Quem acompanha no nosso podcast sobre o centenário da Semana de Arte Moderna no Brasil, já sabe que a Pinacoteca de São Paulo já planeja há algum tempo apresentar uma representativa exposição sobre o tema sob curadoria de José Augusto Ribeiro. A ideia, na verdade, não é focar nos artistas modernos que produziram antes e depois da Semana de 22 e sim partir de um momento significativo da história da industrialização do Brasil para analisar como as diferentes indústrias que nasceram e se desenvolveram desde então impactaram a produção artística nacional.
A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901 – 2021”, que abre no próximo dia 6 de novembro, apresenta cerca de 250 obras de mais de 100 artistas sob uma perspectiva inédita dos últimos 120 anos da História da Arte Brasileira.
Se Tarsila do Amaral marcou essa história pitando fábricas, ferrovias e trabalhadores, a própria indústria moderna e as máquinas resignificaram o pensamento e o fazer artístico. “Por um lado, a máquina está ligada às fábricas, a esses locais símbolos da modernidade, com trabalhadores concentrados em linhas de montagem, maquinário pesado, produtos processados e de circulação em massa. Por outro lado, a máquina está associada à noção do próprio trabalho de arte como um aparelho”, ressalta o texto da mostra.
Além de obras históricas e peças contemporâneas já significativas para a nossa narrativa artística, o visitante também poderá conferir três trabalhos inéditos, idealizados especialmente para a coletiva: a artista Ana Linnemann idealizou A Mesa de Ateliê 4, no qual um sistema complexo de procedimentos mecânicos repetem atividades realizadas em ateliê por artistas; Artur Lescher desenvolveu Riovenir, que faz referência às esteiras de linha de produção; e, Raul Mourão realiza a obra Pilha/torre que, por meio da ação do público, coloca em movimento pendular e constante uma estrutura geométrica.
Não perca, ainda, Santoscópio=Dumontagem, o curta de Carlos Adriano, onde Santos Dumont explica o funcionamento de seus balões dirigíveis ao aeronauta Charles Stewart Rolls em 1901. O filme original foi feito a partir de 1.339 cartões fotográficos e podia ser visto em um dispositivo cinematográfico chamado mutoscópio. O registro, entretanto, foi dado como perdido até que, em 2002, acabou sendo encontrado pelo artista Carlos Adriano, que coordenou os trabalhos de restauração da peça, digitalizou as imagens e, a partir disso, criou a nova produção.
A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901 – 2021
Data: De 06 de novembro de 2021 até 22 de fevereiro de 2022