Principais exposições para conferir em São Paulo – julho 2025

O mês começa com individuais inéditas, diálogos entre pintura e performance, experimentações gráficas e novas entradas em acervo institucional

por Diretor
8 minuto(s)

A Almeida & Dale abre o mês com duas exposições. Em uma delas, do programa Acervo Vivo, uma pintura de Rubens Gerchman serve como eixo para reunir trabalhos de Volpi, Adriana Varejão, Kusama, Rubem Valentim, Mira Schendel, entre outros. Em vez de seguir uma linha cronológica ou dividir por movimentos, a curadoria propõe encontros pontuais entre obras de origens e contextos distintos, a partir do próprio acervo da galeria.

Na outra sede da galeria, Ponto de Mutação reúne seis artistas com obras que partem de impasses atuais — ambientais, políticos, simbólicos — e buscam novos modos de pensar forma e matéria. A curadoria é de Antonio Gonçalves Filho.

No MAC USP, Ana Amorim ganha sua maior individual até hoje. A mostra cobre quase 40 anos de produção e apresenta pela primeira vez as “Grandes Telas”, feitas a partir de registros diários ao longo de um ano.

Outros destaques do mês: a nova individual de Jorge Macchi na Luisa Strina, com dípticos que combinam papelões encontrados na rua e pintura; a estreia de Arto Lindsay em exposição individual na auroras, com esculturas sonoras e objetos gráficos; e Maranhão na Jamaica, na Martins&Montero, que aproxima produções do eixo São Paulo–São Luís com foco na cultura do reggae.

Yayoi Kusama, “Dots Obsession”, 2001. Cortesia Almeida & Dale

“Acervo Vivo: Vivenciando a transcendência: uma coreografia de pinturas” | Almeida & Dale
03.07 – 31.07

Com curadoria de Cristiano Raimondi, a exposição parte de uma obra de Rubens Gerchman para propor um percurso sensorial entre diferentes gerações e movimentos da pintura, do construtivismo ao pop, do abstrato à produção contemporânea. Entre os artistas presentes estão Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Mira Schendel, Rubem Valentim, Yayoi Kusama e Peter Halley. A mostra faz parte do programa Acervo Vivo, que ativa o acervo da galeria a partir de recortes curatoriais livres de hierarquia, promovendo encontros entre obras de distintas épocas e origens.

Ana Amorim, “Second Embroidery”. Foto: Ana Pigosso

“Ana Amorim | Mapas Mentais” | MAC USP
05.07 – 05.10

Ana Amorim | Mapas Mentais é a maior mostra já realizada sobre a artista, reunindo cerca de 70 trabalhos produzidos ao longo de quase quatro décadas. A exposição apresenta, pela primeira vez, suas “Grandes telas” — registros diários feitos ao longo de um ano — além de outras obras inéditas e históricas.

Com formação em matemática e artes, Ana desenvolveu uma prática conceitual guiada por princípios éticos que, por muito tempo, a afastaram do circuito comercial. Recusava vender obras, participar de exposições patrocinadas ou mostrar sua produção em espaços privados.

Ao longo dos anos, o MAC USP acolheu momentos importantes de sua trajetória, incluindo sua primeira individual no Brasil e ações como a performance Contar Segundos, em 2021. Para Ana Amorim, arte e vida são inseparáveis. Seus mapas mentais e contagens de tempo são, ao mesmo tempo, registros íntimos e espelhos de uma experiência comum a todos — a passagem do tempo.

Rafael Kamada, Sem título, 2025. Foto: Julia Thompson

“Ponto de Mutação” | Almeida & Dale
05.07 – 09.08

A coletiva reúne obras de seis artistas — Anna Paes, Guilherme Gallé, Maria Luiza Toral, Marina Rodrigues, Rafael Kamada e Thales Pomb — cujas pesquisas visuais se debruçam sobre os impasses contemporâneos e a busca por caminhos de transformação. Esculturas, pinturas e experimentações materiais apontam para questões como memória, colapso ambiental, tecnologia e violência.

Inspirado no livro homônimo de Fritjof Capra, publicado em 1982, o título da exposição traz uma virada de paradigma: um modelo mais sensível e interconectado de compreensão do mundo. As obras partem de abordagens diversas — da arqueologia à física quântica — e compartilham um gesto comum, o de embaralhar as categorias entre linguagens e disciplinas como forma de reagir ao presente. A curadoria é de Antonio Gonçalves Filho.

Gê Viana, “Carregamento do mastr’, da série radiola da promessa, 2024 © Foto Cortesia Lima Galeria

“Maranhão na Jamaica” | Martins&Montero
12.07 – 09.08

Maranhão na Jamaica aproxima artistas da Lima Galeria (São Luís) e da Martins&Montero (São Paulo) em um encontro que cruza linguagens, territórios e tempos da arte brasileira. Com curadoria de Samantha Moreira e Frederico Silva, a mostra parte da força visual e sonora do reggae — tão presente em São Luís — para propor conexões entre imagem, som, arquitetura e deslocamento.

Instalada na Martins&Montero, a exposição reúne nomes como Gê Viana, Thiago Martins de Melo, Silvana Mendes, Dalton Paula, Ana Mazzei, Jota Mombaça e Martha Araújo, entre outros, além de convidados da cena audiovisual maranhense e uma programação de música e conversas. A proposta é pensar a galeria como um lugar de trânsito e reverberação, onde diferentes produções se tocam a partir de suas raízes locais, mas também de seus impulsos de troca.

Detalhe de uma das obras da série “Jantar em Familia” de Saulo Szabó. Crédito: Felipe Brendt

Saulo Szabó, “Tudo que Fica sem Ser Visto” | Galeria Lume
03.07 – 23.08

Em vez de acelerar, extrair ou apagar, Saulo Szabó propõe um gesto de escuta. A exposição Tudo que Fica sem Ser Visto apresenta trabalhos que nascem do atrito entre corpo, paisagem e arquitetura — com a terra como matéria viva e testemunha do tempo.

Com frotagens feitas em cachoeiras, instalações com resíduos naturais e um muro erguido com terra de lugares prestes a serem soterrados, o artista constrói uma cartografia da erosão — física, ética, política. Em Cura, galhos secos recebem ampolas de terra e água de territórios sagrados. Em Raízes da Terra, o pigmento natural mancha e revela o que escapa ao controle. A mostra se ancora numa ética do cuidado e numa cosmologia onde terra e memória são inseparáveis.

Jorge Macchi, “Perspectiva atmosférica”, 2024. Foto: Édouard Fraipont. Cortesia do artista e Luisa Strina

Jorge Macchi, “Las fases lunáticas” | Luisa Strina
10.07 – 09.08

A máscara — e o que se vê através dela — guia a nova exposição de Jorge Macchi, que reúne uma série de dípticos formados por papelões encontrados na rua e pinturas a óleo sobre papel. Os papelões, perfurados por usos anteriores, ganham função poética ao se tornarem dispositivos de olhar. Já as pinturas replicam esses vazios e criam paisagens fragmentadas marcadas por auréolas de óleo e gradientes sutis de cor. Entre luz e sombra, matéria e imagem, Macchi propõe pequenas lunacidades do cotidiano, como se olhar para o mundo fosse sempre atravessar um filtro.

Arto Lindsay. Crédito: Marcelo Krasilcic

Individual de Arto Lindsay | auroras
06.07 – 24.08

O auroras recebe a primeira exposição individual de Arto Lindsay em São Paulo. Conhecido por transitar entre a música de vanguarda e as artes visuais, Lindsay apresenta uma série de esculturas sonoras e objetos gráficos que misturam corpo, ruído e intenção.

Instalada na casa modernista que abriga o espaço, a mostra traz mesas acústicas feitas a partir das medidas do corpo do artista, desenhos gravados em pedra e até uma loja de “merch” com camisetas e frases suas — um cruzamento entre o cômico e o conceitual. Como em sua prática, tudo aqui flutua entre performance, instalação e estranhamento.

Lena Bergstein, “Galáxias”, 2023 – Divulgação

“Lena Bergstein” | Galeria Gravura Brasileira
05.07 – 23.08

Galáxias é o título de uma série que reúne 12 pinturas em acrílica com intervenções de oxidação, formando um firmamento noturno onde pontos de luz emergem de uma densa escuridão. As obras funcionam como sistemas em movimento — redes de troca entre estrelas e poeira estelar, um catálogo de matérias em suspensão.

Nas gravuras, o artista utiliza folhas de ouro e cobre que, ao oxidarem de forma imprevisível, se desfazem e fragmentam, deixando marcas sutis sobre o papel. Com camadas sucessivas, o processo dá origem a superfícies onde pigmentos se acumulam em tons esverdeados, dourados e terrosos. Riscos, traços e pequenas formas geométricas se sobrepõem como escrita primitiva — vestígios de um tempo em que escrever e desenhar ainda eram a mesma coisa.

Fotografia de Rodrigo Pivas / Divulgação

“Entre sombras encontro luz | Nova Fotografia 2025” | MIS
01.07 – 17.08

O fotógrafo Rodrigo Pivas apresenta a série Entre sombras encontro luz, terceira exposição do projeto Nova Fotografia 2025. Com 27 imagens registradas em feiras livres de São Paulo entre 2021 e 2024, o projeto parte de visitas recorrentes aos mesmos pontos da cidade, observando como a luz recorta formas, objetos e pessoas em meio à rotina. As imagens, impressas em papel de parede, colocam em primeiro plano os contrastes entre sombra e claridade, criando uma espécie de mapa visual desses espaços.

Vídeo SKIN.BODI ES I de Edith Saldanha, em 2024 / Divulgação

18ª edição da VERBO | Galeria Vermelho
02.07 – 05.07

A mostra de performance VERBO chega aos 20 anos em 2025. Serão quatro dias de apresentações gratuitas com 31 artistas de 16 países — entre nomes como Julieth Morales, Novíssimo Edgar, Gabriel Cândido, Elilson, Gama Higai, Sofia Pinheiro e o coletivo cearense No Barraco da Constância Tem!.

Com curadoria de Marcos Gallon e Samantha Moreira, a VERBO reafirma sua posição como um dos eventos mais consistentes da performance no Brasil, reunindo ações ao vivo e vídeos que tocam em temas como corpo, território e deslocamento. Após a capital paulista, a mostra segue para Ribeirão Preto (SP), Fortaleza (CE) e São Luís (MA).

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