A Semana de Arte começou ontem, trazendo 43 expositores de diversas cidades, cobrindo períodos da arte moderna e contemporânea. O evento tem uma proposta diferente: há uma curadoria por trás da seleção das galerias e artistas participantes, além de uma extensa programação paralela que discute a arte de maneira mais ampla. São talks, documentários e caminhadas arquitetônicas, e uma bela exposição de arte popular a partir da coleção do Pavilhão das Culturas Brasileiras, instituição que abriga a feira.
Este ano o curador Pablo León de la Barra tomou a herança modernista como tema para sua seleção curatorial, focando-se especialmente em manifestações menos privilegiadas como presenças femininas ou afrodescendentes. Nesta perspectiva, o ARTEQUEACONTECE escolheu os melhores 5 estandes de galerias que trouxeram incríveis seleções dentro do espectro curatorial.
1. Almeida & Dale Galeria de Arte – Lygia Pape
Com uma seleção de trabalhos históricos de Lygia Pape, com foco especial na década de 1950, a Almeida & Dale Galeria de Arte teve um dos mais bonitos estandes da feira. Com peças que se valiam da linguagem concretista, mas já apontando para a desconstrução do objeto – elementos tridimensionais, eliminação da moldura, pensamento compositivo radical – a generosa montagem fez jus ao trabalho de Pape, que por muito tempo manteve-se injustamente em uma posição de menor destaque na nossa história da arte.
2. Galeria Marcelo Guarnieri – Pierre Verger e Liuba
Um conjunto belíssimo de fotos de Pierre Verger – fotojornalista francês, etnógrafo por vocação radicado em Salvador até o final de sua vida – está acompanhado de esculturas da pouco conhecida Liuba. A artista, nascida na Bulgária em 1923, veio para o Brasil na década de 50, tendo produzido até 1970 uma série de peças em bronze feitas por meio da técnica da cera perdida. As obras lembram símbolos religiosos, elementos da natureza e animais, mas são igualmente abstratas em sua fruição.
3. Sé Galeria – Dalton Paula
A Sé Galeria dedicou seu espaço integralmente ao artista goiano Dalton Paula, único brasileiro presente na última Trienal do New Museum, em Nova York. São três grandes pinturas, em consonância com sua pesquisa recente sobre elementos da cultura popular brasileira, especialmente refletindo sobre matriz africana desse corpo cultural. O artista pintou cenas inabitadas – uma rede amarrada em mancebos, um barco equilibrado sobre copos – em três grandes dípticos que chamam atenção pela força compositiva e pela paleta terrosa empregada.
4. Anita Schwartz Galeria de Arte – Wanda Pimentel
A Anita Schwartz montou seu espaço apenas com obras de Wanda Pimentel, com trabalhos entre as décadas de 1960 e 90. A artista carioca, que foi aluna de Ivan Serpa no MAM-RJ na década de 1960, teve uma exposição dedicada à sua produção no MASP em 2017, focada em sua fase de tendência mais pop. Além de peças históricas, no estande também encontramos alguns desenhos da década de 1990 que remetem a plantas arquitetônicas e desenhos técnicos, e pinturas mais recentes, de tonalidades ocre e dourada.
5. Galeria Luisa Strina – Fernanda Gomes
Fernanda Gomes ocupa sozinha o estande da Galeria Luisa Strina, que também é uma das organizadoras da Semana de Arte. Com poucas peças, típicas de sua produção – pequenos elementos em madeira pintada de branco, em geral em formatos quadrados e retangulares – o estande chama a atenção pelo aspecto branco, mas também pela precisão e elegância da montagem.