A paisagem como construção do olhar. Esse é o tema que, segundo a curadora Lilian Tone, o artista Lucas Arruda vem explorando há mais de 10 anos, com extensa experimentação em torno da luminosidade e da percepção do observador. E esse é o assunto, consequentemente, da mostra panorâmica Lucas Arruda: Lugar sem lugar que o Instituto Tomie Ohtake abre amanhã, 19.2. A exposição apresenta pinturas de pequeno e médio formato feitas ao longo de 15 anos de produção, de 2008 a 2022.
Vale ressaltar uma espécie de retrospectiva apresentada em ordem cronológica no espaço por meio da qual é possível perceber como a questão do horizonte passa a protagonizar o trabalho do artista de 2008 para cá. As naturezas mortas transformam-se em paisagens figurativas e, depois, em cenas abstratas, mas nas quais ainda é possível perceber o mar, as montanhas, a chuva, o nascer e o pôr do sol — talvez mais pelo que queremos ver do que pelo que está, de fato, apresentado na tela.
Além disso, a exposição contempla também duas instalações. Uma delas, Quatro dias e quatro noites (2018), projeção de 81 slides pintados à mão, está atualmente cedida em comodato à Fundação Beyeler na Suíça e impressiona ao mostrar as pinturas do artista, geralmente realizadas em pequenas dimensões, em grande escala e numa sala escura.
Suas paisagens, que existem no ponto de tensão entre aparição e vazio, são celebradas no mercado de arte nacional e internacional e Arruda já teve uma delas vendida por mais de R$ 2,5 milhões. Fora do país, já expôs individualmente em Kassel, Xangai, Londres, Nova York e outros. À Folha, afirmou: “Acho que é algo muito importante que às vezes a gente não saca, a gente faz de tudo para preencher [o vazio]. Mas isso [o vazio] faz parte da vida, da existência.”
Lucas Arruda: Lugar sem lugar
Data: 19 de fevereiro a 17 de abril
Local: Instituto Tomie Ohtake
Endereço: av. Faria Lima 201 (entrada pela r. Coropés, 88), Pinheiros
Funcionamento: de terça a domingo, das 11h às 20h
Ingresso: grátis