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Museo del Prado faz mea culpa por misoginia histórica

Em “Invitadas”, a instituição explicita o machismo na arte espanhola ao longo dos anos, o qual o próprio museu foi fomentador

por Jamyle Rkain

Menosprezadas, colocadas em papéis secundários ou colocadas como bruxas, prostitutas ou sendo relegadas a um cenário doméstico, a mulher foi — e continua sendo — vítima do sistema patriarcal que reverbera seus tentáculos nas artes, seja como a artista ou como a figura retratada nas obras.

Em sua primeira exposição após a reabertura, o Museo Del Prado, na Espanha, resolveu fazer uma crítica geral à misoginia na arte, incluindo-se como agente desse sistema opressor. Desta forma, o museu pede desculpas por, ao longo dos anos, fazer parte desse sistema.

‘La bestia humana’ de Antonio Fillol



Nesse sentido, o museu faz uma grande mostra que reúne 130 obras do acervo, fazendo uma crítica bastante ácida ao sistema, de certa forma, “patrocinava, apoiava e premiava”. As mulheres artistas foram, por muito tempo, apenas convidadas de segunda fila nas vernissages, exposições e outros eventos de arte. Daí o nome da exposição: “Invitadas” (“convidadas”, em português), que tem como subtítulo “Fragmentos sobre mulheres, ideologia e artes plásticas na Espanha (1833-1931)”.

Dentre os trabalhos apresentados estão desde obras de artistas homens, que demonstram a forma sob a qual a mulher é vista e retratada por artistas homens, e obras de artistas mulheres que atestam a qualidade e a genialidade delas, inclusive mais do que de muitos artistas homens, mostrando que a exclusão nunca foi causada por falta de qualidade, mas por preconceito de gênero. A exposição fica em cartaz até 14 de março do ano que vem!

Apesar de uma atitude importante, o museu recebeu algumas críticas pela forma que a questão está sendo exposta. Isso porque alguns questionam se as obras, depois da exposição, voltarão aos porões, fazendo com que as artistas continuem a ser apenas “convidadas”. Outros questionam o discurso de que a pauta feminista seria uma “nova narrativa”, sendo que o levante das mulheres por seus direitos acontece mais de um século pelo mundo.

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