Pílulas de notícias do mês de janeiro

Relembre os principais acontecimentos da arte que marcaram o início de 2025

por Carolina Reis
6 minuto(s)

O que aconteceu na arte nesses primeiros dias do ano? Nossa seleção inclui as indicações brasileiras ao Oscar, a reforma do Louvre, as eleições e incêndios nos EUA e mais.

Isaac Julien, still de “Lina Bo Bardi – A Marvellous Entanglement”, via Victoria Miro Gallery

Fernanda Montenegro e Fernanda Torres encarnam Lina Bo Bardi no MASP

Como falar de janeiro sem mencionar a linhagem de Fernandas indicada ao Oscar? Fernanda Torres, indicada à categoria de Melhor Atriz este ano, divide o mesmo espaço em que sua mãe, Fernanda Montenegro, concorreu há 20 anos. Além disso, o longa Ainda Estou Aqui” disputa as categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional.

Além disso, o MASP anunciou a chegada de um filme inédito: mãe e filha protagonizam a obra do cineasta britânico Isaac Julien, que será exibida no novo anexo do museu a partir de março. “Um maravilhoso Emaranhado” (2019) é uma instalação audiovisual que narra a trajetória da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, com as atrizes se alternando na interpretação da protagonista.

O filme foi gravado em edifícios emblemáticos de sua arquitetura pelo Brasil, como o Sesc Pompeia e o Teatro Oficina – com a participação de Zé Celso -, na capital paulista, além do Museu de Arte Moderna e do Restaurante Coaty, em Salvador. O trabalho ainda apresenta uma coreografia especialmente encenada pela companhia de dança do Balé Folclórico da Bahia e performances do coletivo de arte brasileiro Araká. A trilha sonora foi criada pela compositora Maria de Alvear.

Pronunciamento de Macron em frente à mona Lisa, via The New York Times.

É divulgado plano para reforma bilionária no Museu do Louvre

Depois dos apelos da diretora do Museu do Louvre, Laurence des Cars, pelas condições de degradação do edifício por meio de uma carta aberta, o presidente francês, Emmanuel Macron, organizou uma conferência pública para endereçar a reforma do maior museu de arte da França, a ser entregue em 2031.

Com mais de 9 milhões de visitantes por ano — sendo três quartos desse total apenas para ver a Mona Lisa —, o museu enfrentava graves problemas de superlotação e infraestrutura deficiente. Agora, o novo projeto, com duração de seis anos, prevê a construção de uma nova entrada, uma sala exclusiva para a icônica pintura de Leonardo da Vinci e a modernização da estrutura geral do Louvre.

O custo total da reforma é estimado em várias centenas de milhões de euros, ultrapassando a marca de 1 bilhão de reais. Macron afirmou que essa renovação não pesaria no bolso do contribuinte, pois seria financiada por meio da venda de ingressos, doações e do acordo de patrocínio entre o museu e o Louvre Abu Dhabi. Já foi anunciado um reajuste no valor dos ingressos.

Artista grafita sob os escombros em Gaza, via The Art Newspaper.

Início do cessar fogo na Palestina

Pela primeira vez em 15 meses de conflito armado, um cessar-fogo entre Israel e o Hamas entrou em vigor neste mês de janeiro. Não só profissionais do ramo da arte, mas palestinos refugiados pelo mundo todo começam a retornar para seu território e se empenhar na reconstrução pós-guerra.

Museus, galerias e espaços culturais ainda não foram reabertos e ainda existe muito a se recuperar antes que as instituições estejam prontas para retomar suas atividades. O artista visual Mohammad Alhaj foi ouvido pelo The Art Newspaper e relatou: “Os próximos dias serão de grande dor, porque a guerra simplesmente terminou depois de tudo o que aconteceu, e só agora as nossas lágrimas começaram a fluir”.

O muralista e artista performático Ayman Alhossary, assim como Alhaj, ainda não regressou à sua casa na Cidade de Gaza. Tanto sua casa quanto seu estúdio foram destruídos durante a guerra, mas ele planeja retornar quando o acesso for permitido para sua região.

Bombeiros trabalham para limpar um aceiro enquanto o incêndio em Palisades queima no Mandeville Canyon, 12 de janeiro. Foto: Ringo Chiu, via Reuters

Arte e cultura de Los Angeles se recupera das queimadas

Los Angeles enfrentou a maior queimada já registrada em seu território, com três focos de incêndio iniciados em 7 de janeiro, que só foram completamente controlados após o dia 20. 

A tragédia afetou milhares de moradores, levando ao fechamento de diversas instituições de arte, incluindo museus, galerias e coleções. Em resposta, algumas das principais instituições artísticas da cidade, como o J. Paul Getty Trust, LACMA, MOCA e o Hammer Museum, uniram-se para apoiar um fundo de auxílio aos artistas e trabalhadores da arte impactados. Criado com um aporte inicial de 12 milhões de dólares, o fundo só cresce desde então.

Chamado de Fundo de Alívio para Incêndios da Comunidade de Artes de Los Angeles, o projeto visa fornecer apoio imediato a artistas que perderam casas ou estúdios, além de trabalhadores da arte cujos meios de subsistência foram comprometidos pelos incêndios.

Outras iniciativas de arrecadação também foram organizadas, como o festival FireAid, que reuniu shows de Billie Eilish, Lady Gaga, Katy Perry e outros 24 nomes de peso, além da receita gerada pelo intervalo comercial do Grammy Awards 2025, cuja receita foi destinada a ONGs que auxiliam os afetados pelo fogo.

Fachada do Smithsonian Institute. Foto: Manuel Balce Ceneta, via AP.

Decreto presidencial acaba com a área de diversidade em museus de arte nos Estados Unidos

A posse de Donald Trump, no dia 20, marcou a segunda quinzena no mês com manchetes preocupantes. Entre os decretos assinados, o novo presidente dos Estados Unidos baniu as DEIs, sigla usada para designar iniciativas de diversidade, equidade e inclusão financiadas com recursos públicos. Essas medidas abrangiam programas voltados ao combate à discriminação de gênero, sexualidade, preconceito religioso e capacitismo em instituições públicas, como o The Smithsonian e a National Portrait Gallery, em Washington, D.C.

O Smithsonian, por exemplo, relutou em fechar seu escritório de diversidade, mas optou por congelar todas as contratações, além de demitir funcionários dessa área. A decisão afetará dezenas de museus, bibliotecas e centros de pesquisa americanos, bem como o Zoológico Nacional.

Com isso, os setores dedicados à diversidade nesses museus federais foram desmantelados, gerando ampla repercussão nos principais veículos de arte ao redor do mundo.

Retrato de Patti Smith. Foto: Peter Hugo

Passagem de Patti Smith por São Paulo

Com show marcado no Teatro Cultura Artística, em São Paulo, Patti Smith aterrissou no Brasil acompanhada do Soundwalk Collective, com quem colabora há décadas.

Em “Correspondences”, os artistas percorrem o mundo e atravessam paisagens para explorar caminhos sonoros deixados por poetas, cineastas e revolucionários, buscando despertar memórias sonoras que traduzem nossa relação com o mundo e o meio ambiente, nossa existência e o processo criativo de pessoas artistas.

Além de performarem juntos, dividindo o palco após 5 anos sem se apresentar no Brasil, o coletivo também expõe vídeos colaborativos na Casa Iramaia, casa modernista da galeria Mendes Wood DM.

Durante a performance da quarta-feira, 29, a ícone da contracultura estadunidense acabou passando mal e desmaiou no palco, razão que a levou a cancelar a segunda apresentação, que ocorreria no dia seguinte. Em mensagem aos fãs, Patti Smith assegurou que está bem e segue sua programação, agora de volta à Nova Iorque.

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