Relembre incêndios que destruíram grandes acervos de arte no Brasil

Incêndio atingiu na última quinta-feira galpão onde estavam armazenadas obras da Galeria Nara Roesler; nesta sexta-feira, foi noticiado que ala do governo federal planeja ignorar acervo do Museu Nacional em sua reconstrução

por Jamyle Rkain
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No fim da tarde da última quinta-feira, 25 de março, um incêndio atingiu um galpão em Taboão da Serra, que era usado para armazenar obras de arte de várias galerias de São Paulo. O espaço era do Grupo Alke, empresa responsável pela logística regional e também internacional de obras, bastante conhecida e acionada no meio. Ninguém se feriu no incêndio e ainda não há estimativa de quantas e quais obras de arte foram destruídas, assim como os valores delas.

Foi confirmado que diversos trabalhos da Galeria Nara Roesler, uma das mais importantes do país e referência no exterior, foram perdidos durante o ocorrido. Segundo colunista do O Globo, obras das galerias Luisa Strina e Zipper também teriam sido destruídas. Porém, o empresário responsável pelo grupo Alke, disse ao ARTEQUEACONTECE que haviam apenas obras da Nara. A Galeria Luisa Strina também negou a declaração em comentário em seu perfil no Instagram.

Instituições, galerias, artistas e trabalhadores do mundo da arte no geral prestaram solidariedade em suas redes sociais a todos os que foram atingidos pelo acontecimento. Em nota. A solidariedade também foi estendida ao Alke, que já realizou serviços para grande parte das galerias brasileiras.

Nesta sexta-feira, 26, uma matéria da Folha de S. Paulo noticiou que alas do governo federal defendem que o Museu Nacional, que foi destruído por um incêndio de grandes proporções em 2018, seja transformado em espaço turístico dedicado à família imperial em sua reestruturação, deixando de lado o acervo.

Desta forma, peças que foram resgatadas do incêndio e outras que foram doadas por diversas entidades do Brasil e do exterior para a recuperação do museu serão excluídas na nova configuração. A ideia é pautada por alas monarquistas que apoiam o presidente Jair Bolsonaro e tem o apoio de Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores.

O incêndio no Museu Nacional

No dia 2 de setembro de 2018, por volta das 19h30, quando o espaço já estava fechado para o público, um incêndio que se tornaria um dos maiores desastres para a ciência e a cultura no país começava no Museu Nacional. Localizado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, abrigava mais de 200 anos do História do Brasil em seu acervo. Estima-se que 90% do acervo da instituição, composto por 20 milhões de itens, foi queimado no incêndio.

Foram necessárias mais de 7h para apagar as chamas, com a mobilização de 80 bombeiros e 21 viaturas. A comoção da sociedade civil no geral foi muito grande. Instituições do Brasil e do exterior doaram peças para ajudar a recompor o acervo, já que o museu passa por reconstrução. A Universidade Federal do Rio de Janeiro, à qual o museu é vinculado, estimou que R$ 250 milhões serão necessários para as obras, que devem demorar 5 anos. Parte do museu deve ser reaberto ainda em 2022 para comemorações de 200 anos da Independência do Brasil.

Incêndio na casa de Jean Boghici

Obra de Di Cavalcanti que foi destruída no incêndio na casa de Boghici.

Falecido em 2015, o colecionador e marchand Jean Boghici tinha em seu apartamento no bairro de Copacana, no Rio de Janeiro, um acervo de tirar o fôlego, com obras como Floresta Tropical, de Alberto da Veiga Guignard, e Samba, de Di Cavalcanti. Ele foi pioneiro no mercado da arte no Brasil, à frente da Galeria Relevo, que fechou em 1969. Em 2012, o imóvel pegou fogo e destruiu parte desse acervo, incluindo as duas obras citadas anteriormente. Mas foram salvas outras tantas obras, de artistas como Tarsila do Amaral, Lygia Clark e Antônio Bandeira. No mesmo dia, Boghici prometeu “se vingar” fazendo uma exposição de sua coleção, que aconteceu no ano seguinte, no MAR.

Incêndio no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro


No dia  8 de julho de 1978, o MAM-RJ foi praticamente todo queimado em um incêndio. O acervo com, o museu tinha obras não só de grandes artistas brasileiros, como Portinari, mas também de alguns dos artistas mais importantes da História da Arte moderna, como Pablo Picasso, Miró, Salvador Dalí, Paul Klee e Magritte, além de centenas de obras de outros artistas brasileiros. Todas as obras foram consumidas pelo fogo. Naquele momento, o MAM recebia a exposição “Arte Agora”, que reunia trabalhos de 25 artistas latino-americanos, todas as obras que estavam na mostra também se foram.

Incêndio na casa de Oiticica

90% da obra de Helio Oiticica foi atingida pelas chamas em um incêndio. Elas ficavam no acervo na casa da família do artista, em espaços que eram adaptados especialmente para a conservação das obras. O incêndio na casa aconteceu em 2009, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e provavelmente foi causado por uma falha no sistema de refrigeração do local. Tempos depois, o Instituto Brasileiro de Museus anunciou que conseguiu recuperar e restaurar parte dos itens, incluindo Metaesquemas e Bólides.

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