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Willem Dafoe interpreta um ladrão de arte no filme Inside

Entre as obras do filme, selecionadas pelo curador Leonardo Bigazzi, está uma pintura de Maxwell Alexandre.

por Beta Germano
Willem Dafoe em Inside
Willem Dafoe em Inside

Parece que Willem Dafoe é o nome perfeito para uma dobradinha: arte e loucura! Depois de interpretar brilhantemente a trajetória de Vincent Van Gogh, Dafoe estreia em mais um filme delirante. Em “Inside”, filme que estreou essa semana nos EUA, ele encarna Nemo ( é, o nome é peculiar!), um homem que sonhava em ser artista, mas acabou virando um ladrão de obras.  

Nemo assaltava um  loft extravagante de um mega-milionário quando o sistema de segurança da casa inteligente falha e as saídas são trancadas! Ele começa, então, a lutar por sua sobrevivência numa casa cheia de peças de valores inimagináveis, mas sem itens básicos para a vida humana.  Vasilis Katsoupis, o diretor de “Inside”, adere à onda do cinema que busca  zomba dos ricos ( pense em Triângulo da Tristeza e The White Lotus) abastecendo o apartamento com luxos fúteis e a geladeira apenas com caviar, molho de trufas e bebida. Para melhorar, o eletrodoméstico toca “Macarena” para lembrar os usuários de fechar a porta! A tecnologia inteligente, aliás,  é a coisa mais próxima de um vilão: sistema de controle de fritzing corta a água e aumenta o calor para 106 graus. 

Willem Dafoe em Inside
Willem Dafoe em Inside

O curador de arte contemporânea Leonardo Bigazzi selecionou com astúcia as obras do apartamento. Faminto, Nemo tenta comer laranjas que, na verdade, são esculturas de concreto de Alvaro Urbano! Já a escultura de bronze “Paper Hat”, de Lynn Chadwick, leiloada por 2,5 milhões de libras, é usada como um “pé de cabra” improvisado. Egon Schiele também aparece nos takes, mas o protagonismo parece ser de Maxwell Alexandre cuja tela  obra “Se eu fosse vocês olhava pra mim de novo”, da série Pardo é Papel, ganha destaque na sala de estar. 

Pardo é Papel de Willem Dafoe
Pardo é Papel de e Maxwell Alexandre 

A série “Pardo é Papel” teve início no ateliê do artista carioca em 2017, quando Maxwell começou a pintar sobre papel pardo. Além de uma experiência estética, a série é um o ato político e conceitual pois ele representa corpos negros empoderados sobre uma superfície cuja cor “parda” remete ao nome usado, durante muito tempo, para velar a negritude de muitos brasileiros. 

Mais do que uma narrativa sobre grandes roubos, o filme é uma grande crítica ao sistema da arte e Maxwell é um dos artistas que faz o mesmo com veemência. Deu match! Ainda não tem previsão de estreia no Brasil, mas já estamos ansiosas!

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