A artista Renata Laguardia vem explorando as possibilidades da pintura desde o início de sua carreira. Formada em artes visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais, seus primeiros trabalho oscilavam entre cenas domésticas desabitadas, reproduções de retratos curiosos e paisagens marítimas. Os gêneros clássicos da pintura se misturavam desde então, com mesclas entre a retratística e a paisagem, ou entre a natureza morta e e a abstração. Depois da graduação, a artista partiu para a França para realizar o mestrado na École Européenne Supérieure de l’Image, onde estudou fotografia e vídeo, não para mudar de suporte, mas para explorar outras possibilidades de produção de imagem. Seu trabalho de conclusão resultou em uma grande instalação e obra sonora sobre a casa e o habitar, temas que emergem em muitos de seus trabalhos.
Antes de ir para a França, realizou a série “Limitrocidade”, na qual escolheu 8 pontos no mapa da cidade de Belo Horizonte e seu entorno exatamente onde a massa urbana começa a se confundir e dissolver com a paisagem natural da região. Esses lugares que formam pontos de contato de duas forças opostas – de um lado, a cidade fluida que expande, do outro, a natureza impassível que se sobrepõe a tudo que escapa à manutenção artificial – foram fotografados do ponto de vista que dá as costas para o centro de BH, e depois pintadas em pequena escala de maneira a abstrair e complexificar essas imagens resultantes da captura mecânica da luz.
Depois disso, suas pinturas vem crescendo de dimensão e no assunto: suas obras mais recentes vem assumindo dimensões expandidas, e sua desenvoltura técnica alcançou um patamar muito maduro. As cenas que constrói tem um aspecto onírico e fantástico, como se representassem florestas mágicas, personagens sonhados, fragmentos de memórias passadas (vividas ou não). Afastando-se da fotografia como fonte imagética, Renata tem ancorado em elementos realistas – o mar, a casa de bonecas, a mulher bem vestida – narrativas mais alegóricas e surreais, misturando elementos cotidianos com pinceladas expressivas, cores vibrantes, e ações estranhamente familiares: aspirar a água e tocar piano no ar são alguns dos gestos que causam espanto em seus trabalhos.
Renata Laguardia vive e trabalha em São Paulo. É graduada em pintura pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestre pela École Européenne Supérieure de l’Image. Já participou de diversas exposições coletivas, com destaque para o Prêmio Diário Contemporâneo na Casa das Onze Janelas em Belém, Douze façons remarquables d’utiliser une brique, no Centro de Arte Contemporânea Les Bains Douches, em Chauvigny; e Limitrocidade, na Aliança Francesa, em BH. Também já realizou 5 exposições individuais, entre as quais “Nem tudo tem que ser pra sempre”, na biblioteca Epifânio Dória, em Aracaju, e na Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte. Mostrou também a série intitulada “O que não é vasto é raso” no Memorial Minas Gerais Vale.