Celebrado desde 2004 no dia 29 de janeiro, o Dia da Visibilidade Trans costuma ser relembrado, não à toa, por meio de notícias devastadoras sobre os diferentes tipos de violência e discriminação sofridas por esse grupo.
Não deixa de ser importante (talvez por isso seja ainda mais) colocar em destaque o outro lado dessa moeda: o da potência artística e criativa de homens e mulheres trans e travestis, tema que será levantado e discutido amanhã, 29 de janeiro, no IMS Paulista.
A partir das 17h, serão exibidos quatro curta-metragens inéditos que a artista Rafael BQueer realizou com apoio da bolsa ZUM/IMS 2020. Após a sessão, ela, Paulete Lindacelva, curadora independente, e Symmy Larrat, presidenta da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), irão debater sobre os filmes, o Dia da Visibilidade Trans, a inserção LGBTQIA+ nas artes e os movimentos artísticos organizados fora do eixo sudeste.
Themônias
Gravados no ano passado, os curtas são protagonizados por integrantes do coletivo Themônias — do qual Rafael é uma das fundadoras — que reúne mais de 150 pessoas que se montam e se apresentam na cena drag de Belém. O grupo se formou em 2014, num movimento que começou na festa Noite Suja.
Themônias reflete, já no nome, a estética distante do padrão das drags luxuosas (comuns em realities) e evoca o rico universo amazônico: as pajelanças (rituais de cura indígenas), o carimbó, as lendas, o tecnobrega. Themônias também subverte o fato dos corpos LGBTQIA+ terem sido historicamente demonizados e apresenta-se como forma de ativismo e resistência.
Em O nascimento, Uhura BQueer é uma drag alienígena que chega numa floresta devastada pelas chamas e luta para sobreviver em meio ao fogo — numa metáfora da atual crise ambiental brasileira.
Já em A bela é ploc, Tristan Soledade faz uma performance de bate-cabelo no Palacete Bolonha, prédio de estilo francês construído na capital paraense no início do século 20, trazendo à tona duos como modernidade x tradição, colonização x resistência.
Em Torre de Babildre, Monique Lafond usa passos da dança “vogue-ninja” para lutar contra uma estátua da liberdade instalada em uma loja da Havan e coloca em questão a influência da cultura americana.
No último curta, Hierogritos, 13 artistas se dirigem ao turístico Mercado Ver-o-Peso em Belém e, por meio de performances e apresentações, impõem sua presença no espaço, em um ritual coletivo de afirmação dos seus corpos e ancestralidades.
Sessão especial comentada | Pré-estreia de Thêmonias + Dia da Visibilidade Trans
Data: 29 de janeiro, às 17h
Local: IMS Paulista
Endereço: avenida Paulista, 2.424
Ingresso: grátis, mediante apresentação do certificado de vacinação e documento oficial com foto; distribuição de senhas 1 hora antes do evento e limite de 1 senha por pessoa (50 vagas).