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10 exposições para visitar durante a Bienal de Veneza

por diretor

A 60ª Bienal de Veneza, intitulada Foreigners everywhere [Estrangeiros em todos os lugares] e curada por Adriano Pedrosa, abre suas portas em 20 de abril e poderá ser visitada até 24 de novembro de 2024.

Quanto ao título Pedrosa explica: “Em primeiro lugar, [Estrangeiros em todos os lugares] significa que onde quer que você vá e onde quer que esteja, sempre encontrará estrangeiros – eles/nós estamos em todos os lugares. Em segundo lugar, que não importa onde você se encontre, você sempre é verdadeiramente, e no fundo, um estrangeiro”. A exposição conta com a participação de trezentos e trinta e dois artistas, incluindo noventa convidados internacionais, que abordam o tema central por meio de diversas perspectivas e linguagens artísticas.

Além do perímetro do Giardini e Arsenale, há muitas instalações, projetos e exposições paralelas que ampliam as possíveis interpretações do tema da Bienal, e definitivamente valem a pena serem visitados. De Willem de Kooning na Gallerie dell’Accademia, Julie Mehretu no Palazzo Grassi, a Christoph Büchel na Fondazione Prada, Pierre Huyghe na Punta della Dogana e Eva Jospin no Fortuny Museum, selecionamos algumas das melhores exposições para visitar por entre os labirintos das “calli” venezianas.

Julie Mehretu, Black City, 2007. Cortesia da artista e da Marian Goodman Gallery, Nova York

“Ensemble” de Julie Mehretu no Palazzo Grassi | 17/03 até 06/01/25

O Palazzo Grassi apresenta uma importante exposição do trabalho de Julie Mehretu, com curadoria de Caroline Bourgeois em colaboração com a artista. A prática artística da pintora e gravurista etíope sempre envolveu colaborações e trocas com outros artistas. Ao destacar as relações entre afinidades intelectuais e emocionais e a criação artística, a exposição pinta um retrato coletivo de uma comunidade em constante diálogo. As obras de Mehretu são apresentadas ao lado de artistas próximos e interlocutores influentes como Nairy Baghramian, Huma Bhabha, Robin Coste Lewis, Tacita Dean, David Hammons, Paul Pfeiffer e Jessica Rankin, promovendo um diálogo entre pintura, poesia, escultura, cinema, voz e música.

Com mais de sessenta pinturas e gravuras produzidas ao longo de vinte e cinco anos, incluindo alguns de seus trabalhos mais recentes, a exposição é distribuída em ambos os andares do palácio e inclui obras da Coleção Pinault, empréstimos de museus internacionais e coleções privadas.

Jean Cocteau, Fear Giving Wings to Courage (La Peur donnant des ailes au courage), 1938. Coleção do Museu de Arte de Phoenix, Doação do Sr. Cornelius Ruxton Love Jr © Adagp/Comité Cocteau, Paris, por SIAE 2024.

Jean Cocteau: The Juggler’s Revenge” na Coleção Peggy Guggenheim | 13/04 até 16/09

A Coleção Peggy Guggenheim apresenta “Jean Cocteau: The Juggler’s Revenge” [“Jean Cocteau: A Vingança do Malabarista”], a maior retrospectiva já realizada na Itália dedicada ao multifacetado artista Jean Cocteau (1889–1963). Curada pelo especialista na produção do artsta, Kenneth E. Silver, da Universidade de Nova York, a exposição apresenta mais de cento e cinquenta obras que abrangem diversos meios, incluindo desenhos, gráficos, joias, tapeçarias, documentos históricos, livros, revistas, fotografias, documentários e filmes dirigidos por Cocteau.

Uma figura prolífica do século XX, Cocteau se descrevia como poeta, romancista, dramaturgo e crítico, mas também demonstrava uma habilidade perceptível como artista visual. A exposição se concentra nesse aspecto de sua criatividade, destacando seu trabalho como desenhista, artista gráfico, muralista, designer de moda e cineasta. A natureza eclética de Cocteau lhe rendeu o título de um “homem renascentista” moderno, influenciando a cena artística francesa. Seu círculo de contatos incluía nomes como Josephine Baker, Coco Chanel, Sergei Diaghilev, Edith Piaf, Pablo Picasso e Tristan Tzara. Para mais, sua capacidade de navegar pelas contradições culturais, sociais e políticas da época foi notável, mesmo diante dos desafios enfrentados devido à franca afirmação de sua homossexualidade e dependência de ópio.

Willem de Kooning em seu estúdio em East Hampton, Nova York, 1971. Fotografia de Dan Budnik © 2024 O Espólio de Dan Budnik. Todos os direitos reservados. Cortesia The Willem de Kooning Foundation

Willem de Kooning e l’Italia” na Gallerie dell’Accademia | 16/04 até 15/09

Organizada pelo diretor das Gallerie dell’Accademia di Venezia, Giulio Manieri Elia, a mostra celebra a obra de Willem de Kooning, um dos artistas mais originais e influentes do século XX. Com a curadoria de Gary Garrels, ex-diretor do Museu de Arte Moderna de São Francisco, e Mario Codognato, diretor da Fundação Anish Kapoor, esta será a primeira exposição a investigar o impacto das estadias de de Kooning na Itália, entre 1959 e 1969, em sua obra. Assim como seus ambientes em Nova York e East Hampton influenciavam sua arte, o mesmo ocorreu durante suas estadias na Roma cosmopolita.

“Estamos convencidos de que propor de Kooning foi a escolha certa por várias razões: em primeiro lugar, pela importância do artista. Em segundo lugar, por causa do tema e das conexões especiais com a Itália, que é querida e próxima de nós. Deve ser acrescentado que, após a morte de de Kooning, suas obras raramente foram vistas na Itália, sendo a última exposição dedicada ao seu trabalho datada de dezoito anos atrás. Finalmente, o que nos convenceu foi a qualidade da seleção dos curadores, apresentando cerca de 75 obras que representam a amplitude dos períodos mais expressivos de de Kooning.”, comenta Giulio Manieri Elia.

Imagem de Pierre Huyghe, Camata, 2024 – em andamento © Pierre Huyghe / ADAGP, Paris (2024) Cortesia do artista e Galerie Chantal Crousel, Marian Goodman Gallery, Hauser & Wirth, Esther Schipper e Taro Nasu

“Liminal” de Pierre Huyghe na Punta della Dogana | 17/03 até 24/11

Em sua maior exposição até o momento, o artista parisiense transforma a Punta della Dogana em um meio dinâmico e sensível em constante transformação. A exposição é um estado transitório habitado por criaturas humanas e não humanas e torna-se o local de formação de subjetividades que estão constantemente aprendendo, mudando e hibridizando.

Pierre Huyghe há muito tempo questiona a relação entre o humano e o não-humano e concebe suas obras como ficções especulativas das quais emergem outras modalidades de mundo. Para ele, as ficções são “veículos para acessar o possível ou o impossível – o que poderia ser ou não poderia ser”.

Curada por Anne Stenne, a mostra apresenta novas criações ao lado de obras dos últimos dez anos, especialmente da Coleção Pinault.

Eva Jospin, Forêt, 2023. Foto: Ela Bialkowska, Estúdio OKNO

“Selva” de Eva Jospin no Fortuny Museum | 10/03 até 24/11

A pesquisa de Eva Jospin sempre foi inspirada na natureza em todas as suas articulações semânticas e visuais, tanto em seu estado original quanto nas diversas interpretações iconográficas e iconológicas ao longo do tempo. Ela utiliza materiais simples, como papelão, elementos vegetais, metal e tecido, para criar composições volumosas e visualmente impactantes. Suas obras evocam paisagens, árvores, plantas e estruturas arquitetônicas com um tom de conto de fadas, por vezes misterioso e quase mágico, levando à reflexão sobre processos intelectuais de criação, questões ecológicas e a percepção do espaço. 

A exposição em Veneza, no histórico Palazzo Pesaro, além de interagir com o contexto histórico e ambiental que a acolhe, dialoga também com as coleções que abriga, revelando afinidades estéticas e metodológicas inesperadas com a poética de Mariano Fortuny.

Fondazione Prada Veneza, Ca’ Corner della Regina. Foto: Delfino Sisto Legnani e Marco Cappelletti.

Christoph Büchel: Monte di Pietàna Fondazione Prada | 20/04 até 24/11

A sede veneziana da Fondazione Prada está localizada no palácio histórico Ca’ Corner della Regina, e apresentará o projeto “Monte di Pietà”, concebido pelo artista suiço Christoph Büchel. Baseando-se na história de Ca’ Corner della Regina, este projeto entrelaça narrativas espaciais, econômicas e culturais.

O estudo da dívida, como um conceito fundamental na sociedade e um instrumento de poder, se materializa em uma instalação complexa. O projeto abrange obras históricas e contemporâneas, além de novas instalações, acompanhadas por uma vasta seleção de objetos e documentos relacionados à história da propriedade, do crédito e das finanças, ao desenvolvimento de coleções e arquivos, e à criação e significado da riqueza real ou artificial. Dentre as obras de diferentes artistas e objetos em exibição, destaca-se “The Diamond Maker” de Christoph Büchel, onde, ao transformar seu corpo inteiro de trabalho em diamantes cultivados em laboratório, Büchel encapsula a essência da riqueza e sua evolução ao longo do tempo.

Yoo Youngkuk, Work, 1975 © Yoo Youngkuk Art Foundation

A Journey to the Infinite: Yoo Youngkuk” na Fondazione Querini Stampalia | 20/04 até 24/11

A exposição apresentará obras do renomado pintor coreano Yoo Youngkuk, marcando sua primeira exposição solo na Europa. Organizada pela Fundação de Arte Yoo Youngkuk e curada por Kim Inhye, a mostra reúne trinta pinturas a óleo em grande escala, vinte gravuras em cobre e uma variedade de fotografias na histórica Fondazione Querini Stampalia, documentando a evolução de um dos artistas mais importantes da Coreia. A mostra foi selecionada como um Evento Colateral pelo curador da 60ª Bienal de Veneza, Adriano Pedrosa.

Yoo Youngkuk foi um pioneiro da pintura abstrata geométrica que deixou uma grande marca na história da arte na Coreia. As obras selecionadas na exposição, incluindo trabalhos nunca antes vistos fora da Coreia, refletem o engajamento apaixonado de Yoo com a destilação de formas pictóricas como meio de investigar sua relação profundamente pessoal com a natureza. Através de sua busca por retratar a essência dos elementos naturais por meio da abstração, Yoo representava formações tridimensionais de terra e mar como pontos, linhas, planos e cores fortes. Além das obras, a exposição também incluirá documentos e objetos do arquivo de Yoo Youngkuk, fornecendo insights sobre sua vida e prática artística.

Berlinde De Bruyckere, Arcangelo II (San Giorgio), 2023–2024 (trabalho em progresso), 2024 © Berlinde De Bruyckere. Photo: Mirjam Devriendt 

Berlinde De Bruyckere – City of Refuge III” na Abbazia di San Giorgio Maggiore | abertura em 20/04

“City of Refuge III” explora as dualidades da transcendência e da imanência material, com três novos grupos de obras de De Bruyckere respondendo à arquitetura monumental, função, simbolismo e história da igreja. A exposição inclui uma instalação de esculturas de Arcanjos na nave e corredores, uma grande instalação na Sacristia da igreja, e esculturas no corredor da galeria do mosteiro.

O título da exposição é inspirado em uma música de Nick Cave e representa o terceiro evento de uma série que tematiza a arte como um lugar de santuário e refúgio. A prática artística de De Bruyckere busca criar formas híbridas com características humanas, animais e orgânicas, se aprofundando em temas como amor e sofrimento, perigo e proteção, vida e morte.

Concebida especificamente para os espaços sagrados da Abadia de San Giorgio Maggiore, a mostra é uma colaboração com a Benedicti Claustra Onlus, o braço sem fins lucrativos da Comunidade Beneditina. Seu diretor, Carmelo A. Grasso, juntamente com Ory Dessau e Peter Buggenhout, formam a equipe curatorial.

10 exposições para visitar durante a Bienal de Veneza
Helmut Newton, Jerry Hall, Vogue America. Miami, 1974 © Fundação Helmut Newton

“Legacy” Helmut Newton na Fondazione Giorgio Cini Onlus | abertura em 28/03

A exposição retrospectiva abrange a carreira do fotógrafo berlinense Helmut Newton, explorando aspectos de sua vida pessoal e profissional, além de seu estilo ousado e elegante. Sob a curadoria de Matthias Harder, diretor da Helmut Newton Foundation, e Denis Curti, diretor artístico de Le Stanze della Fotografia em Veneza, a mostra apresenta 250 fotografias, revistas, documentos e vídeos, destacando tanto as imagens icônicas quanto fotografias inéditas que revelam aspectos menos conhecidos do trabalho de Newton. Polaroids, contact sheets e publicações especiais proporcionam insights sobre seu processo criativo, enquanto materiais de arquivo e declarações do fotógrafo contextualizam sua inspiração. Organizada em seis capítulos cronológicos, a exposição abrange desde seus primórdios na Austrália nas décadas de 1940 e 1950 até suas diversas sessões fotográficas ao redor do mundo nos anos 1990.

10 exposições para visitar durante a Bienal de Veneza
Vista da exposição “Banksy. Painting Walls” no M9 Museo del ‘900. Imagem: Divulgação M9 Museo del ‘900

Banksy. Painting Walls” no M9 Museo del ‘900 | 23/02 até 02/06

A exposição “Banksy. Painting Walls” adentra no imaginário artístico de um autor que há mais de duas décadas tem impactado a cena cultural mundial. Diante dos atuais contextos adversos, Banksy intervém com suas obras, abordando temas como a situação climática, desigualdades sociais, crises migratórias, conflitos e direitos dos povos. O foco da exposição são três muros originais do artista britânico, pintados em 2009, 2010 e 2018 em Londres, Devon e País de Gales. Esses murais apresentam adolescentes como protagonistas, representando uma nova geração sensível às questões que cercam os interesses do artista inglês. “Season’s Greetings”, pintado em Port Talbot, País de Gales, em dezembro de 2018, destaca-se como a imagem principal da mostra, retratando um garoto saboreando supostos flocos de neve que na verdade são cinzas de um incêndio, destacando a poluição na cidade. Além dos murais, a exposição reúne peças que complementam o percurso expositivo, totalizando mais de setenta obras originais.

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