As notícias das últimas semanas de agosto e início de setembro incluem obras de artistas renomadas, a primeira diretora da Nacional Portrait Gallery, ameaças das mudanças climáticas na arte, aberturas de espaços expositivos em São Paulo, acidente em Museu israelense e mais.
LACMA + Gucci homenageiam Simone Leigh
O evento de gala “Art + Film“, que une artes, moda e cinema para homenagear convidados diferentes a cada ano, chega à sua 13ª edição, organizada pelo Museu de Arte do Condado de Los Angeles, o LACMA, com apoio da Gucci.
Neste ano, a artista Simone Leigh foi escolhida como homenageada. A estadunidense que levou o Leão de Ouro por sua participação na Bienal de Veneza de 2022, trabalha com questões da subjetividade negra em suas esculturas e instalações de grande escala, será homenageada juntamente com o diretor australiano Baz Luhrmann, famoso por dirigir Moulin Rouge e O Grande Gatsby.
A festa será em novembro e terá show de Charli XCX, o ator Leonardo DiCaprio co-presidirá o evento pelo décimo terceiro ano consecutivo. Além da noite de gala, o projeto financia o programa do LACMA ligado ao audiovisual, com os lucros do evento sendo revertidos em exposições, aquisições e programação educacional, além de exibições que exploram a interseção entre arte e cinema ao longo do ano.
Primeira diretora da National Portrait Gallery, em Londres
Victoria Siddall acaba de ser apontada como diretora da National Portrait Gallery (NPG), tornando-se a primeira mulher e a 13ª pessoa a ocupar o cargo nos 168 anos de história do NPG. A importante galeria de arte em Londres abriga uma coleção de retratos de britânicos historicamente importantes.
“Estou realmente honrada em ter a oportunidade de liderar a National Portrait Gallery”, disse ela ao Artnet News. “A arte dentro de suas paredes conta histórias de conquistas humanas e o que nos une como sociedade, inspirando e moldando nossa visão do mundo e nosso lugar nele.”
Siddall teve uma carreira proeminente de mais de 20 anos, trabalhando principalmente no setor comercial, começando na Christie’s, renomada casa de leilões, e mais recentemente sendo a diretora global da Feira de Arte Frieze. Ela também defende a causa ambiental e promete fazer uma gestão que eleve ainda mais a galeria, que acaba de receber um aporte de 41,3 milhões de euros depois de reabrir em 2023 após reformas.
Maior museu de arte sacra do país fecha as portas
O Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro do Dois de Julho, no Centro Histórico de Salvador, está fechado desde o fim de julho por falta de dinheiro para cuidar de sua estrutura, que sofre ao completar seu 65° ano de existência. O reitor da UFBA, Paulo Miguez, informou que “em um cenário de perdas orçamentárias às Instituições de Ensino Superior, que se acumulam ao longo dos anos, não há verba para o custeio da recuperação do Museu”. Já a Secult confirmou que um plano para o restauro do edifício será elaborado pela Prefeitura de Salvador.
Por meio de nota, a UFBA informou que há riscos relacionados à estrutura do museu, principalmente nas instalações elétricas e nos telhados, “que ameaçam a segurança do local e de seu patrimônio histórico”. Seu acervo é formado por pinturas, peças de azulejaria, ourivesarias, imagens esculpidas de santos diversos, móveis históricos, além do prórpio prédio, tombado pelo IPHAN e considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985.
Patrimônios da Unesco estão ameaçados pelas mudanças climáticas
Um novo estudo da Climate X listou os 50 locais históricos considerados Patrimônios pela UNESCO mais em risco em face das mudanças climáticas. Foram mapeados patrimônios localizados na América Latina, mas nenhum deles foi citado no relatório de resultados da pesquisa.
Seus autores avaliaram todos os 1.223 locais da UNESCO globalmente, usando modelagem para prever como vários riscos climáticos – como ciclones tropicais, calor extremo e inundações – afetarão esses locais no próximo século.
O local mais vulnerável às mudanças climáticas é o sistema de irrigação Subak do século IX da Indonésia, ameaçado pela seca, calor extremo e inundações. Outros locais significativos na lista incluem a Caverna de Pont d’Arc, na França, com as pinturas rupestres mais bem preservadas do mundo, que está em risco de inundações e deslizamentos de terra, e a Casa de Ópera de Sydney, na Austrália.
Artefatos egípcios são devolvidos pela Holanda
Três objetos saqueados de antigos túmulos egípcios foram devolvidos ao Egito por coleções holandesas após ação da inspeção de patrimônios e heranças do país europeu. O evento de devolução foi comandado pela Inspetora Laurens Schouten, que transferiu a propriedade dos artefatos a Hatem Elsayed Mohamed Kamaleldin, o embaixador egípcio nos Países Baixos.
Foram devolvidos um “faience shabti”, ou estátua funeral, para Ipethemetes de Tebas da 26ª dinastia (664 a 525 aC), uma pintura da deusa Ísis em um sarcófago, datada do período romano (30 aC a 642 dC) e uma cabeça mumificada datada de cerca de 170 a 45 aC.
Empresário recria “A Noite Estrelada” em jardim
Halim Zukic, um empresário que há seis anos decidiu transformar sua pintura preferida de Van Gogh em jardim, recriou a obra nos morros da cidade de Visoko, na Bósnia, usando 130.000 pés de alfazema de seis tonalidades diferentes e outras ervas para compor os círculos e espirais coloridos que caracterizam o quadro. O retiro na natureza será aberto ao público em breve, que poderá visitar o jardim bem como os 13 lagos ao longo de 100.000 m² da propriedade.
Família doa sua coleção de arte avaliada em US$ 300 milhões
A família Hedreen, chefiada pelo casal Richard and Elizabeth, possui uma das coleções de arte privada mais premiadas e bem selecionadas dos Estados Unidos. Seu acervo guarda mais de 200 obras de arte que serão doadas à Universidade de Seattle, juntamente com mais US$ 25 milhões em financiamento inicial para construir o novo Museu de Arte da Universidade de Seattle.
Richard tomou a decisão de doar as obras depois que Elizabeth faleceu em 2022. “Betty ainda era estudante na Universidade de Seattle quando nos conhecemos”, disse ele em entrevista. As obras doadas incluem pinturas, cerâmica, fotografia, gravuras e esculturas, desde o século XV até o presente. A lista de artistas é igualmente ampla e inclui artistas icônicos como Vigée-Le Brun, Willem de Kooning e Lucian Freud.
Vão a leilão impressões de “A Grande Onda” de Hokusai
Duas impressões da “Sob a Onda de Kanagawa”, mais conhecida como A Onda, uma famosa xilogravura do mestre japonês Hokusai, o mais conhecido especialista em ukiyo-e do mundo, serão leiloadas pela Bonhams em parceria com a casa de leilões Christie’s durante a Asia Week New York, em outubro.
Essa obra faz parte da série Fugaku sanjūrokkei [36 vistas do Monte Fuji] e está entre as imagens de arte mais famosas do mundo, uma tentativa de aquecer o nome do leilão, que enfrenta dificuldades em promover vendas neste ano.
Marina Abramović promete parar a chuva na Inglaterra
A artista performática iugoslava anunciou que vai encenar seu Balkan Erotic Epic [Épico Erótico dos Balcãs], obra criada em 2005, em Manchester, com direito a com 24 dançarinos no Aviva Studios-Factory International. Ela já trouxe a obra para o Brasil em 2006, quando a encenou na Temporada SESC de Artes.
Na época da sua vinda ao Brasil, Abramović contou em entrevista a Folha de S. Paulo que a obra: “Trata de fato da cultura pagã balcânica, antes da cristandade. Vários desses rituais ainda estão presentes em nossa cultura, são lembrados nas vilas. Eu fiz uma extensa pesquisa e encontrei muitas descrições desses rituais, mas nenhuma fotografia deles”.
A performance é inspirada em rituais folclóricos, durante os quais mulheres de uma antiga aldeia com idades diversas, corriam para os campos, levantavam as saias e “mostravam a vagina” para assustar os deuses e fazê-los parar o chuva, impedindo inundações catastróficas. “É incrível a ideia do poder de uma vagina para parar a chuva”, disse Abramović ao Sunday Telegraph.
Criança destrói jarro milenar em Israel
Um visitante de apenas 4 anos de idade destruiu um artefato de 3500 anos no Museu de Hecht, da Universidade de Haifa, no norte de Israel, no fim da última semana. A obra destruída foi um jarro pertencente à Idade do Bronze e estava sob os cuidados do museu, que a expôs logo na entrada, sem nenhuma proteção, ao alcance do público, parte de uma iniciativa do museu de permitir que os visitantes explorem a história sem barreiras de vidro, de acordo com Inbar Rivlin, diretor do museu.
Usando tecnologia 3D e vídeos de alta resolução do frasco, os especialistas planejam concluir a restauração em poucos dias, permitindo que o objeto volte a ser exibido ainda nessa semana.
