Junho foi um mês de diferentes acontecimentos no mundo das artes. A 36ª Bienal de São Paulo divulgou a lista de seus mais de 100 artistas. Em reconhecimento internacional, a brasileira Tadáskia venceu o K21 Global Art Award 2025. O cenário celebrava o anúncio da retrospectiva de Marcel Duchamp nos EUA após 50 anos, a ser realizada em 2026.
No âmbito institucional, o Getty lançou o programa Global Art and Sustainability Fellows, e o Museu Afro Brasil nomeou Flávia Martins como nova diretora executiva. Ainda houve o anúncio de uma nova instalação de Ai Weiwei na Ucrânia sobre conflitos e Bob Dylan revelou um livro de desenhos. Por fim, a edição anual da Art Basel na Suíça encerrou destacando obras de alto calibre e forte presença brasileira.
Artista brasileira Tadáskia ganha K21 Global Art Award 2025
A brasileira Tadáskía foi a grande vencedora da edição de 2025 do K21 Global Art Award. De visibilidade global, a honraria visa identificar e impulsionar a arte atual, celebrando a excelência e a inovação de criadores de diversas nações, tanto novos talentos quanto os já estabelecidos.
Figura proeminente nas artes, Tadáskía tem uma notável trajetória recente, incluindo participação na 35ª Bienal de São Paulo e o pioneirismo como a primeira a pintar as paredes do MoMA, consolidando seu caminho e elevando a projeção da produção nacional no exterior.
36ª Bienal de São Paulo divulga lista de artistas
No dia 11 de julho, a Fundação Bienal de São Paulo divulgou a lista de mais de 100 artistas para a 36ª Bienal de São Paulo, intitulada “Nem todo viandante anda estradas — Da humanidade como prática”. Com visitação gratuita, a mostra ocorrerá no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, em São Paulo, de 6 de setembro de 2025 a 11 de janeiro de 2026. A edição, concebida por Bonaventure Soh Bejeng Ndikung e sua equipe, tem como inspiração o poema de Conceição Evaristo e os padrões migratórios das aves. Clique e onfira a lista completa.
Visitante danifica réplica de cadeira de Van Gogh em museu
Uma réplica da icônica cadeira de Van Gogh, cravejada com delicados cristais Swarovski, sofreu danos após um visitante tentar tirar uma foto fingindo sentar na obra, perdendo o equilíbrio e caindo sobre a peça. O incidente ocorreu no Museu Palazzo Maffei.
O museu informou que o responsável pela danificação fugiu após o ocorrido, e sua identidade segue sob investigação. O episódio ressalta a vulnerabilidade das obras de arte em exibição pública e a importância do respeito às normas dos museus para a preservação do patrimônio cultural.
SP-Arte Rotas: nova fase da feira de agosto amplia foco para a América Latina
Antes nomeada como Rotas Brasileiras, a feira do segundo semestre da SP-Arte passa agora a se chamar SP-Arte Rotas. A mudança marca uma ampliação do escopo do evento, que além de reunir artistas e galerias brasileiras, passa a incorporar produções de toda a América Latina, reforçando o diálogo com a cena artística da região.
A edição de 2025 acontecerá entre os dias 27 e 31 de agosto, no espaço Arca, em São Paulo, com cerca de 70 projetos participantes. Pelo segundo ano consecutivo, a curadoria e direção artística ficam a cargo de Rodrigo Moura. A programação inclui conversas com artistas e curadores, além do Circuito SP-Arte, com uma agenda paralela de exposições e eventos pela cidade.
Joel Shapiro, renomado escultor pós-minimalista, morre aos 83 anos
Joel Shapiro, aclamado escultor pós-minimalista conhecido por explorar mudanças de escala e percepção em suas obras, faleceu em 14 de junho, aos 83 anos. Sua partida representa uma perda significativa para o cenário da arte contemporânea, onde seu trabalho se destacou pela abordagem inovadora da escultura.
Majoritariamente feitas de elementos de bronze e alumínio, as esculturas de Shapiro podem ser encontradas em acervos de instituições de renome mundial, como o Museu do Holocausto dos Estados Unidos e o Metropolitan Museum of Art. Seu legado artístico permanece vivo através dessas peças que convidam o observador a novas formas de interação com o espaço e a forma.
Após 50 anos, Duchamp ganha individual no MoMA e Filadélfia em 2026
Após um hiato de 50 anos sem uma exposição individual nos Estados Unidos, Marcel Duchamp, um dos artistas mais influentes do século XX, terá uma grandiosa retrospectiva anunciada para 2026. A iniciativa, fruto de uma parceria entre o Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, e o Museu de Arte da Filadélfia, pretende oferecer ao público americano um olhar abrangente sobre a obra do artista que revolucionou os conceitos de arte. A mostra já se anuncia como um dos grandes eventos do calendário cultural.
Com abertura marcada para abril de 2026, a exposição contará com uma lista impressionante de aproximadamente 300 objetos, cobrindo diversas fases da carreira de Duchamp. Entre as obras que serão exibidas, destaca-se a famosa pintura “Nu Descendo uma Escada, nº 2”, peça que gerou grande polêmica e escandalizou o público em sua apresentação na França em 1913.
Getty lança programa global de bolsas de estudo em arte e sustentabilidade
O Getty anunciou o lançamento do programa Getty Global Art and Sustainability Fellows, uma nova iniciativa para promover a sustentabilidade em arte e cultura. O programa apoiará 15 organizações culturais e científicas em seis continentes por dois anos, focando em profissionais e artistas visuais que abordam a resiliência climática. Katherine Fleming, CEO do Getty, afirma que as artes podem ter um papel “convincente” na conversa sobre ameaças climáticas, como parte de uma abordagem holística de sustentabilidade da instituição.
Ai Weiwei anuncia nova instalação na Ucrânia sobre conflitos globais
O renomado artista chinês Ai Weiwei fará uma nova e importante instalação na Ucrânia. O trabalho se posiciona diante do crescente conflito armado que ameaça o mundo atual, buscando inspiração tanto em projetos anteriores do artista quanto em desenhos de Leonardo da Vinci. A iniciativa destaca o engajamento de Ai Weiwei com questões geopolíticas e sociais, utilizando a arte como forma de reflexão sobre os desafios globais. Clique e onfira a lista completa.
Museu Afro Brasil elege nova diretora executiva para a instituição
A Associação Museu Afro Brasil e o Museu Afro Brasil Emanoel Araújo anunciaram a nomeação de Flávia Martins como nova diretora executiva. Com quase 30 anos de carreira em grandes organizações e multinacionais, Flávia atua há décadas em sustentabilidade, cultura, diversidade e inovação. Ela passou por instituições como o Pacto Global da ONU e a Telefônica, sendo também escritora, mentora e palestrante.
Hélio Menezes, que integrou a curadoria da 35ª Bienal em 2023 e que ocupava o cargo até então, utilizou as redes sociais para denunciar que a troca foi realizada de forma arbitrária pela gestão da instituição. Segundo ele, não houve nenhuma forma de aviso prévio e, durante a escolha da nova diretoria, Hélio estava internado por sérios problemas de saúde. Além de uma série de protestos nas redes sociais devido à sua saída, os conselheiros Rosana Paulino e Wellinton Souza anunciaram suas renúncias aos cargos no conselho do museu.
Destaques da Art Basel 2025
A edição anual da Art Basel, principal feira que ocorreu na Basileia, Suíça, entre 19 e 22 de junho, consolidou-se como um evento central para o mercado de arte. A mostra reuniu obras de alto calibre e artistas renomados globalmente, injetando ânimo no setor e fomentando diversos eventos paralelos. Entre os destaques, figuraram trabalhos icônicos de David Hockney, uma escultura de Ruth Asawa e pinturas de Gerhard Richter e Agnes Martin.
O cenário brasileiro teve forte representatividade, com obras de Lucas Arruda, Lygia Pape e Dalton Paula em destaque, além de Marina Rheingantz, Luiz Zerbini, Ernesto Neto e Tunga. A relevância curatorial da feira foi confirmada por importantes aquisições institucionais. Peças como “Playmate”, de James Rosenquist, e “Red Birds”, de Cai Guo-Qiang, foram compradas por instituições europeias.
Confira os melhores valores de venda do evento:
Annely Juda Fine Art
- David Hockney, “Mid November Tunnel”, 2006: USD 13-17 milhões
David Zwirner
- Escultura de Ruth Asawa: USD 9,5 milhões
- Pintura de Gerhard Richter: USD 6,8 milhões
- Lucas Arruda, duas pinturas: USD 250,000 cada
Pace Gallery
- Agnes Martin, “Untitled #5”, 2002: acima de USD 4 milhões
- Tunga, Sem título, da série Steel Pod, 2013: USD 120,000
Gladstone
- Duas obras de Keith Haring: acima de USD 3,5 milhões
Hauser & Wirth
- Duas obras de Mark Bradford: USD 3,5 milhões cada
George Condo
- “Streets of New York”, 2025: USD 2,4 milhões
Thaddaeus Ropac
- Georg Baselitz, “Drei Hunde aufwärts”, 1968: USD 3,4 milhões
- Vendeu “Playmate” (1966), de James Rosenquist: por USD 1,8 milhão
Yares Art
- Adolph Gottlieb, “Petaloid #2”, 1963: USD 2,5 milhões
Fortes D’Aloia & Gabriel
- Marina Rheingantz, “Ultrassom”, 2024: USD 180,000-200,000
- Luiz Zerbini, “Holiday Hotel”, 2025: USD 150,000-175,000
- Ernesto Neto, “Terra vida céu”, 2022: USD 60,000-$80,000
White Cube
- Lygia Pape, “Desenho”, 1960: USD 240,000
- Negociou “Red Birds” (2022), de Cai Guo-Qiang: por USD 1,2 milhão
Lisson Gallery
- Dalton Paula, “Xica Manicongo” e “Aqualune”, 2025: USD 200,000
