Venda de obras de arte para financiar ações na Cracolândia

Em tempos de crise, ações solidárias são essenciais. Muitos artistas, galerias e colecionador já se reuniram para doar cestas básicas ou para ajudar os próprios membro do sistema que estão…

por Beta Germano
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Paulo Pereira
Paulo Pereira

Em tempos de crise, ações solidárias são essenciais. Muitos artistas, galerias e colecionador já se reuniram para doar cestas básicas ou para ajudar os próprios membro do sistema que estão em situação vulnerável como, por exemplo, os montadores e artistas sem apoio de uma galeria. Projetos que apoiam aqueles que já vivam em uma situação precária mesmo antes da pandemia do Covid-19 são ainda mais cruciais. Um grupo de fotógrafos, por exemplo, venderam seus trabalhos  para arrecadar verbas para a Casa Um, instituto que acolhe pessoas LGBTQIA+ foram expulsas de casa e vivem em numa situação de abandono familiar e da sociedade. 

Agora um grupo de 30 artistas de diversas linguagens e condições sociais – dormindo na calçada ou no conforto de casa – criaram o projeto Birico: uma iniciativa para vender seus trabalhos e gerar renda para dois fundos: um para apoiar ações emergenciais na Cracolândia e outro para ser repartido igualmente entre artistas que se envolverem com o projeto.

Daniel Mello
Daniel Mello

“Birico” é o nome dado à pedra de crack repartida. Uma estratégia de sobrevivência, e muitas vezes, de solidariedade e parceria, de quem está acostumado a viver com poucos recursos. Parte dos artistas participantes vive na região da Cracolândia e está exposta a todas as violências e descaso do poder público com as populações mais vulneráveis do centro de São Paulo. Outra parte tem trabalhos que passam por aquele território ou colaboraram de alguma forma para fortalecer a luta diária de quem tem menos condições econômicas. O projeto traz em pé de igualdade trabalhos de quem expõe em grandes museus e galerias e obras que circularam em carroças de materiais recicláveis.

Sol Casal
Sol Casal

O Fundo da Cracolândia é para ajudar os coletivos que estão no território a continuarem as suas ações. Hoje, os coletivos Tem Sentimento, Pagode na Lata e Cia Mugunzá de Teatro estão distribuindo marmitas diariamente, além de máscaras e kits de higiene. Sabendo que a pandemia não acaba agora, e que estas ações ficarão mais fragilizadas com a crescente falta de compromisso do Poder Público, os coletivos pretendem continuar a distribuir itens básicos de sobrevivência à pandemia.

O Fundo para Artistas será para ser dividido igualmente entre todas as pessoas que participam do projeto, independentemente das vendas individuais ou do valor de mercado dos trabalhos. A intenção é não haver nenhuma forma de competição, mas fortalecer quem produz arte e não consegue a visibilidade merecida por estar em situação de vulnerabilidade. Um esforço de que o projeto seja o mais horizontal possível, nas decisões e na divisão dos ganhos, fortalecendo quem mais precisa neste momento.

Aline Motta
Aline Motta
Maré dos Santos
Maré dos Santos

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