Principais exposições para conferir em São Paulo – junho 2025

Confira mostra dedicada ao olhar visionário de Luisa Strina na Casa Bradesco e a individual de Neide Sá na Pinacoteca revisitando o movimento Poema/Processo

por Diretor
8 minuto(s)

Na Casa Bradesco, a mostra “Crivo” reúne obras de mais de 30 artistas que fizeram parte do olhar visionário de Luisa Strina ao longo de sua atuação como galerista, ocupando todos os espaços do local. Na Pinacoteca Luz, Neide Sá apresenta sua primeira individual institucional no Brasil, revisitando sua produção no movimento Poema/Processo e outros trabalhos que ampliam as possibilidades da poesia visual.

No Instituto Tomie Ohtake, a mostra de Manfredo de Souzanetto retoma uma fase importante de sua carreira e sua conexão com o Vale do Jequitinhonha. A mesma instituição também exibirá mostras dedicadas a Manuel Messias e ao Teatro Experimental do Negro.

Entre as individuais nas galerias, Tiago Mestre apresenta esculturas em cerâmica conectadas à tradição popular portuguesa. Na Galatea, Antonio Maia revisita os Arcanos Maiores do tarô, enquanto Dani Cavalier estreia na galeria, subvertendo a noção de pintura tradicional com suas “pinturas sólidas”. Já na Luciana Brito, a mostra “A casa como laboratório” ressalta a sensibilidade de Rochelle Costi para o cotidiano, descobrindo poesia em detalhes que muitas vezes passam despercebidos.

Ivens Machado, Sem título, 1990 – Divulgação Galeria Luisa Strina

“Crivo, a perspectiva de Luisa Strina” | Casa Bradesco
08.06 – 03.08

Com curadoria de Marcello Dantas e Kiki Mazzucchelli, a mostra ocupa a Casa Bradesco e reúne mais de 30 artistas fundamentais para a arte contemporânea que, de alguma forma, se conectaram à trajetória de Luisa Strina ao longo das cinco décadas de atuação visionária da galerista. A exposição traça um retrato da arte conceitual e experimental desde os anos 1970, conectando diferentes momentos da cena contemporânea e ampliando o entendimento sobre a relevância desses trabalhos no Brasil e no mundo.

Neide Sá com sua obra “Transparência”, 1968. Via Galeria Superfície

“Neide Sá: vida, doce mistério” | Pinacoteca Luz
21.06 – 14.09

A Pina Luz apresenta a primeira exposição individual de Neide Sá em uma instituição brasileira, reunindo obras do período em que integrou o movimento Poema/Processo (1967–1972). A artista, pioneira na experimentação do poema como objeto gráfico para além do alfabeto, tem sua produção revisitada em uma seleção que inclui trabalhos participativos. Com curadoria de Lorraine Mendes, a mostra ocupa as galerias expositivas do 2º andar, lançando nova luz sobre o legado de Sá no contexto da arte brasileira.

Manfredo de Souzanetto, “Forquilha 36_83”, 1983 – Imagem: Divulgação

Instituto Tomie Ohtake
“Manfredo de Souzanetto – As montanhas”
“Manuel Messias – Sem Limites”
“Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros”
13.06 – 03.08

A primeira individual do artista na instituição reúne cerca de 50 obras — entre desenhos, fotografias e pinturas — produzidas entre as décadas de 1970 e 1990. Com curadoria de Paulo Miyada, a mostra passa por diferentes momentos de sua produção, partindo de sua infância no Vale do Jequitinhonha até suas passagens por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Paris e Juiz de Fora. As montanhas mineiras aparecem nas obras como presenças afetivas e políticas, transformadas em cores, volumes e superfícies. Manuel Messias – Sem Limites apresenta a produção gráfica do artista nordestino que, entre adversidades, construiu uma obra visceral e dramática, influenciada pela literatura de cordel e pelo expressionismo de Goeldi — xilogravuras que narram a fome, a loucura, a desigualdade e a força dos marginalizados, reunidas pela primeira vez em uma mostra institucional. Já Teatro Experimental do Negro nas fotografias de José Medeiros revisita a parceria entre o grupo criado por Abdias do Nascimento e o fotógrafo, ressaltando o compromisso artístico e político de dar visibilidade à cultura afro-brasileira.

Joana Vasconcelos, “True Colours”, 2015. Fotografia © Luís Vasconcelos. Cortesia Atelier Joana Vasconcelos

“Joana Vasconcelos: Around the World” | Casa Triângulo
05.06 – 26.07

Em sua terceira individual na galeria, a artista portuguesa traz obras inéditas no Brasil. Entre elas, a monumental Valkyrie Léonie, escultura suspensa de mais de 7 metros de largura, criada com tecidos Dior para o desfile Outono-Inverno 2023/2024. A obra presta homenagem a figuras como Miss Dior e Léonie La Fontaine, unindo mitologia, resistência política e feminismo em uma instalação imersiva. No segundo ambiente, três esculturas menores prolongam a pesquisa da artista sobre tecidos e suspensões, em diálogo com o espaço da galeria e o universo da moda.

Vista da exposição “Corpo em bruma”, 2025. Crédito: EstúdioEmObra

“Corpo em bruma” | Espaço Caroço
28.06 – 10.08

O diálogo proposto pela mostra se dá entre duas visões distintas e complementares da relação entre corpo e paisagem na pintura contemporânea. Nas telas de Lucas Milano, surgem cenas instáveis e vaporosas, onde as figuras aparecem e se desfazem como lembranças prestes a desaparecer. Já Luiz Escañuela constrói obras mais densas, quase táteis, com superfícies que parecem oscilar entre pele humana e formações geológicas, marcadas por fissuras que lembram a passagem do tempo.

Tomás Saraceno, “Foam SB 12845b”, 2024 – Imagem: Divulgação

“Ruído Estelar” + Marcos Chaves, “Sangue Azul” | Nara Roesler
07.06 – 16.08

Ruído Estelar, com curadoria de Luis Pérez-Oramas e Núcleo Curatorial Nara Roesler, reúne 36 obras de nomes como Abraham Palatnik, Julio Le Parc e Tomie Ohtake, propondo uma leitura das artes visuais como campos de ressonância — em diálogo com o histórico registro do “ruído das estrelas” feito por Karl Jansky em 1932 e, depois, associado a um buraco negro na Via Láctea. Já Sangue Azul, individual de Marcos Chaves, exibe tapetes vermelhos produzidos a partir de fotografias que o artista fez de carpetes históricos europeus — como no trono de Napoleão e na Ópera de Paris — e transformados em peças que remetem a desgaste e decadência. Além dos tapetes, Chaves apresenta objetos e instalações que tensionam o significado da nobreza e do poder.

Obra de Tiago Mestre – Crédito: Julia Thompson

Tiago Mestre, “Fogo Fumo” | Gomide&Co
07.06 – 09/08

Com texto crítico de Verônica Stigger, a mostra ocupa todo o espaço expositivo com uma instalação site-specific composta por esculturas inéditas em cerâmica. Com formação inicial em arquitetura, o artista revisita a tradição da olaria popular do Alentejo — região onde nasceu — trazendo à tona aspectos históricos, sociais e culturais. Removendo a parede da fachada da galeria, Mestre amplia o diálogo com a cidade. As esculturas exploram objetos cotidianos como cântaros, jarros e bilhas, deformados para sugerir estados de embriaguez, deslocando-os de seu uso original para o campo da arte contemporânea.

Obra de Antonio Maia – Divulgação Galatea

“Antonio Maia: símbolos mágicos” + “Dani Cavalier: pinturas sólidas” | Galatea
10.06 – 02.08

Antonio Maia traz um conjunto de pinturas que revisitavam, entre 1986 e 1992, o universo dos Arcanos Maiores do tarô. Natural de Carmópolis, interior de Sergipe, Maia cresceu em meio à religiosidade popular, que se tornou parte indissociável de sua prática. Nesses trabalhos, ele mistura signos astrológicos, referências à cabala e alquimia. O texto crítico é de Lucas Dilacerda, que também assina uma “visita mediada pelo tarô” na abertura. Já a carioca Dani Cavalier estreia na Galatea com suas “pinturas sólidas” — obras feitas com retalhos de Lycra costurados em composições que se expandem para além da moldura. Os tecidos reaproveitados da indústria da moda servem de matéria-prima para uma pintura que se ergue como objeto, sem recorrer a tinta ou pincel. Ao mesmo tempo em que remete à paisagem e à abstração, Cavalier reconfigura a superfície pictórica como um espaço de encontro entre cor, forma e material.

Luiz Alphonsus, making of de “ENCONTRO EM UM PONTO (água)”, 1970

Luiz Alphonsus, “Entre o céu e a terra” | Superfície
10.06 – 02.08

A Superfície apresenta a primeira individual dedicada a um dos nomes fundamentais da arte conceitual brasileira e das práticas ambientais. Com curadoria de Diego Matos, a mostra reúne cerca de 30 obras que se relacionam com as formações geológicas, os territórios e o espaço como lugar de experimentação poética. Nascido em Belo Horizonte, Luiz Alphonsus cresceu no Rio de Janeiro e participou da efervescência artística que marcava o MAM-Rio nos anos 1960 e 70, período em que fundou, junto a Frederico Morais, Guilherme Vaz e Cildo Meireles, a Unidade Experimental do museu — um laboratório de pesquisa que questionava os papéis de artista, crítico e público.

Bruno Weilemann, Sem título, série Cerrado ralo, 2024 – Divulgação Aura Galeria

Bruno Weilemann Belo, “Cerrado Ralo” | Aura Galeria
07.06 – 05.07

A Aura apresenta a terceira individual de Bruno Weilemann Belo, reunindo um conjunto de obras recentes produzidas a partir de uma viagem do artista pelo interior de Goiás, que inspirou uma série de pinturas em que a terra e a aridez se manifestam por meio de técnicas experimentais. Com curadoria e texto assinados pelo próprio artista, Cerrado Ralo questiona formas tradicionais de representação da paisagem, propondo superfícies densas e texturas que sublinham a materialidade do suporte, construindo assim um diálogo entre gesto, cor e território.

Rochelle Costi, “Há Casas”, 2018 (still) – Divulgação Luciana Brito Galeria

“Rochelle Costi: A casa como laboratório” | Luciana Brito Galeria
14.06 – 02.08

A mostra resgata o olhar da artista para o cotidiano, reunindo mais de vinte trabalhos que revisitam a intimidade dos lares, das pequenas coisas e dos cantos que habitamos. Com curadoria de Alexia Tala, a exposição nos aproxima da sensibilidade de Rochelle, que sempre encontrou beleza e vitalidade no que é simples — objetos comuns, móveis, detalhes que costuram a vida. Obras como a série “Desmedida” e a instalação “Passatempo” exemplificam essa atenção afetuosa, transformando a galeria em uma extensão da casa da artista, um espaço para redescobrir o que, muitas vezes, passa batido.

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