Pinacoteca de São Paulo abre prédio novo

Pina Contemporânea apresenta 60 obras do acervo e primeira individual da artistas sul-coreana Haegue Yang no Brasil

por Beta Germano
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Haegue Yang
Haegue Yang

O programa é gostoso, democrático e construtivo. Visitar a  Pina Contemporânea, passear no parque da Luz e terminar o rolê na Pina Luz! Neste final de semana São Paulo ganhou um presente:  o novo prédio da Pinacoteca de São Paulo, já chamado carinhosamente de Pina Contemporânea, conta com dois espaços expositivos, além de uma área aberta que atravessa o edifício e o conectada ao parque da Luz. Esta praça central irá  abrigar grandes instalações,  performances e ações educativas que prometem democratizar o museu. 

Na Galeria Praça, é possível ver a mostra “Quase coloquial” , uma  individual da artista sul-coreana Haegue Yang. Conhecida por levar peças da vida doméstica e cotidiana para a esfera pública, Yang trabalha com diferentes processos de deslocamento. Uma veneziana separa o que está dentro e fora, por exemplo, quando deslocada, pode criar novos espaços. A série de colagens, criadas especialmente para a exposição no Brasil, dialogam com clássicos  da arte brasileira como Cantos Virtuais, Cildo Meireles ou os Relevos Espaciais, do Helio Oiticica, além de estabelecer um diálogo com os biomas e a arquitetura moderna brasileira. 

Haegue Yang
Haegue Yang

 “Ao refletir sobre a ideia de se apropriar de objetos e materiais do cotidiano, produzidos industrialmente, é possivel perceber um diálogo com obras do Marepe e Jac Leirner.”explica o curador Jochen Voz. A obra, chamada  “Estrangeiro coloquial”, busca estabelecer um contraponto entre o que é desconhecido, ou estrangeiro, como a própria artista, com o que é coloquial e familiar. A escolha das cores como o violeta, verde, azul e o laranja é para prestar uma homenagem à arquitetura modernista do Brasil.  Inspirada pelas construções vernaculares brasileiras, a artista usa, ainda,  pó xadrez vermelho para pintar uma das paredes. “A ideia de deslocamento está presente em várias camadas de seu trabalho. Ela fala do deslocamento de linguagem, objetos, materiais, conceitos e pessoas”, conclui. Yang usa o termo “quase” em diversos trabalhos para questionar o poder de se opor a uma confiança ou categorização absoluta.  

Haegue Yang
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Haegue Yang
Haegue Yang
Haegue Yang

Já na galeria Chão da Praça, é possivel ver 60 obras do acervo da Pina, curadas por Ana Maria Maia, e divididas em três grandes temas: travessias, vizinhanças e transcendências. 

Máscara Ritual Tukano, do Duhigó
Máscara Ritual Tukano, do Duhigó

A ideia de “travessia” pode ser entendida tanto no sentido de percurso quanto de atravessamento. Logo na entrada da exposição, portanto, é possivel conferir a série Irrompimento, de Regina Silveira; Galinha d´Angola, de Paulo Nazareth – duas obras marcadas pelos fluxos e contrafluxos de um caminhar incessante. Na performance Modificação e apropriação de uma identidade autônoma, de Gretta Sarfatty, o deslocamento individual de uma mulher destitui as camadas de um cubo confeccionado para abarcar (e, nesta medida, comportar) seu corpo e sua subjetividade. Aqui, é possível ver, ainda, uma nova montagem da obra Ttéia 1C, de Lygia Pape. 

Kebranto, de Jonas Van e Juno B
Kebranto, de Jonas Van e Juno B

Já o tema “vizinhança” aparece como medida para pensar sobre como as coletividades se dão em diferentes territórios. Em “Transcendências” a curadoria propõe uma reflexão sobre aberturas e conexões  através do tempo e de percepções metafísicas que nos orientam a partir de escutas e cosmovisões da natureza. Não deixe de conferir, aqui,  a Parede da memória, de Rosana Paulino; Kebranto, de Jonas Van e Juno B.; Mundo dos espíritos da floresta, de Daiara Tukano;  Máscara Ritual Tukano, do Duhigó; Pele em fuga, de Ernesto Neto; e, A Coleta da Neblina, de Bigita Baltar. Para arrematar com chave de ouro, o museu instalou a icônica Tríade Trindade, de Tunga, na área externa do novo prédio! Vida longa à Pina Contemporânea. 

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