Home EditorialArtigos Setor da Feira ArPa é destinado a produções poéticas contra hegemônicas

Setor da Feira ArPa é destinado a produções poéticas contra hegemônicas

Dialogando com sua pesquisa, a historiadora Ana Beatriz Almeida faz a curadoria de um setor destinado a promover a arte afro-diaspórica

por Beta Germano
Estande da C.Galeria apresentando obras de Maria Macedo No Setor UNI.

O Setor UNI da Feira de Arte ArPa, inaugurada hoje em São Paulo, foi curado e organizado pela historiadora da arte Ana Beatriz Almeida, cujo campo de pesquisa é centrado nos artistas africanos e na diáspora africana. A principal intenção da curadora foi promover, com este setor, um posicionamento contra hegemônico enaltecendo não só a arte africana e afrodescendente como também o surgimento de novos artistas e galerias. O setor é composto por onze jovens galerias, de até sete anos de existência, apresentando cada uma um projeto solo de um de seus artistas. 

Estande da Galeria Periscópio apresentando obras de Sebastião Januário no Setor UNI.
Estande da Galeria Periscópio apresentando obras de Sebastião Januário no Setor UNI.

Ana Beatriz é, também, co-fundadora da instituição sem fins lucrativos 01.01 Art Platform, uma multiplataforma de arte que também dá consultorias de arte e se conecta profundamente com a arte afro-diaspórica e com o consumo consciente de arte. Para Ana Beatriz, que em função da 01.01 já possui uma ampla experiência em montar coleções e aconselhar colecionadores, o setor também é uma vitrine, ou uma porta de entrada, para que o mercado de arte africana evolua no Brasil. “O Brasil é um dos maiores mercados de arte no mundo, há pesquisas que demonstram que a arte africana move cerca de um terço do dinheiro que circula no mercado de arte mundial”, explica a curadora, “dito isso, o motivo de a arte africana ser tão pouco compreendida e consumida no Brasil é o racismo”, completa ela. 

Obas de Raphael Cruz, no Estande da Bianca Boeckel, no Setor UNI.
Obas de Raphael Cruz, no Estande da Bianca Boeckel, no Setor UNI.

Um outro ponto interessante na curadoria e na pesquisa da curadora é a informação que exposições como a do setor UNI veiculam. “Com a minha pesquisa sobre lógicas contra hegemônicas eu percebi que havia ali uma espécie de compêndio filosófico que traz uma compreensão de mundo a partir de saberes que não estão disponíveis no ocidente”, explica Ana Beatriz. Para ela, é necessário, em um primeiro momento, que estas compreensões de mundo alternativas sejam difundidas, pois elas formam o repertório necessário ao colecionador para compreender obras de arte que não nascem da visão de mundo eurocentrica-ocidental. “Com este setor eu quis trazer um pouco disso, selecionando artistas que produzem uma linguagem que oferece uma alternativa à compreensão do mundo da forma como nos foi sempre imposta.”

A faixa de preço das obras não foi alvo da atenção da curadora, que as escolheu se baseando em todos os fatores anteriores e buscou encontrar artistas que possuam um certo potencial. Desta forma, as obras expostas no setor curado por ela satisfazem um amplo espectro de colecionadores e atendem a diversos tipos de coleção.

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