Home Dicas Sete casos mais bizarros de roubos (ou tentativas) de obras de arte

Sete casos mais bizarros de roubos (ou tentativas) de obras de arte

Alguns ladrões podem ser práticos e objetivos, mas não é o caso desses que protagonizaram as histórias mais curiosas no mundo da arte

por Giovana Nacca
6 minuto(s)

Seja pela audácia, pelo perigo, pela complexidade ou pelas justificativas conceituais que os movem, os roubos de obras de arte têm uma aura mística que desperta a curiosidade de muitos de nós – não à toa já inspiraram algumas tramas de filmes bastante populares.

Ainda que esses crimes, definitivamente, não devessem acontecer, algumas histórias podem ser surpreendentes não apenas pelos valores monetários, históricos e culturais, mas porque às vezes contêm até uma intenção cômica ou azares excepcionais.

1. Ladrão estilo Robin Hood que fez obra de refém

Frame do filme “The Duke”

Em 1961, um inofensivo aposentado foi procurado por toda a polícia da Grã-Bretanha, por ter realizado o primeiro (e único) roubo da história da National Gallery em Londres.

A acusação era de que o ex-motorista de ônibus, Kempton Bunton, teria entrado pela janela do banheiro do museu e roubado O retrato do Duque de Wellington de Francisco de Goya. Depois, ele teria enviado uma série de notas anônimas à imprensa exigindo que o governo doasse licenças de TV aos pobres: “O ato é uma tentativa de roubar os bolsos daqueles que amam a arte mais do que a caridade, o quadro não está e não estará à venda, é um resgate: £ 140.000 para ser doado para caridade”. O pedido foi recusado e mais tarde, ele devolveu a pintura e foi preso. 

Como se ainda não bastasse, a história ainda teve mais uma camada de reviravolta: anos depois, o filho de Bunton, John, confessou o crime e disse à polícia que havia feito isso para “chamar a atenção para a campanha do pai” contra o fato dos aposentados terem que pagar a taxa de licença da BBC. John nunca foi processado pelo roubo do Goya, como sua identidade também nunca teria sido conhecida se ele não tivesse entrado em pânico quando foi preso e suas impressões digitais foram tiradas por um delito menor em 1969. Ele estava preocupado por ter deixado suas impressões na National Gallery ou na pintura, mas parece que isso não havia acontecido.

 O caso ficou tão famoso que uma cópia da obra apareceu em um filme de James Bond de 1962, como um easter-egg do caso. E mais recentemente, no início de 2022, toda essa trama inspirou o filme The Duke.

2. Os ladrões honestos que não roubaram nada

Em 2003, uma pintura de Van Gogh, outra de Picasso e ainda outra de Gauguin, somando o valor de 4 milhões de libras na época, foram roubadas da Whitworth Gallery, em Manchester. De alguma forma, os ladrões escaparam das câmeras e da equipe de seguranças 24 horas. Ninguém soube explicar como, mas alguns investigadores acreditam que os suspeitos se esconderam na galeria pouco antes da hora de fechar.

Quando eram 2h daquela madrugada, a polícia recebeu uma ligação misteriosa dizendo que as obras haviam sido “encontradas” em um banheiro público nas proximidades. Quando a polícia chegou, encontrou não apenas as três obras enroladas em um tubo de papelão, mas também uma nota, presumivelmente escrita pelos ladrões, que dizia: “Não pretendíamos roubar essas pinturas, apenas destacar a lamentável segurança”. As obras, que tiveram leves danos causados ​​pelo tempo chuvoso, logo foram devolvidas ao museu.

3. Ladrão que acusou o museu de facilitar demais o roubo

Se você pensou que o caso anterior havia sido o único cujo os ladrões quiseram dar uma lição ao circuito artístico, pensou errado. Em 2012, Radu Dogaru, líder de uma quadrilha, foi ainda mais adiante querendo processar um museu por “facilitar demais o seu trabalho”. 

Era 2012 e Dogaru, com ajuda de seus colegas, invadiu o Museu Kunsthal na Holanda arrancando com eficiência sete importantes obras das paredes em menos de 90 segundos. Rapidamente eles fugiram com pinturas de Monet, Paul Gauguin, Picasso, Henri Matisse, Lucian Freud e Meyer de Haan. 

Com tamanha repercussão do caso, o grupo não conseguiu vender as obras e todos os envolvidos foram presos. Mas, em uma lógica bizarra, o hábil criminoso alegou ser vítima das medidas de segurança afrouxadas do museu e tentou processá-lo por facilitar demais as coisas. “Eu não poderia imaginar que um museu pudesse exibir obras tão valiosas com tão pouca segurança”, opinou em sua audiência no tribunal. Após sua prisão, a mãe de Dogaru alegou ter queimado as sete obras roubadas em um forno, mas até hoje não se sabe se isso foi verdade.  Esse episódio também valeria filme!

4. Grafites roubados

Talvez você ainda não saiba, mas casos em que a arte de rua tenha sido fisicamente separada dos muros urbanos são mais comuns do que parecem. Várias peças de Banksy já foram recortadas, expostas e vendidas ao longo dos anos, por exemplo.

“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, diz o ditado. Mas e artista que rouba artista, tem perdão? Em 2011, o peruano chamado José Carlos Martinat usou as mesmas técnicas de restauradores de murais para arrancar pedaços de grafites e expor na galeria de Liprandi, em Buenos Aires. A tática consistia em pintar partes das paredes com resina de fibra de vidro transparente, remover os desenhos e então expô-los junto com o próprio trabalho de Martinat, colocando todos à venda.

Aparentemente, o conceito por trás de sua exposição era que arte de rua consiste em um vandalismo, e removê-las das paredes representava um ato de vandalismo contra vandalismo. Compreensivelmente, essa explicação não convenceu Saga e Jaz, artistas afetados pela ação, ou com os admiradores de seus trabalhos.

5. O caso de duas toneladas 

Reclining Figure, Henry Moore

Em 2005, na Inglaterra, o preço do cobre disparou. Ladrões começaram a tomar qualquer coisa feita do material, desde canos e cabos a artefatos religiosos. Essa loucura metalúrgica levou três homens com um caminhão-plataforma e um guindaste a roubar a escultura Reclining Figure da Fundação Henry Moore. A peça tinha nada menos que 3,5 metros de largura e pesava mais de 2 toneladas. 

Segundo a polícia, as investigações indicaram que a escultura de bronze avaliada na época no valor de £3 milhões foi derretida e vendida como sucata por apenas £1.500. Acredita-se que as sucatas tenham sido enviadas para a China e usadas para construir dispositivos eletrônicos, o que significa que milhões de telefones celulares contiveram um pequeno fragmento da obra-prima de Moore.

6. Roubo interrompido por torcedores do Super Bowl

Em fevereiro de 2017, pouco depois da meia-noite, três estudantes da Universidade de Boston estavam voltando para o campus após a vitória do Patriots no Super Bowl, quando avistaram um homem saindo por uma porta de vidro quebrada da Galerie d’Orsay segurando algumas pinturas.

Os alunos Chris Savino, Jesse Doe e Mackenzie Thompson, sentiram que algo estava errado e perseguiram o ladrão, o abordaram e o contiveram até que a polícia chegasse. O criminoso, Jordan Russell Leishman, de 29 anos, parecia não entender muito bem o que fazia. Apesar de ter levado uma gravura de Miró e duas pinturas de Chagall, deixou uma bela pintura de Picasso que valia cinquenta vezes mais do que a impressão do artista espanhol. Leishman foi preso por arrombamento e invasão.

7. O que poderia ser um dos maiores roubos da história, foi evitado por um pneu furado

Os Comedores de Batata, 1885, Vincent van Gogh

Em abril de 1991, homens armados saquearam vinte Van Goghs – sim, vinte – do Museu Nacional Vincent Van Gogh em Amsterdã. Um dos ladrões se escondeu no museu até o fechamento e deixou o cúmplice entrar após o anoitecer. Juntos, eles obrigaram os guardas (um dos quais mais tarde foi apontado como cúmplice) a desarmar os sistemas de segurança. A dupla adotou uma abordagem irônica, gastando mais de 45 minutos examinando as obras antes de escolher suas favoritas e, em seguida, colocou suas seleções em sacolas. Amarraram os alarmes novamente e partiram.

Mas um dos roubos mais impressionantes também acabou sendo um dos mais curtos. As pinturas foram encontradas em um carro na estação ferroviária mais próxima, menos de uma hora depois. Acontece que um segundo carro com o qual os ladrões planejavam se encontrar teve um pneu furado. Quando ele não chegou, os bandidos assustados abandonaram os girassóis e os comedores de batata do mestre holandês e pegaram estrada. Os quatro envolvidos foram presos.

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