Principais exposições para conferir em São Paulo – novembro de 2024

Confira uma lista de exposições com temas que vão desde a emergência climática até a valorização da arte popular

por Diretor
10 minuto(s)

O ano pode estar chegando ao fim, mas o calendário de exposições e eventos em São Paulo segue a todo vapor. Entre os destaques estão a exposição “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, no Museu do Ipiranga, que promove um diálogo entre peças do acervo e obras de artistas contemporâneos como Bruno Novelli, Luana Vitra e Jaime Lauriano; “Metamorfoses e Distâncias”, que encerra a série de mostras em comemoração aos 20 anos da Galeria Estação; além das individuais de Flávio Cerqueira, na galeria Simões de Assis, e Gabriela Giroletti, na Galeria Leme.

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Salmi López Balbuena, Sem título, 2024. Foto: João Liberato

Galeria Estação | “Metamorfoses e Distâncias”
07.11 – 21.01.2025

“Metamorfoses e Distâncias” conclui a série de mostras em comemoração aos 20 anos da Galeria Estação. Com curadoria de Lorenzo Mammì, a exposição reúne 62 obras — entre pinturas, desenhos e esculturas — de 23 artistas brasileiros, como G.T.O., Chico da Silva, Aurelino dos Santos, Artur Pereira, Conceição dos Bugres, Tunga, Jaider Esbell, Elisa Bracher e Nuno Ramos. A mostra reforça o papel da galeria, fundada por Vilma Eid e Roberto Eid Philipp, na valorização da arte popular e no incentivo ao diálogo entre artistas populares e contemporâneos. Junto com o lançamento do livro Moderno Contemporâneo Popular Brasileiro: o olhar de Vilma Eid, a exposição e a publicação refletem os 40 anos de dedicação de Vilma à arte popular, ressaltando sua importância na inserção de artistas autodidatas no circuito contemporâneo.

Juliana Cerqueira Leite, “Outras Simetrias 05” (detalhe), 2024. Imagem: Divulgação

Casa Triângulo | Juliana Cerqueira Leite, “Outras Simetrias”
07.11 – 21.12

Na mostra, Juliana Cerqueira Leite traz uma abordagem ousada à escultura e ao desenho, abrindo caminhos para uma a gestualidade que se estende além dos sentidos usuais. Suas obras desfazem a ideia de um corpo fixo, trazendo à tona camadas de instabilidade que permitem novas presenças e arquiteturas a se insinuarem nos espaços. Os desenhos funcionam como uma janela para um processo latente e cru, no qual o gesto se manifesta de forma quase espontânea, enquanto a escultura abre caminhos para repensar a relação entre forma e movimento, propondo uma visão que transita entre a presença física e o efêmero.

Fernanda Valadares, “Série Isolamentos, San Lucas”, 2024. Imagem: Divulgação

Aura Galeria | Fernanda Valadares, “La inmensidad del lugar y la intimidad del espacio (e vice-versa)…”
07.11 – 01.02.2025

Com texto crítico de Alexia Tala, a exposição apresenta as séries mais recentes da artista, que investiga as tensões entre espaço e lugar em composições de arquiteturas vazias e volumes naturais. Utilizando camadas de encáustica, Valadares transforma espaços antes densos, como antigos sistemas carcerários, em territórios etéreos e paradoxais, onde a imensidão e a intimidade coexistem. Para Tala, a artista conecta o íntimo e o infinito, refletindo sobre como as paisagens externas e internas se entrelaçam em uma experiência poética da existência.

Renata Lucas, “Farsa”, 2019. Cortesia A Gentil Carioca

Edifício Pina Estação | “Renata Lucas: domingo no parque”
09.11 – 06.04.2025

A exposição de Renata Lucas na Pinacoteca de São Paulo traz uma retrospectiva dos 15 anos de carreira da artista, conhecida por suas intervenções temporárias em áreas construídas. Lucas explora as fronteiras entre arquitetura e espaço urbano, investigando como a configuração dos espaços impacta as relações sociais e políticas. Com curadoria de Pollyana Quintella, a mostra destaca Lucas como uma das principais figuras da arte contemporânea brasileira, revelando seu interesse em entender a arquitetura não apenas como construção física, mas como expressão das interações e negociações sociais que moldam o cotidiano urbano.

No Martins, “O tempo é outro”, 2024. Foto: Julia Thompson

Millan | No Martins, “Fronteiras inóspitas”
09.11 – 14.12

Na primeira individual de No Martins no Brasil em cinco anos, “Fronteiras inóspitas” examina as relações entre sujeito e estruturas sociais em temas existenciais e políticos. Com curadoria de Luciara Ribeiro, a mostra traz autorretratos do artista em cenas que marcam a transitoriedade da vida, como na pintura de uma festa de aniversário onde, ao lado do bolo, repousa um crânio, típico memento mori. Em outra obra, Martins aparece alimentando um urubu, vestindo uma camiseta que subverte a célebre frase de Hélio Oiticica “Seja marginal, não seja herói”, numa provocação ao sistema da arte. A instalação “Seca” coloca o público frente a um barco sobre um espelho, misturando presença e reflexo e criando uma ilusão entre realidade e projeção. A violência estatal permeia peças como “Dress Code 2”, onde coletes à prova de balas, dispostos formalmente, questionam o controle e a vigilância sobre os corpos brasileiros.

Martins&Montero | Ana Mazzei, “Cena de jardim”
09.11 – 21.12

Na exposição “Cena de Jardim”, Ana Mazzei cria um ambiente escultórico que se assemelha a uma partitura musical, onde a disposição das peças guia o espectador por tensões visuais e equilíbrios sutis. As esculturas em bronze dialogam com o jardim, que atua como coautor da experiência, adicionando uma camada sensorial. No interior da galeria, um vídeo com a imagem de uma bailarina conecta o espaço interno ao jardim, reforçando a interação entre corpo e escultura, com trilha sonora composta e gravada pela banda Riviera Gaz, que que incorpora elementos do rock experimental e do punk.

Paulo Pasta, Sem título, 2023. Imagem: Divulgação

Casa Zalszupin | “Além do Moderno”
09.11 – 22.02.25

Inspirada no livro “Além do Apenas Moderno” de Gilberto Freyre, a mostra apresenta um diálogo entre o construtivismo e a pintura contemporânea brasileira, reunindo nomes do neoconcretismo – Aluísio Carvão, Hélio Oiticica e Milton Dacosta – com pintores atuais como Cássio Michalany, Eduardo Sued, Paulo Pasta e Rodrigo Castro. Mais do que nostálgica, essa associação examina a continuidade do tempo na arte e incorpora, ainda, obras de arquitetos modernistas, incluindo Warchavchik, Niemeyer e Zalszupin, ressaltando a conexão entre artes visuais, arquitetura e design na construção de um Brasil moderno.

Aislan Pankararu, “Caminhar sobre o vento”, 2024. Foto: Estúdio em Obra

Central | “Vestígios”
09.11 – 01.02.2025

A mostra coletiva encerra a programação de 2024 com obras de 15 artistas de diferentes gerações e regiões do Brasil em torno do conceito de vestígio – não como substituição ou ausência, mas como marca deixada no tempo, sujeita ao desgaste e à erosão. Renato Menezes, que assina o ensaio crítico da exposição descreve o vestígio como “um carimbo que deixa sua presença como marca na espessura do tempo”, introduzindo um diálogo entre o passado e o presente. Entre as obras, estão o vídeo “De Aflicti” (1979) de Letícia Parente e “Sem título” (2024) de Gabriela Mureb, que utiliza escapamentos de automóveis, extraindo poesia de fragmentos industriais. A coletiva também reúne trabalhos de artistas como Aislan Pankararu, Ana Clara Tito e Jonas Arrabal, cada qual oferecendo sua própria perspectiva sobre as marcas que carregamos e deixamos, numa experiência que ora é material, ora é existencial.

Flávio Cerqueira, “Desenho cego”, 2024. Imagem: Divulgação

Simões de Assis | Flávio Cerqueira, “Eutonia”
09.11 – 14.12

Ao longo de mais de quinze anos de carreira, Flávio Cerqueira tem investigado a experiência humana contemporânea por meio de esculturas figurativas. Suas obras em escala real retratam figuras adolescentes em momentos suspensos entre ação e introspecção. Em “Eutonia” o artista apresenta seis esculturas e duas peças de parede que formam um ciclo de reflexões sobre a vida – da recepção à contribuição, da confusão à revelação e da dor à cura. Em “Nunca foi a primeira opção”, a rejeição simboliza um rompimento com expectativas alheias, permitindo ao artista afirmar sua autonomia. “Não estou no meu passado” reconhece as marcas do passado como parte de um processo de transformação, enquanto “Desenho cego” revela uma autorreflexão visceral sobre dor e mudança. O texto curatorial é assinado por Zoe Diao.

Gabriela Giroletti, “Céu baixo”, 2024. Imagem: Divulgação

Galeria Leme | “Gabriela Giroletti: Mil Manhãs”
09.11 – 19.12

“Mil Manhãs” marca a primeira exposição individual de Gabriela Giroletti no Brasil. Vivendo em Londres desde 2010, a artista apresenta pinturas que variam em escala e fogem dos formatos convencionais, transitando livremente entre o figurativo e o abstrato. Com uma abordagem flexível, Giroletti utiliza óleo, acrílico e géis para criar texturas e luminosidade, dando às suas obras uma presença física evidente. Suas composições permitem ao espectador experimentar contrastes entre simplicidade e complexidade, ordem e desordem, formas definidas e gestos espontâneos — reflexo de um processo criativo que a artista valoriza tanto quanto o resultado final.

Obra “Dissecada” de Licida Vidal. Imagem: Divulgação

Luis Maluf Galeria | “10 anos – Luis Maluf Galeria de Arte”
09.11 – 17.12

Luis Maluf comemora uma década de atuação no mercado de arte com exposição coletiva curada por Ana Carolina Ralston. A galeria, que começou com vendas de arte em uma Kombi e hoje possui duas sedes em São Paulo, representa 15 artistas nacionais e internacionais. Além de exposições, a unidade da Barra Funda promove uma residência artística anual, que está em sua quarta edição e apoia novas gerações de artistas. Em comemoração aos 10 anos, os artistas criaram obras inéditas, algumas dialogando com a história de Luis ou com a região da Barra Funda. Entre 15 artistas estão Aline Bispo, Bu’ú Kennedy, Karola Braga e nomes internacionais como a holandesa Janet Vollebregt.

Obra de Teodoro Dias. Imagem: Divulgação

DAN Contemporânea | “Teodoro Dias – pinturas, relevos e esculturas”
09.11 – 24.01.25

Teodoro Dias apresenta sua primeira individual na DAN Contemporânea sob a curadoria de Taisa Palhares, exibindo 41 obras que articulam sua poética visual precisa e minimalista. A mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas compostas por faixas verticais de diversas cores e larguras, inspiradas no ritmo repetitivo e anônimo do mundo industrial. Ao explorar o ato simples de traçar linhas paralelas, Dias transforma o ordinário em um campo visual quase hipnótico. Em esculturas maiores, feitas de perfis de alumínio pintados, as faixas ganham vida com articulações verticais manipuláveis, criando uma espécie de “partitura visual” que sugere movimento e ritmo.

O Bastardo, “Black Jesus, Jesus”, 2024. Foto: Filipe Berndt

A Gentil Carioca | O Bastardo, “My Black Utopia”
09.11 – 18.01.25

Com texto de Lilia Schwarcz, a exposição propõe uma utopia negra criada pelo artista a partir de uma releitura das obras clássicas da arte ocidental. Apropriando-se de ícones da tradição europeia, O Bastardo projeta essas figuras em uma realidade paralela dominada pelo protagonismo negro, onde elementos conhecidos são “atropelados” e sobrepostos para abrir novas possibilidades de interpretação e visão.

Francisco Galeno, Sem título (detalhe), c. 2010. Imagem: Divulgação

Galatea | “Francisco Galeno: o Piauí é aqui — o Piauí não é aqui”
12.11 – 25.01.2025

A mostra reúne 44 obras de Francisco Galeno, artista piauiense que combina técnicas como pintura sobre madeira e esculturas com objetos cotidianos ressignificados. Com um vocabulário visual que une as memórias da infância no Delta do Parnaíba e as influências modernistas de Brasília, onde vive desde criança, Galeno explora temas geométricos e lúdicos, inspirados tanto na arquitetura de mestres como Volpi e Athos Bulcão quanto em símbolos pessoais, como bolas de gude e carretéis. O curador Leno Veras destaca como Galeno traduz a cultura interiorana e a memória familiar em um “pensamento construtivo” que emerge nas suas assemblages, transformando móveis e objetos em narrativas visuais que conectam o território piauiense com a modernidade de Brasília.

Antonio Ballester Moreno, “Azul Verde Negro 8h”, 2024. Foto: Estúdio em Obra

Gomide&Co | Antonio Ballester Moreno, “Água (verde)”
13.11 – 01.02.2025

A Gomide&Co inaugura a primeira individual de Antonio Ballester Moreno no Brasil, que também já teve seu trabalho exposto na 33ª Bienal de São Paulo: “Afinidades Afetivas”, em 2018. O artista espanhol apresenta um conjunto inédito de grandes pinturas em acrílica sobre juta, onde explora a ideia de paisagem como um sistema em que todos os elementos se conectam. As obras estabelecem um ambiente em que formas e cores dialogam, remetendo tanto a tradição abstrata do século 20 quanto a figuração simbólica da natureza. O texto crítico é assinado por Taisa Palhares, que acompanhará o artista em uma visita guiada na ocasião da abertura, às 18h30.

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