Natural de Ceilândia, no Distrito Federal, o artista Antonio Obá tem sido ainda mais conhecido nos últimos anos por suas impressionantes telas. Mas sua produção já se desdobrou também em performances, desenhos e outros formatos, numa pesquisa bastante rigorosa sobre a história do corpo, sobretudo o corpo negro, considerando questões históricas e sociais que se desenvolveram no Brasil.
O que poucos sabem sobre Obá é que ele é um amante da música e leva isso muito, mas muito, a sério. Em sua casa e em seu ateliê, é muito comum que ele esteja acompanhado por um violão, do qual ele tira músicas que gosta muito e que parecem ajudá-lo em uma espécie de meditação, como Bambayuque, de Zeca Baleiro, e a A Resposta, de Vitor Ramil. A música popular brasileira está bastante presente em sua vida e também na playlist de 2021, criada especialmente para o AQA.
Nela, ele trouxe músicas de artistas bastante conhecidos, como Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Monica Salmaso e Lô Borges, como também outros cantores contemporâneos e emergentes, como Tiganá Santana, Zé Modesto e Rubi. É importante notar que todos eles possuem uma semelhança: um grau muito caloroso de tranquilidade nas vozes.
Além desses nomes nacionais, a lista de Obá também compreende artistas internacionais bem classudos, como Miles Davis, Maria Callas e John Coltrane. Fica aqui uma menção especial também ao fenômeno indie Moses Sumney e à latinidade de Jorge Drexler e Loli Molina.
Agora, em 2023, convidamos o artista para elaborar uma segunda playlist. A nova seleção transita entre composições musicais e poemas, que segundo Obá, teriam o acompanhado em um dia de trabalho. No dia em questão, ele teria começado lendo um poema de João Cabral de Mello Neto, “A Educação pela Pedra”, que compõe um livro de título homônimo, de 1965. Pesquisando sobre a obra escrita, Obá encontrou o álbum “João Cabral de Mello Neto por ele mesmo”, gravado quatro anos após a publicação do livro, onde o próprio poeta declama suas criações.
Mais para frente, Obá também destaca a música “Abertura”, parte inicial da grande obra “A Floresta do Amazonas”, uma das últimas composições de Heitor Villa-Lobos, e nos conta que teve o primeiro contato com a composição ainda adolescente, quando a ouviu na minissérie “A Muralha”, de 2000, que tinha a música como tema.