Uma série de acontecimentos recentes movimenta o circuito artístico internacional. Entre os destaques, no Reino Unido, uma obra-prima redescoberta de J.M.W. Turner pode quebrar recordes em leilão. Nos Estados Unidos, o setor cultural enfrenta um cenário preocupante, com cortes e tarifas que ameaçam sua infraestrutura — mesmo diante de iniciativas promissoras, como a criação do Chanel Center for Artists and Technology no CalArts, voltado à interseção entre arte, inteligência artificial e imagem digital. No México, uma denúncia de venda ilegal de obras de Frida Kahlo levanta suspeitas sobre o acervo da Casa Azul, antiga residência de Frida Kahlo.

Usando raio-x, cientistas descobrem retrato da mãe de Joan Miró sob uma de suas pinturas
A mostra Under the Layers of Miró: A Scientific Investigation, em cartaz na Fundació Joan Miró, em Barcelona até 29 de junho de 2025, revelou um segredo guardado por quase um século em uma das obras mais emblemáticas de Joan Miró, “Pintura” (1925). A pintura, originalmente um presente de Miró a Joan Prats, integrou o acervo da fundação após 1975. Embora uma radiografia de 1978 já apontasse para um retrato oculto sob a superfície azul, foi apenas com o uso de tecnologias de imagem não invasivas e uma investigação detalhada que cientistas e restauradores descobriram tratar-se de Dolors Ferrà i Oromí, mãe do artista catalão. A revelação é acompanhada do documentário El secret de Miró.
Falece Abel Rodríguez, artista indígena que participou da 34ª Bienal de São Paulo
Nascido na Amazônia colombiana e pertencente ao povo Nonuya, Abel Rodrigues dedicou décadas a registrar em desenhos os saberes ancestrais que viu e ouviu: os ciclos da floresta, os nomes das plantas, a intrincada relação entre as espécies e a silenciosa passagem do tempo. Seu percurso artístico ganhou projeção internacional a partir de 2017, com sua participação na Documenta 14 em Kassel, seguida pela 34ª Bienal de São Paulo em 2021 e sua estreia na Bienal de Veneza em 2024. Seu trabalho também integrou eventos como as bienais de Toronto (2019), Sydney (2022) e Gwangju (2023), dentro do ciclo “Histórias da ecologia”.
Conhecido como um “nomeador de plantas” – ou Don Abel, como era carinhosamente chamado –, ele legou um trabalho artístico valioso para as futuras gerações da humanidade e para a preservação da floresta amazônica e dos conhecimentos dos povos originários que ali vivem. No Brasil, o MASP prepara uma exposição individual do artista, prevista para outubro de 2025 a fevereiro de 2026, dentro do ciclo “Histórias da ecologia”.
A Chanel anunciou o financiamento de um centro de artes de alta tecnologia
A lendária escola de arte California Institute of the Arts (CalArts) em breve sediará uma grande iniciativa de alta tecnologia financiada pelo Culture Fund da marca de luxo Chanel. Anunciada como a primeira iniciativa do gênero em uma escola de arte independente, o Chanel Center for Artists and Technology se concentrará em inteligência artificial e aprendizado de máquina, bem como em imagens digitais. Embora não divulguem o valor da bolsa, o projeto financiará dezenas de novas vagas, além de bolsas para artistas, tecnólogos residentes e estudantes de pós-graduação, além de equipamentos e softwares de ponta.
Embora o montante exato da doação permaneça confidencial, o projeto viabilizará a criação de inúmeras novas posições, além de oferecer bolsas de estudo para artistas, tecnólogos residentes e estudantes de pós-graduação. O apoio financeiro também abrangerá a aquisição de equipamentos e softwares de última geração.
O presidente do CalArts, Ravi S. Rajan, ecoou a visão de Coco Chanel, que expressou o desejo de ser “parte do que acontece a seguir”, ou “ce qui va arriver”. Ele enfatizou que essa significativa contribuição capacita tanto a escola quanto a Chanel a moldarem ativamente o futuro na tão discutida convergência entre as artes e as novas tecnologias.
O Tate Britan anunciou os finalistas do Prêmio Turner 2025
O Tate Britain, o museu nacional de arte moderna do Reino Unido, anunciou ontem os quatro artistas finalistas do Prêmio Turner 2025. A prestigiada premiação é conhecida por reconhecer artistas controversos. Neste ano, os selecionados da shortlist têm algumas obras que abordam políticas populistas de direita, cultura skinhead e a questão dos refugiados. São eles:
Mohammed Sami, indicado por sua exposição “After the Storm”, evoca memórias de guerra e migração através de pinturas arquitetônicas sobre exílio.
Rene Matić, reconhecido por “As Opposed to the Truth”, investiga raça, gênero, classe e nacionalidade em fotografia e instalação, questionando narrativas sociopolíticas.
Nnena Kalu, indicada por sua participação em “Conversations” e na Manifesta 15, cria vibrantes instalações escultóricas que exploram cor, forma e espaço.
Zadie Xa, nomeada por sua instalação “Moonlit Confessions…”, combina pintura, escultura e performance para abordar mitologia, identidade diaspórica e questões ambientais.
Os trabalhos desses artistas serão exibidos na Cartwright Hall Art Gallery em Bradford, no norte da Inglaterra, de 27 de setembro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026. O vencedor do prêmio de £ 25.000 será revelado em uma cerimônia em Bradford no dia 9 de dezembro, e os outros três finalistas receberão £ 10.000 cada.
Destaques da temporada leilões em maio
- “A Grande Cadeira Elétrica”, tela sombria da desafiadora série “Morte e Desastre” de Warhol, no valor de US$ 30 milhões, estará entre as estrelas da temporada de Nova York;
- Uma rara escultura de bronze Alberto Giacometti, “Grande tête mince”, será atração princial em maio na Sothebys em NY. A estimativa é que a obra seja leiloada por mais de US$ 70 milhões;
- “Baby Boom”, um tríptico de 2,13 metros de largura e 1,22 metros de altura de Basquiat, pode ser vendido por cerca de US$ 30 milhões na Christie’s de Nova York, durante o Leilão Noturno do Século XXI, em 14 de maio.
- Doze obras da coleção da galerista Barbara Gladstone, estimadas em mais de US$ 12 milhões, serão oferecidas em um leilão individual no dia 15 de maio. O lote inclui uma rara e incomum obra de Andy Warhol.