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Moisés Patrício abre individual na galeria Estação

Artista exalta personalidades, ancestrais e divindades que o ajudaram a ter voz em 2020

por Beta Germano
Exú, de Moises Patrício
Exú, de Moises Patrício

As palavras que definem o artista Moisés Patrício são generosidade e gratidão – mas não aquela que virou # e perdeu o sentido. Pelo contrário, o artista é sincero e impressionantemente verdadeiro. Conhecido pela série Aceita? , composta por fotografias de sua própria mão oferecendo elementos descartados pela sociedade ou que expressam o contexto daquele dia, Patrício abriu sua primeira individual na galeria Estação exaltando personagens que o guiaram espiritualmente, psicologicamente e filosoficamente para que chegasse até aqui. 

Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício

Principal série da mostra  Exuberância, curada por Ricardo Sardenberg, Álbum de família, reúne pinturas com as quais o artista homenageia sua família espiritual, figuras atuantes na preservação e na transmissão da cultura afro-brasileira e que permanecem invisibilizadas. “Nesta série eu apresento ao mundo a minha família espiritual, a minha família biológica e as minhas raízes cultural e filosófica. São as forças e pessoas que me trouxeram até aqui”. O artista cita, por exemplo, Dona Ceci, pessoa fundamental até hoje no campo da história oral e que colaborou com Pierre Verger ao fazer a ponte do fotógrafo com o Candomblé.  Ela é, segundo o artista, uma figura importantíssima por ensinar por meio de histórias sagradas. Ainda ressaltando o respeito aos mestres e ancestrais, Patrício cria a série Homenagem ao Mestre Didi , ressaltando o papel do artista e sacerdote que o ensinou sobre o valor do coletivo e reverenciava as iabás,  orixás femininos. “Ele sempre valorizou as mulheres que comandaram e mantiveram a tradição do candomblé no Brasil”, revela o artista.

Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício

Segundo Sardenberg,  as séries ressaltam a formação do artista por meio de vivências reguladas pelo próprio  âmbito familiar “onde as relações são baseadas no respeito aos mais velhos, à iniciação, à partilha, e à reprodução do saber”.  No centro da galeria, é possível encontrar a série Brasilidade, composta por as esculturas em concreto e barro que simbolizam a violência do encontro entre a cultura africana e a ocidental. “Esta exposição é exaltação da cultura negra e da minha existência. Queria homenagear todos meus ancestrais que lutaram e deram as suas vidas para me garantir essa voz. Principalmente a grande divindade, o orixá Exu”, conclui o artista frente a uma tela amarela que retrata uma escultura de Exu. “Exu é o orixá mensageiro e o amarelo foi uma cor muito usada na campanha contra a ditadura. Portanto, essa tela expressa a resistência contra o retrocesso que estamos vivendo no Brasil”.

Brasilidades, de Moises Patrício
Brasilidades, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício
Álbum de família, de Moises Patrício

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