Hoje a cidade de São Paulo completa 470 anos de história. E quando pensamos em sua manifestação artística, é impossível não falar da arte urbana, que é intrinsecamente ligada à identidade da metrópole. Na contramão dos acelerados passos que damos pela cidade, com os olhos vidrados no celular, estes projetos nos convidam a olhar para cima e encontrar, quem sabe, uma breve pausa de introspecção em meio ao espaço compartilhado.
Artistas como Bianca Foratori, Marcela Scheid, Luz Ribeiro e Verena Smit trazem composições visuais em diálogo com a poesia, como parte do projeto Contemporâneas Vivara. Enquanto MULAMBÖ, expande pela primeira vez sua prática artística para enormes paredes; Pri Barbosa cria diálogo entre a sua produção feminista e o ambiente escolar; e Eraldo Moura, Paulo Terra e Pedro Terra eternizam Rita Lee em sua cidade natal. Vale pontuar também que, cada vez mais, as mulheres se destacam e dominam a arte urbana, construindo marcas autênticas e se fazendo gigantes, ainda maiores do que as empenas que pintam.
Confira algumas das novas pinturas urbanas que a cidade aniversariante ganhou de presente no último ano.
Marcela Scheid
A 3 minutos do icônico Memorial da América Latina, a obra “Incômodo” (2023) de Marcela Scheid, na rua Mário de Andrade, faz jus ao poeta que empresta seu nome a essa via. Em vermelhos, rosas, pretos e brancos, a artista visual, designer e escritora cria um visual impactante como lembrete de que cada recomeço implica um fim, logo, transformações são acompanhadas ou até impulsionadas por desconfortos.
Local: R. Mário de Andrade, nº 100 – Barra Funda
Eraldo Moura, Paulo Terra e Pedro Terra
O bairro que viu nascer e crescer uma das maiores lendas da música brasileira, a saudosa Rita Lee, recebeu um tributo visual poucas semanas depois da morte da cantora. Eraldo Moura, Paulo Terra e Pedro Terra, imortalizaram a imagem de Rita com um mural inspirado em duas de suas fotos emblemáticas, uma datada entre os anos 1960 e 1970, e outra da década de 1990.
Local: R. Domingos de Morais, 1527 – Vila Mariana
Marcelo Eco
Também na Vila Mariana, Marcelo Eco presta homenagem a escritora Carolina Maria de Jesus, que foi tema da exposição “Um Brasil para os brasileiros” que circulou por diversos museus brasileiros desde 2021. A obra foi realizada a partir do Projeto MAR (Museu de Arte de Rua) da Secretaria Municipal de Cultura.
Local: Av. Domingos de Morais – Vila Mariana
Pri Barbosa
Reproduzindo uma fotografia capturada pela artista em 2020, durante sua participação na marcha do Dia das Mulheres em Santiago do Chile, o mural “Niña” da muralista Pri Barbosa, tem camadas poeticas educativas e inspiracionais para a nova geração por se instalar no muro da EMEI Professor Alceu Maynard de Araújo.
Local: R. Neves de Carvalho, 780 – Bom Retiro
Luz Ribeiro e Verena Smit
No cruzamento da rua Consolação com a Sergipe, na Bela Vista, um duo de poesias visuais das artistas Verena Smith e Luz Ribeiro refletem sobre a maternagem. À esquerda, “Maternidade/Eternidade” (2023) de Verena destaca um jogo de palavras, marca registrada da artista. Já a frase de Luz “Gerar uma criança é ter no lugar da barriga uma bola de cristal” estampa a empena da esquerda.
Local: R. da Consolação, nº 1372 – Bela Vista
MULAMBÖ
Em Pinheiros, o grafiteiro carioca MULAMBÖ fez, para o Festival NaLata, um mural a partir de uma foto de sua afilhada e seu primo, nos seus tradicionais amarelo ocre, vermelho escuro, preto e branco. O trabalho de maiores dimensões já feito pelo artista até então, reflete seu título de empoderamento e esperança: “Tudo Nosso”.
Local: Av. Pedroso de Morais, 684 – Pinheiros
Bianca Foratori
E para os que pretendem comer o tradicional Bolo do Bixiga, não percam a oportunidade de passar pelo cruzamento da Treze de Maio com a Brigadeiro, para conferir o trabalho de Bianca Foratori. Inspirando-se em um pano de prato adquirido na Feira de Antiguidades do Bixiga, a artista teceu uma composição que chama nossas memórias afetivas, e se amarra com a frase “Seu corpo era a luz acesa de uma casa em festa”, da escritora Aline Bei.
Local: R. Treze de Maio x Av. Brigadeiro Luís Antônio – Bela Vista
Hanna Lucatelli
Também em diálogo com os escritos de Aline Bei, Hanna Lucatelli, traz a figura da “Senhora de Prata” em preto e branco para um muro da Rua da Consolação, junto ao texto “Não era envelhecer o verbo de seu sono, tudo que dorme floresce quando acorda”.
Local: Rua da Consolação. – Higienópolis