Em julho, mês que marca o final do primeiro semestre do ano, as feiras The Art Show e Taipei Dangdai anunciaram o cancelamento de suas próximas edições, enquanto Sophia Al-Maria foi apresentada como a grande aposta da Frieze London 2025. Além disso, uma nova feira focada em galerias dirigidas por mulheres acontecerá também em Londres e Ai Weiwei anunciou uma nova instalação na Ucrânia. Algumas fotografias do projeto brasileiro Retratistas do Morro foram adquiridas pelo acervo do MoMA; o debate sobre o uso de IA nas artes ganhou novo fôlego após Ai-Da, a primeira ‘artista’ robótica, realizar um retrato do rei Charles III; e um retrato gerado por IA do gol preferido de Lionel Messi ser leiloado por US$ 1,87 milhão. Por fim, duas grandes perdas foram profundamente sentidas pela comunidade artística: a do artista afro-estadunidense Raymond Saunders, cujas obras predominantemente em preto destacam preocupações sociopolíticas, e a da brasileira de origem árabe-libanesa Habuba Farah, conhecida por seus trabalhos em abstracionismo geométrico.

Crise no mercado de arte: cancelamentos de feiras e fechamentos de galerias
O cancelamento das feiras The Art Show (Nova York) e Taipei Dangdai expõs a crise no modelo tradicional do mercado. Galerias consolidadas, como Blum & Poe e Venus Over Manhattan, fecharam as portas, citando custos insustentáveis e um sistema “esgotado”. Dados revelam queda de 6,2% nas vendas em leilões em 2025, com a arte contemporânea recuando 19,3%. Enquanto obras de nomes consagrados perdem valor, artistas do Sul Global, como o indiano MF Husain (cuja obra alcançou US$ 13,7 milhões em leilão), ganham destaque.
A mudança reflete novos hábitos: colecionadores jovens buscam narrativas culturais, não apenas status. Enquanto o eixo tradicional definha, galerias apostam em formatos alternativos, como exposições colaborativas e vendas privadas. O mercado se reinventa — mas o caminho ainda é incerto. Saiba mais sobre o assunto na matéria exclusiva feita pelo AQA.
2ª temporada de “Artérias” no SescTV conta com Artistas Apostas do AQA
Em exibição no SescTV desde o dia 24 de julho, a segunda temporada da série documental “Artérias” explora produções artísticas contemporâneas através de relatos em primeira pessoa, com foco em perspectivas negras, indígenas e LGBTQIAPN+. Entre os participantes estão nomes como Davi de Jesus do Nascimento, Gê Viana, Moara Tupinambá e Ayrson Heráclito, além de três Artistas Apostas do AQA: Gustavo Caboco, Juliana Santos e Josi.
Pinacoteca de São Paulo recebe apoio institucional de grife italiana
A Bvlgari, renomada joalheria italiana, é a nova parceira da Pinacoteca de São Paulo. A colaboração apoiará o Centro de Conservação e Restauro e as exposições do museu em 2025, ano em que a instituição completa 120 anos. A parceria também trará workshops internacionais de restauro, promovendo o intercâmbio de conhecimento técnico e fortalecendo a formação de profissionais brasileiros na área de preservação cultural. Clique aqui para saber mais detalhes dessa união.
Cantor e compositor Bob Dylan lançará livro de seus desenhos
Reunindo cerca de 100 desenhos em preto e branco – desde retratos íntimos até cenas urbanas, criados entre 2021 e 2022 –, Point Blank (Quick Studies) é o novo livro de arte de Bob Dylan, publicado pela Simon & Schuster. Acompanhados por textos analíticos, os trabalhos mostram o processo criativo do artista. Com lançamento marcado para 18 de novembro, a obra coincide com o lançamento do audiolivro de “Chronicles: Volume One” que destaca a contínua intersecção entre as linguagens visual e musical de Dylan – característica marcante de sua produção desde as capas de álbuns nos anos 1970 até suas atuais exposições internacionais.

Ai Weiwei terá sua primeira instalação na Ucrânia
Em meio aos recentes de conflitos globais, o artista chinês leva a Kiev sua nova obra “Three Perfectly Proportioned Spheres and Camouflage Uniforms Painted White”, que estabelece um diálogo entre os ideais renascentistas e a brutalidade contemporânea. A instalação ocupará o Pavilhão 13 do VDNH de 14 de setembro a 30 de novembro de 2025.
Inspirado nos estudos de proporção áurea de Leonardo da Vinci, Ai Weiwei subverte a perfeição geométrica do Renascimento em uma instalação composta por três esferas de madeira revestidas com tecido estampado em padrão de camuflagem e cercada por uniformes militares pintados de branco, combinando o simbolismo da pureza com o imaginário bélico. Saiba mais aqui.
Louvre anuncia concurso de arquitetura
Após críticas e greves devido à superlotação, o Museu do Louvre anunciou um projeto de expansão de €400 milhões e abriu um concurso internacional de arquitetura para a obra. O vencedor será divulgado no início de 2026, após avaliação de um júri com 21 especialistas. A reforma, chamada de “Nova Renascença” por Macron, inclui uma nova entrada, uma sala subterrânea dedicada à Mona Lisa, com 3.000 m² sob o pátio Cour Carrée e visa modernizar a infraestrutura do museu para aumentar a capacidade para 12 milhões de visitantes/ano.
Escândalo milionário marca fim de parceria em renomada consultoria de arte
Sócias por três décadas na prestigiada consultoria de arte nova-iorquina Barbara Guggenheim Associates, Barbara Guggenheim e Abigail Asher protagonizam um escândalo milionário após o rompimento da sociedade. Guggenheim acusa a ex-parceira de desviar US$ 20,5 milhões para gastos pessoais, enquanto Asher contra-ataca alegando uso indevido de recursos da empresa para financiar estilo de vida luxuoso, incluindo carros de alta gama e viagens familiares.
Os processos judiciais trazem ainda conexões controversas com Jeffrey Epstein e disputas acirradas por clientes como Tom Cruise e Steven Spielberg. O caso expõe as tensões por trás do colapso da sociedade que foi referência no mercado de arte internacional, marcando o fim de uma era na consultoria artística de elite e levantando questões sobre práticas financeiras no setor.

Centro Pompidou-Metz cancela exposição de arte caribenha e guianense
A filial do Centro Pompidou em Metz, França, cancelou a exposição “Van Lévé”, dedicada à arte caribenha e guianense, alegando restrições orçamentárias. A curadora Claire Tancons, responsável pelo projeto, contestou a justificativa, já que a mostra contava com financiamento de US$ 500 mil da Fundação Ford. Artistas como Gaëlle Choisne e Pol Taburet, que participariam da exposição, assinaram uma carta de repúdio, questionando possíveis preconceitos na decisão.
O caso ocorre em meio à reestruturação do Centro Pompidou, que transferirá parte de sua programação devido a reformas em sua sede parisiense. A diretora Chiara Parisi afirmou que o cancelamento foi necessário para reorganizar o orçamento, mas críticos acusam o museu de marginalizar vozes não europeias.
Museu de Nova York nomeia primeira diretora em 200 anos de história
Após 200 anos de existência, o Museu do Estado de Nova York (NYSM) faz história ao nomear Jennifer Saunders como sua primeira diretora. A experiente gestora, conhecida por seu trabalho transformador na Sociedade Histórica de Washington, assumirá em setembro a liderança desta instituição que guarda um impressionante acervo de mais de 20 milhões de objetos – incluindo raros fósseis pré-históricos, artefatos arqueológicos e coleções históricas que contam a evolução do estado. Sua chegada marca um momento de renovação para o museu, que busca equilibrar sua tradição científica com as novas demandas por representatividade cultural.
Congresso dos EUA propõe projeto de lei contra lavagem de dinheiro no mercado de arte
O senador democrata John Fetterman apresentou um projeto de lei para aplicar regras de combate à lavagem de dinheiro no mercado de arte dos EUA. A proposta exigirá que galerias, casas de leilão e intermediários adotem medidas como verificação de clientes e relato de transações suspeitas, alinhando o setor a padrões internacionais que permitem o uso de transações artísticas para evadir sanções ou financiar atividades ilícitas, como casos recentes envolvendo oligarcas russos. O projeto isenta artistas e pequenos comerciantes, focando em operações de alto valor. Apesar do apoio de grupos anticorrupção, setores do mercado de arte resistem à maior regulamentação.
Destaques de leilões
- Realizada em 1792, quando o artista tinha apenas 17 anos e após 150 anos desaparecida, a pintura “The Rising Squall “de J.M.W. Turner atingiu $2.6 milhões na Sotheby’s, surpreendendo o mercado de Old Masters.
- A primeira bolsas Hermès Birkin, que serviu de modelo para o que se tornaria um dos mais cobiçados símbolos de status no mundo, foi vendida por € 8,6 milhões (R$ 55 milhões), incluindo taxas, tornando-se a bolsa mais cara já vendida em um leilão.
- O leilão noturno de Velhos Mestres da Christie’s em Londres realizado em 1 de julho, estabeleceu um novo recorde de leilão para Canaletto, quando sua célebre paisagem “Veneza, o retorno do Bucintoro no dia da Ascensão” foi vendida por £ 31,9 milhões, incluindo taxas (US$ 43,7 milhões).
