O Setor UNI da Feira de Arte ArPa, inaugurada hoje em São Paulo, foi curado e organizado pela historiadora da arte Ana Beatriz Almeida, cujo campo de pesquisa é centrado nos artistas africanos e na diáspora africana. A principal intenção da curadora foi promover, com este setor, um posicionamento contra hegemônico enaltecendo não só a arte africana e afrodescendente como também o surgimento de novos artistas e galerias. O setor é composto por onze jovens galerias, de até sete anos de existência, apresentando cada uma um projeto solo de um de seus artistas.
Ana Beatriz é, também, co-fundadora da instituição sem fins lucrativos 01.01 Art Platform, uma multiplataforma de arte que também dá consultorias de arte e se conecta profundamente com a arte afro-diaspórica e com o consumo consciente de arte. Para Ana Beatriz, que em função da 01.01 já possui uma ampla experiência em montar coleções e aconselhar colecionadores, o setor também é uma vitrine, ou uma porta de entrada, para que o mercado de arte africana evolua no Brasil. “O Brasil é um dos maiores mercados de arte no mundo, há pesquisas que demonstram que a arte africana move cerca de um terço do dinheiro que circula no mercado de arte mundial”, explica a curadora, “dito isso, o motivo de a arte africana ser tão pouco compreendida e consumida no Brasil é o racismo”, completa ela.
Um outro ponto interessante na curadoria e na pesquisa da curadora é a informação que exposições como a do setor UNI veiculam. “Com a minha pesquisa sobre lógicas contra hegemônicas eu percebi que havia ali uma espécie de compêndio filosófico que traz uma compreensão de mundo a partir de saberes que não estão disponíveis no ocidente”, explica Ana Beatriz. Para ela, é necessário, em um primeiro momento, que estas compreensões de mundo alternativas sejam difundidas, pois elas formam o repertório necessário ao colecionador para compreender obras de arte que não nascem da visão de mundo eurocentrica-ocidental. “Com este setor eu quis trazer um pouco disso, selecionando artistas que produzem uma linguagem que oferece uma alternativa à compreensão do mundo da forma como nos foi sempre imposta.”
A faixa de preço das obras não foi alvo da atenção da curadora, que as escolheu se baseando em todos os fatores anteriores e buscou encontrar artistas que possuam um certo potencial. Desta forma, as obras expostas no setor curado por ela satisfazem um amplo espectro de colecionadores e atendem a diversos tipos de coleção.