída a partir das ruínas de um sobrado colonial do século XIX e dedicada à Imaculada Conceição e com projeto assinado por Paulo Mendes da Rocha e Eduardo Colonelli.
Além disso, em novembro do ano passado, a galeria Gomide&Co celebrou a representação das obras de Brennand em comemoração aos 50 anos de atuação do artista e apresentou duas exposições ao público – “Francisco Brennand: Um primitivo entre os modernos” e “Devolver a terra à pedra que era“.
Então, se você está planejando uma viagem a Pernambuco, não deixe de visitar a Oficina Brennand e conhecer a coleção de esculturas cerâmicas, murais, desenhos, pinturas e obras têxteis que o espaço oferece.
3. FAMA Museu
Antigamente conhecido como Fábrica São Pedro, o FAMA Museu conta com mais de 25.000 m² e está localizado no centro histórico de Itu. Com um rico acervo focado na arte brasileira, o prédio foi construído em meados de 1900 e abrigou uma fábrica têxtil, a Fábrica São Pedro, por muitos anos. Em 2018, entretanto, o espaço foi adquirido pelo artista e colecionador Marcos Amaro.
O museu oferece um acervo de obras que vão desde pinturas e fotografias até instalações contemporâneas neste espaço que integra natureza, botânica e arte tão bem. As salas expositivas estão em antigos galpões industriais para que não só os amantes das artes, mas também os da arquitetura possam desfrutar do cenário industrial-contemporâneo.
4. Museu Felícia Leirner
Nomeado a partir da artista plástica Felícia Leirner, o museu está localizado em Campos de Jordão e conta com mais de 80 esculturas espalhadas pelo grandioso jardim de 35 mil m².
As obras, feitas em materiais como bronze, cimento branco e granito, são constantemente restauradas e foram distribuídas através de fases determinadas pela artista sendo elas “Abstrata”, “A Caminho da Abstração”, “Figurativa” e mais. Além do caminho que integra natureza e arte na mesma medida, o museu é um patrimônio ambiental que vale a pena visitar.
5. Inhotim
Se você achou que Inhotim não estaria nessa lista, não se desespere – não há dúvidas que Inhotim é o marco mineiro e brasileiro dos museus a céu aberto. Afinal, a busca pela cultura e arte nos levou a 20 km² de terra e, principalmente, os 970.000 m² de área de visitação que inclui jardins, edificações, galerias, lagos e centenas de obras de arte que reservam experiências imersivas inesquecíveis para os visitantes.
Inclusive, a extensão e riqueza natural do museu é tão relevante que foi considerado um verdadeiro acervo botânico pelas autoridades para que seja reservado como tal. Para ser mais exata, o instituto recebeu em 2010 a denominação de Jardim Botânico e desde então integra o RNJB (Rede Brasileira de Jardins Botânicos) porque conta com cerca de 181 famílias botânicas, mais de 900 gêneros e pouco mais de 4.200 espécies, sendo, curiosamente, 1.400 só de palmeiras – a maior coleção de espécies de plantas vivas do Brasil.
Este ano o museu inaugurou uma sequência de exposições sob o tema Território Específico, além de promover uma série de exposições e ações em torno da obra do poeta, dramaturgo e ativista, Abdias Nascimento. Inclusive, neste mês de novembro, o Instituto vai inaugurar as exposições “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro” e “O Mundo é o Teatro Do Homem”, então fica a dica para você se organizar para conhecer o museu e aproveitar a abertura de uma nova exposição.
6. Parque Natural Arte Serrinha
Localizado em Bragança Paulista, no bairro da Serrinha, o Parque Natural Arte Serrinha está situado no início da Serra da Mantiqueira e é uma área da Fazenda Serrinha que foi recentemente reconhecida como reserva ecológica particular.
A extensão da fazenda garante que seus visitantes apreciem uma vista privilegiada do mirante, da represa e da paisagem da região, além de conhecer o espaço que abriga esculturas e instalações de Land Art:
Neste caso, as instalações foram construídas especificamente para os espaços que ocupam e garantem aos visitantes uma interação entre ambiente, terra e a expansão da percepção estética.
Instalações como “Terzo Paradiso”, de Michelangelo Pistoletto ou “Como a Água Anda”, uma obra lúdica da artista Stela Barbieri, são exemplos dessa vertente artístico-política que envolve toda a extensão deste museu a céu aberto. Além disso, mais uma forma de conhecer o parque é indo ao Festival Arte Serrinha que acontece todos os anos em julho e garante aos visitantes uma experiência imersiva em arte, música, gastronomia e sustentabilidade.
