Protagonismo feminino marca presença na ArPa 2025

Na ArPa 2025, artistas e galeristas mulheres ocuparam estandes, ganharam prêmios e deixaram suas marcas no mercado de arte latino-americano

por Diretor
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Na quarta edição da ArPa, realizada na Mercado Livre Arena Pacaembu, as mulheres estiveram presentes em estandes, prêmios e curadorias. No Setor UNI, dedicado a mostras individuais, a curadoria de Ana Sokoloff organizou um conjunto de artistas que apresentaram pesquisas próprias em formatos diversos.

Ana, que tem passagem por leilões e consultorias na América Latina, apostou em um recorte que privilegia a autoria. Segundo ela, o objetivo era oferecer espaço para que cada artista mostrasse seu trabalho de forma clara, sem precisar se encaixar em discursos coletivos.

Vista do stand da Galeria Quadra no Setor UNI. Crédito: EstúdioEmObra

Entre as artistas, Ana Claudia Almeida foi premiada com o título de melhor estande, representada pela galeria Quadra. Ela apresentou obras que combinam pintura, escultura e instalação, com superfícies carregadas de materiais que guardam marcas do processo e do tempo. O estande se destacou pela forma como convidava o público a se aproximar e observar os detalhes.

No mesmo setor, artistas como Ventura Profana (Brasil), Camila Rodríguez Triana (Colômbia), Carmézia Emiliano (Brasil), Alicia Ayanegui (México) e Ad Minoliti (Argentina) apresentaram pesquisas que abordam temas entre identidade, território, espiritualidade e memória.

Tatiana Chalhoub, representada pela galeria Fortes D’Aloia & Gabriel, apresentou na ArPa uma seleção de obras que amplia seu repertório, explorando o encontro entre procedimentos pictóricos e técnicas de cerâmica. Recebeu o Prêmio MOS de Arte pela obra “Torso”, uma colagem de cerâmica sobre placa refratária, escolhida pelo corpo curatorial da Pinacoteca. Em sua primeira edição, o prêmio reforça o compromisso com a arte contemporânea e com a valorização de novas produções artísticas. A obra agora integra o acervo da Pinacoteca.

Vivian Caccuri, “Transplante de alma”, da série Sonograma, 2025. Foto: Sergio Guerini

Nos outros setores da feira, a presença das mulheres também foi marcante. Vivian Caccuri, que ocupava junto de Lais Myrrha o estande da Almeida & Dale, apresentou trabalhos que investigam som, linguagem e relações sociais. Já a Nara Roesler exibiu um estande solo de Mônica Ventura, enquanto as pinturas de Rayana Rayo e Juliana Lapa chamaram atenção na Glaeria Marco Zero. Luisa Strina e Raquel Arnaud, que dirigem duas das galerias mais consolidadas do país, também marcaram presença. Nomes como Luciana Caravello e Marli Matsumoto reforçaram o grupo de galeristas que, há anos, constroem caminhos no mercado de arte.

Nesse contexto, quase metade das expositoras conta com mulheres em cargos de liderança, sinalizando mudanças importantes no perfil de quem ocupa as decisões de direção e comercialização. Essa presença influencia o tipo de arte que chega ao público e a forma como os artistas são representados.

O mercado, por sua vez, acompanhou de perto esses movimentos. Durante a feira, foi divulgada a primeira edição da Pesquisa ArPa, um levantamento que reuniu dados de 295 agentes do setor e que traça um panorama do mercado de arte contemporânea na América Latina. Entre os dados, chama a atenção a percepção de que as artistas mulheres têm conquistado mais visibilidade — 49% dos respondentes afirmaram reconhecer avanços reais de espaço e reconhecimento. Ainda assim, 24% notaram que a presença feminina segue desigual, enquanto 22% apontaram concentração de oportunidades em poucos nomes.

Feira ArPa 2025. Reprodução/Instagram @arpa__art

O levantamento também mostrou que a maioria dos respondentes (58%) identificou o surgimento de novos colecionadores como força motriz do mercado, enquanto 37% ainda consideram os colecionadores tradicionais como protagonistas. Art advisors, instituições culturais e compradores internacionais apareceram em percentuais menores, mas em crescimento. A pesquisa ainda sinalizou que a base digital é cada vez mais relevante, ainda que não substitua o encontro presencial que as feiras proporcionam.

No Brasil, o mercado se divide entre quem enxerga estabilidade (40%) e quem vê leve crescimento (28%). Há também quem aposte em expansão mais significativa (16%) e quem ainda veja desafios de retração (14%). O dado reforça que, embora o mercado continue a buscar caminhos para crescer, a base de compradores segue em transformação. Há uma demanda clara por renovação e abertura para outras vozes — especialmente as das mulheres.

A ArPa 2025 deixou claro que as artistas e as galeristas não estão ocupando lacunas, e sim conduzindo o circuito com a mesma determinação de quem sabe o que quer mostrar e como quer estar. O Setor UNI, pensado para valorizar as pesquisas individuais, serviu de palco para essas vozes que vêm sendo fundamentais na arte contemporânea. Na feira, para além das premiações, isso foi visível nas conversas entre as obras e o público.

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