Em ocasião da Bienal de São Paulo em 1983, o artista e ativista Keith Haring passou um tempo morando na cidade. No ano seguinte, ele criou um mural em um espaço que hoje é conhecido como Tendal da Lapa, na Zona Oeste, equipamento cultural administrado pela prefeitura. Há 4 anos, essa obra foi redescoberta e, a princípio, passou a ser preservada pela Secretaria Municipal de Cultura de SP (SMC).
No mês de dezembro de 2020, a SMC deu a largada para um trabalho de restauro minucioso da obra, que constitui-se por um grafitti em uma parede. Esse processo ficou a cargo do restaurador Julio Moraes, que disse em entrevista à Folha de SP que buscou não dar uma aparência de “nova” ao trabalho, mas sim devolver a aparência original.
O órgão municipal também se preocupou em entrar em contato com a Keith Haring Foundation para que haja a catalogação da obra. Haring foi um dos artistas mais importantes da pop art, sendo expoente do movimento ao lado de Andy Warhol, de quem foi muito amigo. Nascido nos Estados Unidos, se destacou ainda mais por seus trabalhos com arte urbana, especialmente por seus grafittis nos metrôs de Nova York. Foi também figura muito importante no meio cultural em relação a ativismos, principalmente no que diz respeito ao HIV e à Aids, buscando quebrar preconceitos e estereótipos atribuídos ao vírus e à doença.
E a descoberta?
A obra de Haring foi descoberta em 2017 por Jurandy Valença, que naquele momento trabalhava como coordenador dos centros culturais e teatros da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Em uma postagem no Instagram, Valença relata que achou a obra em uma visita técnica no Tendal da Lapa. “Vi atrás de um tapume uma parede na qual havia um desenho que imediatamente reconheci. Um mural do Keith Haring, assinado e datado”.
Ao ARTEQUEACONTECE, ele comenta que teve o auxílio de Bel Toledo, que era responsável pela gestão do Tendal na época. O atual secretário municipal de cultura, Alê Youssef, chamou Jurandy para coordenar a execução desse projeto. Ele conta também que o restauro já foi finalizado e que todo o processo foi capitaneado e bancado com recursos da SMC. O mural poderá ser visto pelo público assim que o equipamento for reaberto, já que está fechado em razão do lockdown.
Também por meio de redes sociais, Youssef destacou o árduo trabalho de funcionários da SMC, tanto na preservação quanto no processo de restauro da obra. Além disso, frisou a necessidade de se dar atenção para as políticas públicas de preservação e de fomento à cultura no Brasil como um todo.