Atualizada em 16 de fevereiro de 2024.
Após a Mona Lisa ter sofrido um ataque e ter o seu vidro de proteção coberto de bolo por um ativista disfarçado de uma senhora cadeirante, outras obras clássicas importantes vêm sendo alvo dos ativistas climáticos. Desde junho deste ano, pessoas ligadas ao movimento britânico Just Stop Oil, grupo ativista climático que usa a resistência civil com o objetivo de garantir que o governo do Reino Unido se comprometa a interromper o licenciamento e a produção de novos combustíveis fósseis, começaram a realizar protestos em museus como Royal Academy e National Gallery, ambos em Londres.
Este movimento surgiu recentemente contra novos licenciamentos de óleo e gás no mar do norte que estão sendo tratados pelo governo britânico e que vão na direção oposta das metas estabelecidas na última conferência do clima para a ONU e do tratado de Paris.
Em todos os “protestos” ele reproduziram uma conduta semelhante, colando as mãos nas molduras de quadros como uma reprodução do século XVI da Última Ceia de Leonardo da Vinci atribuída a Giampietrino e Pessegueiros Florescendo, 1889, de Van Gogh. Em outra obra, A Carroça de Feno, 1821, de John Constable, além de terem colado as mãos sobre a moldura, os ativistas também cobriram a tela com posters que traziam uma “versão reimaginada” dela, transformando o cenário pacato da carroça de feno em um mundo com aviões e incêndios.
Mas o episódio mais recente não aconteceu em Paris e nem em Londres, mas em Firenze, em plena Gallerie degli Uffizi e o alvo foi A Primavera, 1482, de Sandro Botticelli. Os ativistas protestantes desta vez, foram dois italianos ligados ao movimento Ultima Generazione, que também protesta e alerta para os perigos da mudança climática. Seguindo, talvez, o exemplo dos colegas ingleses, a dupla italiana composta por um menino e por uma menina também colou as mãos sobre o vidro de proteção posicionado sobre uma das mais importantes obras do renascimento italiano que, por sinal, foi analisada aqui anteriormente. Os italianos, como os ingleses, também expuseram cartazes durante o protesto que continham mensagens relacionadas ao ativismo climático.
Nenhuma das obras foi danificada pelos protestos e as que foram retiradas após os ataques, logo retornaram a seus lugares.
OS PROTESTOS À OBRAS DE ARTE CONTINUAM
No último sábado, 10/02, o grupo Riposte Alimentaire atirou sopa no quadro “Le Printemps” (A primavera), de Claude Monet, exposto no Museu de Belas-Artes da França, em Lyon – segunda maior cidade do país. A organização ativista assumiu o ataque via post na rede social X, por intermédio de uma integrante chamada Ilona, que buscou alertar sobre a urgência em alterar a conduta humana perante as questões climáticas.
“Precisamos agir agora antes que seja tarde demais”, afirma a ativista.
O grupo Riposte Alimentaire também foi o responsável por atacar da mesma forma a notória obra de Leonardo da Vinci, “Monalisa”, em janeiro de 2024. De acordo com uma matéria publicada pelo jornal francês, Le Monde Diplomatique, os militantes que operaram no ato foram condenados a prestar trabalho voluntário para uma organização de caridade. A medida judicial foi realizada por uma corte parisiense.
Essa é a segunda vez que uma obra de Monet é alvo de ataques. Em 2022, militantes da ala alemã do grupo “Last Generation” atiraram purê na pintura “Os palheiros”, que é parte de um acervo em Potsdam. Já em junho de 2023, ativistas de Estocolmo protestaram lançando tinta vermelha e grudando suas mãos no trabalho “O jardim de Giverny”, também de autoria do impressionista francês.
As três obras de Claude Monet que foram alvos de protestos recentemente estavam protegidas por uma placa de vidro, mas mesmo assim passaram por inspeção aproximada e restauração.
O Museu de Belas Artes da França relatou que prestará queixa por vandalismo, e as duas militantes do Riposte Alimentaire foram presas pelo mesmo delito.